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Por Coluna
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9 clássicos escondidos no seu streaming

Do épico ao “terrir” – passando, é claro, por O Poderoso Chefão –, plataformas oferecem um punhado de preciosidades

Por Isabela Boscov 15 ago 2019, 17h39

A Lista de Schindler

Onde: Netflix, Looke

Steven Spielberg tira de um episódio da história real – então ainda pouco conhecido – o tema do homem bom que, para não apenas para fazer o bem como também para sobreviver, tem de se passar por um homem mau. É verdade que Oskar Schindler (Liam Neeson), industrial alemão com ótimas conexões com nazistas graduados, não tinha a melhor das intenções quando começou a arregimentar judeus para trabalho escravo em suas fábricas. Mas o que viu nos campos de concentração onde ia procurar seus operários o horrorizou ao ponto de ele arriscar a própria pele e usar o recrutamento como estratagema para salvar vidas – 1.200 delas. Em chave altamente dramática e em um belíssimo preto e branco, Spielberg reforça uma mensagem constante na sua obra, a da importância da consciência. No elenco, brilham também Ben Kingsley e sobretudo Ralph Fiennes, em começo de carreira no cinema, como um enregelante oficial nazista.

A Lista de Schindler
Schindler’s List – 1993 (Universal/Divulgação)

Os Intocáveis

Onde: Amazon

Junto com o primeiro Missão: Impossível, este é o maior sucesso da carreira do outrora quentíssimo diretor Brian De Palma. Não por acaso: uma aventura deliciosa e de encher os olhos, Os Intocáveis aproveita os fatos quando lhe convém, e os transforma em ficção quando apropriado, para contar a história de como Eliot Ness (Kevin Costner), um jovem e aparentemente ingênuo agente do Tesouro, reuniu um time de colegas à prova de qualquer tentativa de corrupção para enquadrar Al Capone (Robert De Niro), o chefão criminoso que aterrorizou Chicago durante os anos da Lei Seca. O time de De Palma reduz de onze para três o número de companheiros de Ness, mas eles valeriam por trinta: Sean Connery, maravilhoso como o policial irlandês veterano que conhece as ruas da cidade de trás para a frente; Andy Garcia no papel que o revelou, como um policial de sangue quente recrutado na academia; e Charles Martin Smith, cativante como o contador forense que encontra a chave para capturar Capone. É fato: a sequência na estação de trem de Chicago permanece uma das mais insanamente brilhantes já feitas.

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Os Intocáveis
The Untouchables – 1987 (Paramount/Divulgação)

Blade Runner – O Caçador de Androides

Onde: Netflix, Looke

Rick Deckard (Harrison Ford) é o detetive calejado que, numa assombrosa e ameaçadora Los Angeles do futuro, onde chove sem parar, tem de localizar quatro androides rebeldes e “terminá-los”. Primeiro problema: esses não são androides quaisquer; têm uma força e um desejo de viver que os tornam adversários formidáveis (Rutger Hauer, que morreu no último 19 de julho, e Daryl Hannah estão antológicos em seus papeis). Segundo problema: Deckard conhece Rachael (Sean Young) e é fulminado pela beleza e pela melancolia dela. Apesar de reconhecer racionalmente que ela não é humana, não consegue aceitar emocionalmente esse fato – e os limites e barreiras começam a se confundir. Terceiro problema (que muitos ainda consideram sem solução, apesar de Blade Runner 2049): talvez também Deckard não seja humano. O casamento de ficção científica com policial noir do diretor Ridley Scott é tão único e tão original que, apesar da sua imensa influência, é impossível imitá-lo. Tudo que se pode fazer é vê-lo, e admirar-se.

Blade Runner: O Caçador de Androides
Blade Runner – 1982 (Warner/Divulgação)

Perseguidor Implacável

Onde: GloboPlay

“Dirty” Harry Callahan é um herói, ou é um anti-herói? Prova da complexidade do policial icônico vivido por Clint Eastwood (e dirigido por Don Siegel) é que até hoje essa é uma questão que está longe de ser decidida. Em São Francisco, então a capital do paz-e-amor, Harry enfia o revólver na cabeça de um ladrão e sofisma com ele: já disparou todas as balas, ou ainda falta uma? Harry é um anjo vingador, e encarna algo de essencial em Eastwood: a ideia de que um homem tem de prestar contas sobretudo às suas próprias convicções. É o melhor e mais complicado retrato da passagem dos sonhadores anos 60 para a desencantada década de 70. E é, além disso, uma beleza, uma criatura que tem vida própria e caminha sozinha. Repare como a influência de Don Siegel é nítida no estilo direto e sem frescuras com que Eastwood dirige hoje.

Perseguidor Implacável
Dirty Harry – 1971 (Warner/Divulgação)

Aconteceu Naquela Noite

Onde: Looke

Imagine encontrar uma garrafa de champanhe aberta há décadas e descobrir que ela não perdeu as borbulhas. Pois é o caso desta comédia romântica (ênfase tanto em “comédia” quanto em “romântica”), que foi lançada em 1934 mas continua perfeitamente efervescente. É uma façanha pela sua idade e pelo fato de que seu argumento foi imitado centenas de vezes: jovem mimada conhece sujeito rude. A irritação é mútua. Logo estarão caindo de amores um pelo outro. É verdade que Clark Gable e Claudette Colbert formam um casal daqueles que soltam faíscas, e que o roteiro do craque de primeira divisão Robert Riskin tem diálogos absolutamente brilhantes. Mas o gênio por trás dessa fita é mesmo o siciliano Frank Capra, um dos mais inspirados diretores da velha Hollywood. 

