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Reforço no acervo de clássicos – modernos e nem tanto – garante uma semana de programação de primeira

Por Isabela Boscov Atualizado em 11 jun 2020, 20h28 - Publicado em 11 jun 2020, 20h24

Psicose

Em fuga com 40 mil dólares roubados de seu chefe e a caminho de encontrar seu amante na Califórnia, a secretária Marion (Janet Leigh) é pega por uma tempestade. Cansada de dirigir e sobressaltada, decide passar a noite em um motel de beira de estrada tocado pelo jovem Norman Bates (Anthony Perkins), um rapaz estranho e dominado pela mãe tirana. E pronto: quem por um acaso não sabe o que se passa daí por diante tem pela frente um dos suspenses mais formidáveis já feitos – uma coleção de cenas antológicas (o chuveiro, Norman na frente de sua casa, o momento em que o detetive Arbogast sobe a escada etc. etc.) unidas de maneira também ela antológica e ressaltadas pela trilha, digamos, matadora de Bernard Herrmann. Não há o que discutir: Alfred Hitchcock sabia tudo sobre como filmar com o mínimo de elementos para o máximo de efeito. E, se hoje é norma entrar na sala de cinema antes do início da sessão, e não a qualquer momento, é porque Hitchcock institui a regra nos cinemas americanos que exibiam Psicose – para proteger as surpresas da trama e porque era também um gênio do marketing.

Psicose
Psycho, 1960 (Universal/Divulgação)

Bravura Indômita

Em princípio, seria uma temeridade que um diretor (ou dois, no caso) ousasse refazer aquilo que já havia saído tão bom da primeira vez – o Bravura Indômita com John Wayne, de 1969. Mas, à sua maneira, o Bravura Indômita dos irmãos Ethan e Joel Coen (que não é uma refilmagem, mas sim uma readaptação do livro de Charles Portis) é um filme tão grande quanto o original. Mattie (Hailee Steinfeld), de 14 anos, vai buscar em outra cidade o corpo de seu pai, que foi assassinado por um empregado, e fica sabendo que o assassino não será levado à Justiça porque fugiu para território indígena. Mas, de uma forma ou de outra, ele terá o que merece, decide a menina, que contrata o xerife federal Rooster Cogburn (Jeff Bridges) para perseguir o criminoso. Mattie opta por Rooster porque ele é o sujeito mais implacável, valente e tenaz que já passou por ali (além de meio velho, meio gordo e meio cego, e um dos mais amigos da garrafa também). Junta-se a eles ainda LaBoeuf (Matt Damon), um Texas Ranger certinho e galante. Os diálogos são um sonho: uma troca incessante de rebarbas curtas que reproduzem com fidelidade o linguajar oblíquo e curioso do Oeste dos anos 1880 – e que, à medida que o relacionamento entre os três protagonistas evolui, vai ganhando aqui e ali as interjeições e os vocativos de uma discreta afeição. Onde o filme original às vezes via apenas graça, os Coen enxergam brutalidade, mas também poesia.

Bravura Indômita
True Grit, 2010 (Paramount/Divulgação)

Rio Grande

E, por falar em John Wayne, ele comparece aqui na sua forma de santíssima trindade do faroeste: na companhia de Maureen O’Hara e sob a direção de John Ford. No papel do oficial da cavalaria Kirby Yorke, ele emprega todas aquelas suas consoantes arredondadas e aquele jeito inimitável de andar à tarefa de conter ataques dos apaches, pôr um freio no seu filho, um recruta dado a atitudes intempestivas, e reconciliar-se com a mulher, de quem está há muito separado. É verdade que não tem a grandeza de outros westerns magistrais estrelados por Wayne e dirigidos por Ford, como No Tempo das Diligências, Forte Apache ou o sublime Rastros de Ódio – mas, em se tratando dessa parceria, dizer que um filme é “menor” não significa de maneira nenhuma dizer que ele é “mediano”. Caloroso e doce-amargo, é uma boa porta de entrada à produção da dupla.

