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Para viciar: 3 grandes séries que merecem ser garimpadas

Está procurando uma série cheia de emoção e originalidade, que prenda e não largue, com atuações inesquecíveis, passada em algum cenário fascinante?

Por Isabela Boscov 7 mar 2019, 20h56

The Wire (2002-2008)

The Wire
The Wire (HBO/Divulgação)

Cinco temporadas perfeitas – tão perfeitas que a maioria dos roteiristas de TV admite que, mais até do que em Família Soprano ou qualquer outra série, é aí que se encontram as lições definitivas para escrever um grande drama. Não é propriamente fácil de assistir, até porque é uma barra: David Simon, ex-repórter de jornal, e Ed Burns, ex-detetive de homicídios, criaram The Wire (na HBO às vezes aparece como “A Escuta”, mas a tradução ideal seria “O Grampo”) para dissecar até as vísceras os males de uma grande zona urbana – no caso, Baltimore, que eles conhecem do direito e do avesso. Uma temporada se concentra na corrupção no porto; outra, nos soldadinhos do tráfico; outra, na Câmara dos Vereadores – e assim vai. Mas o que arrebata mesmo são os personagens magníficos: os detetives de polícia que remam contra a maré (Dominic West, Lance Reddick, Wendell Pierce e Clarke Peters se destacam), o traficante que faz MBA à noite para ser melhor empresário das drogas (Idris Elba, metendo medo), o gângster gay com que ninguém se mete (Michael Kenneth Williams, inesquecível), a policial de patrulha que parte o seu coração (Amy Ryan, espetacular). Isso entre dezenas de outros, que entram e saem de cena a cada temporada numa costura virtuosística. No final, desapegar dessa gente toda é a coisa mais difícil do mundo. Para se ter uma ideia do nível,  George Pelecanos, Richard Price e Dennis Lehane, os autores policiais mais bem cotados da literatura americana, escreveram episódios (vários deles) para The Wire.

Se você gostar… Procure também preciosidades como Generation Kill (também de David Simon e Ed Burns, sobre a primeira leva de infantaria americana no Iraque), Show Me a Hero e The Night Of.

The Wire
The Wire (HBO/Divulgação)

Halt and Catch Fire (2014-2017)

Halt and Catch Fire
Halt and Catch Fire (AMC/Divulgação)

Começo dos anos 80, no Texas, e um quarteto perfeitamente incompatível de personagens se reúne para fazer o que todo mundo estava fazendo – ou seja, botar a engenharia reversa para funcionar e lançar o “seu” PC para concorrer com o da IBM, então toda-poderosa. Joe McMillan (Lee Pace), um ex-executivo de vendas da IBM que caiu em desgraça (ele apronta, isso é fato) mas vive com a cabeça cheia de ideias geniais, recruta Gordon Clark (Scoot McNairy), um engenheiro que entrou em depressão quando seu computador original, feito com seu dinheiro e na sua garagem, flopou. Cameron Howe (Mackenzie Davis), uma punkete rebelde e insolente que estuda ciência da computação, escreve código como um Shakespeare. E, a certa altura, também Donna (Kerry Bishé), mulher de Gordon e engenheira cujas oportunidades profissionais estão aquém do seu talento, também entra na jogada. Dê um tempo à primeira temporada: Halt and Catch Fire começa meio afoita, tentando ser uma Mad Men em versão tech – ambas as séries dão da AMC –, mas, a partir do momento em que consegue “clicar”, sofre uma linda metamorfose: vira um thriller/tragédia da evolução tecnológica. Ou melhor dizendo, dos sonhos que nunca se concretizam porque no último instante a inovação – especialmente a inovação do concorrente – andou mais rápido do que eles. Aí os personagens ganham vida mesmo, e fazem você sofrer e se exasperar. Lee Pace, que começa com a tarefa de ser o novo Don Draper, é quem mais cresce. No desfecho da quarta e última temporada – já nos 90, já em San Francisco –, chorei feito criança com ele e com Scoot McNairy.

Se você gostar… É óbvio, mas assista a Silicon Valley, em que essa mesma rotina de angústia, de acordar como o novo gênio e ir dormir como o novo fracasso, vem no viés cômico e irônico (e nem por isso menos angustiante).

Halt and Catch Fire
Halt and Catch Fire (AMC/Divulgação)

Hell on Wheels (2011-2016)

Hell on Wheels
Hell on Wheels (AMC/Divulgação)

Cullen Bohannon, ex-latifundiário, ex-dono de escravos e ex-oficial do exército do Sul, chegou ao fim da Guerra Civil (1861-1865) com uma dose extra de ódio da União: enquanto ele lutava, soldados do Norte invadiram sua casa e mataram a sua família. Findo o conflito, ele sai no encalço dos assassinos até o meio das grandes pradarias do Oeste, onde a ferrovia Transcontinental está sendo construída. E por lá fica, contratado como capataz – Cullen é o tipo do sujeito que impõe respeito sem nenhum esforço – pelo robber baron encarregado daquele trecho (Colm Meaney, pingando vigarice). Anson Mount em geral não é um ator que se destaque muito, mas o fato é que nasceu para interpretar o protagonista desta série (também da AMC), um sujeito em que honra e desonra colidem de maneiras cataclísmicas – e que, veja-se que ironia, descobre que só os negros libertos empregados na ferrovia estão em situação tão periclitante e desesperada quanto a dele. Anson Mount faz um belíssimo trabalho, melhor a cada episódio e a cada temporada (são cinco), aprofundando os temas de violência e redenção deste western sujo e malvado, filmado em locações deslumbrantes (Alberta, no Canadá, finge-se de Oeste americano) e repleto de personagens envolventes. Por exemplo, a prostituta que foi raptada por índios na infância, cresceu com eles e tem uma tatuagem peculiaríssima no queixo – muito bem interpretada por Robin McLeavy, e baseada numa personagem verídica.

Se você gostar… Não deixe de conferir Godless, uma minissérie de sete episódios magistrais, na Netflix.

Hell on Wheels
Hell on Wheels (AMC/Divulgação)
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