Aconteceu Naquela Noite
It Happened One Night – 1934 (Sony/Divulgação)

Um Lobisomem Americano em Londres

Onde: Amazon

Um dos reis da comédia nos anos 80, o diretor John Landis queria fazer um terror de verdade, à moda antiga, mas que explorasse o ridículo implícito na ideia de um sujeito normal ganhar pêlos e começar a uivar para a Lua – o terrível destino que acomete um mochileiro americano que, de passagem pelas sinistras charnecas britânicas, vira presa de um lobisomem (pior sorte ainda tem o companheiro de viagem dele). Era ambiguidade demais para a cabeça dos chefões de estúdio de Hollywood; todos recusaram o projeto, apesar do sucesso fenomenal dos dois filmes anteriores de Landis, O Clube dos Cafajestes e Os Irmãos Cara-de-Pau. Só a Universal topou encarar o desafio. Compensou. Ao estrear, Lobisomem inaugurou o lucrativo filão do “terrir” – terror com risadas – e ganhou o primeiro Oscar de maquiagem da história: nunca antes uma metamorfose como a do protagonista havia sido mostrada em close, sob luz direta. E o filme, ainda vale? E como. Dá medo e diverte, como Landis queria.

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Um Lobisomem Americano em Londres
An American Werewolf in London – 1981 (Universal/Divulgação)

O Último Imperador

Onde: Looke

Às vezes, um cineasta de conteúdo provocador resolve que vai colocar seus (bons) fundamentos clássicos a serviço de uma história que, à primeira vista, pode parecer convencional – e o resultado quase sempre é uma grande surpresa. Aqui, o italiano Bernardo Bertolucci, conhecido como o transgressor de Antes da Revolução e O Último Tango em Paris, narra com opulência sensual e visual verdadeiramente embasbacante a história de Pu Yi, o último imperador da China, que cresceu numa corte de luxo babilônico (e, em pleno século 20, ainda absolutamente feudal), depois ocidentalizou-se e virou dândi e, finalmente, ao ser apanhado em cheio pela convulsão da revolução maoísta de 1949, teve de ir fazer reeducação ideológica e aceitar ser absorvido pelo completo anonimato. O saldo, riquíssimo: é a história de uma vida duas vezes tornada inútil – dentro da redoma da Cidade Proibida, como herdeiro ao trono, e como memória de um passado a ser aniquilado. Um filme grande, e um grande filme.

O Último Imperador
The Last Emperor – 1987 (Sony/Divulgação)

O Poderoso Chefão 1 e 2

Onde: Amazon

Primeiro, vamos considerar Chefão 1 e 2 como um filme só, porque é o justo e certo. E, depois, vamos afirmar um fato simples: a dupla obra-prima de Francis Ford Coppola é imbatível. Al Pacino sofre e se horroriza, e faz o espectador sofrer com ele e se horrorizar dele, no papel de Michael Corleone, o relutante herdeiro do “capo” mafioso Vito Corleone (Marlon Brando na velhice, Robert de Niro na juventude), que na virada do século 19 para o 20 deixou a Sicília rumo a Nova York sem um tostão no bolso, e construiu um império. O resultado é uma saga da criação da América moderna, vista de dentro da lógica empreendedora mais implacável – a dos destituídos que se erguem pelo crime. A direção de Coppola, que então tinha apenas 33 anos, é ao mesmo tempo suntuosa e limpa – um dos auges do moderno classicismo cinematográfico e um paradigma inalcançável. Nada envelhece neste colosso, uma adaptação que ganha disparado do livro original de Mario Puzo. O Poderoso Chefão III, de 1990, também está disponível, mas o fato é que não se compara às investidas iniciais de Coppola.

O Poderoso Chefão
The Godfather I / II – 1972 / 1974 (Paramount/Divulgação)

Um Corpo que Cai

Onde: Looke

Que serventia pode ter um policial que tem dores horríveis nas costas e cujo medo de altura é tamanho que, ao subir num parapeito atrás de um criminoso, é paralisado e anulado pela vertigem? Como tantos protagonistas do diretor Alfred Hitchcock, o detetive interpretado pelo maravilhoso James Stewart é amargurado pelas suas limitações físicas e psicológicas. E é, também, obsessivo, um lado seu que aflora com força quando ele conhece a loira, linda, remota e inatingível Madeleine (Kim Novak). Ocorre que ele a perde de forma trágica – e então a reencontra, igual mas diferente, e agora com o nome de Judy. Qual é a mulher verdadeira, qual é a falsa? Por que ela é duas? Perca-se no labirinto sublime de Hitchcock e prepare-se para um teste irresistível: qual o melhor filme dele? É este, é Janela Indiscreta ou é Psicose? E é possível decidir?

Um Corpo que Cai
Vertigo – 1958 (Universal/Divulgação)
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