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Rio Grande
Rio Grande, 1950 (Paramount/Divulgação)

Cassino

Uma escolha impossível: qual o melhor filme de máfia de Martin Scorsese, Os Bons Companheiros (1990) ou Cassino? Melhor nem tentar optar e simplesmente assistir aos dois, pela ordem. Se Os Bons Companheiros trata em registro embriagante da ascensão e queda nas fileiras mafiosas de um “soldado” vindo de fora do círculo siciliano (o descendente de irlandeses interpretado por Ray Liotta), Cassino o faz em clima de “bad trip” ao acompanhar a trajetória do judeu Sam Rothstein (Robert De Niro) no comando de um cassino de Las Vegas para a Cosa Nostra. Tenso, angustiante, amargo e conduzido por uma narração atordoante em voice-over (além de uma seleção musical fantástica), tem ainda um Joe Pesci de meter medo e um desempenho de pura bravura de Sharon Stone, como a prostituta e viciada que se casa com Rothstein apesar de ter asco dele.

Cassino
Cassino, 1995 (Columbia/Divulgação)

Indiana Jones e o Templo da Perdição, Indiana Jones e a Última Cruzada, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

Fica completa a quadra de aventuras do arqueólogo, agora que os três títulos que faltavam juntam-se a Caçadores da Arca Perdida, que já estava no acervo. Templo da Perdição é bacana, A Última Cruzada é uma maravilha (e como não seria, tendo Sean Connery?) e Caveira de Cristal é fraquinho que dói, mas vá lá.

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Indiana Jones e a Última Cruzada
Indiana Jones and the Last Crusade, 1989 (Paramount/Divulgação)

O Resgate do Soldado Ryan

Aquela quase meia hora inicial do desembarque Aliado na Normandia, em 6 de junho de 1944, é de arrepiar os cabelos: nunca a plateia estivera tão dentro de um operação semi-suicida de guerra quanto aqui. Aí começa a busca, lenta e episódica, do pelotão de Tom Hanks pelo soldado Matt Damon, e chovem as acusações habituais a Spielberg a respeito de seu sentimentalismo e seu enaltecimento do heroísmo. Digo por mim: quanto mais eu revejo o filme, mais gosto dessa parte – da maneira como Spielberg retrata o downtime da guerra, aqueles dias ou horas em que nada parece acontecer e então, em um instante, algo acontece.

O Resgate do Soldado Ryan
Saving Private Ryan, 1998 (Paramount/Divulgação)

Amor Sem Escalas

Mais de 320 dias ao ano, Ryan Bingham (George Clooney) repete o ritual. Faz a mala, sai do hotel e embarca para outro destino, rumo a mais uma cidade que pouco significa para quem não more nela – Tulsa, Des Moines, Wichita, Kansas City –, para mais um dia de um trabalho que ele desempenha com maestria, em todo o seu trágico exotismo: Ryan é um “demissor”, contratado por outras empresas quando há corte de pessoal a fazer. Viaja, senta-se em um escritório no qual nunca esteve e demite pessoas que nunca viu, impelindo-as a interpretar esse momento catastrófico como a chance de recomeçar; como um agente funerário, ele compreende que o consolo de um rito de passagem é essencial. É um homem tão compassivo que sua própria impessoalidade é um gesto de piedade. Nunca diga ao demitido quanto é desagradável demiti-lo, ensina: o seu incômodo nada significa diante do sofrimento de perder o sustento e o respeito. O diretor Jason Reitman toma personagens frequentes na iconografia americana, aquelas pessoas que compensam a paralisia emocional com a eficiência profissional, e cuida de expô-las no que têm de mais tenro e terno; cada demissão efetuada por Ryan é uma pequena tragédia distinta, e cada pequena história revela algum novo detalhe sobre Ryan, sobre Alex (Vera Farmiga), a mulher madura com quem ele inicia um relacionamento que eles fingem ser casual, e sobre Natalie (Anna Kendrick), a novata que tem o plano de fazer demissões mais econômicas via internet. O título nacional nada significa; o original, Up in the Air, além de mencionar o modo de vida itinerante do protagonista, quer dizer que as coisas estão “no ar”, indefinidas.

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Amor Sem Escalas
Up in the Air, 2009 (Paramount/Divulgação)
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