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Por Coluna
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120 Anos de Cinema, 120 Filmes #2

Por Isabela Boscov Atualizado em 30 jul 2020, 23h47 - Publicado em 29 dez 2015, 17h49

Os 120 filmes que eu sempre paro para ver e rever.

Sabe quando você está fazendo aquela ronda dos canais na TV e daí passa por uma cena de, digamos, O Poderoso Chefão ou Um Sonho de Liberdade – e estaciona ali na hora, e simplesmente não consegue mais avançar para o canal seguinte?

Pois esse é o critério adotado nesta seleção que comemora os 120 anos de cinema e que começou a ser publicada ontem, 28 de dezembro – data em que os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição pública de seu cinematógrafo, em Paris, em 1895. Hoje você encontra aqui os filmes de #31 a #60, em ordem alfabética. A seleção vai rolar até o dia 31, com mais 30 títulos por dia,até chegarmos aos 120. Muitos dos filmes que eu escolhi são indiscutivelmente obras-primas; outros renderiam um bocado de discussão. E alguns vão fazer muita gente torcer o nariz. Mas todos eles têm esse mesmo efeito sobre mim: são irresistíveis, e nunca consigo deixar de revê-los.


Ver os 30 filmes anteriores.


2001 – Uma Odisseia no Espaço

120_031

(2001 – A Space Odyssey, 1968)
Direção: Stanley Kubrick

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Vi pela primeira vez aos 14 anos, em uma reprise no centrão de São Paulo, no finado Comodoro – um dos poucos cinemas do país com tela grande o suficiente para o filme caber inteirinho nela. Quando a sessão terminou, eu era outra. Não é exagero: minha vida se divide em antes de 2001 e depois de 2001. Acho que é o encontro mais sublime que existe entre um tema e um cineasta. É tudo.


Drácula de Bram Stoker

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(Dracula, 1992)
Direção: Francis Ford Coppola

É um filme perfeito? Não, não é. Tem problemas, e alguns são sérios (por exemplo, Keanu Reeves e Winona Ryder, ambos fora dos seus papeis). Mas, pela última vez na carreira de Coppola, tem aquela febre, aquela compulsão de narrar e de alargar fronteiras, que fizeram dele um cineasta único. O campo de empalados feito em lanterna mágica, a sombra de Drácula que não o acompanha, aquela Londres histericamente vitoriana de estúdio – lindo, lindo. E Gary Oldman é o cara.


Dublê de Corpo

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(Body Double, 1984)
Direção: Brian De Palma

Em geral, as preferências vão para outro filme de De Palma, Vestida para Matar, porque é mais equilibrado e bem construído, menos vulgar, menos fetichista, mais engenhoso na sua imitação de Hitchcock. Eu prefiro Dublê de Corpo exatamente porque ele é mais vulgar, mais fetichista, mais descarado na imitação de Hitchcock: isso é De Palma; não quero dar banho de loja nele.


Edward Mãos-de-Tesoura

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(Edward Scissorhands, 1990)
Direção: Tim Burton

Hoje em dia, o mundo peculiar de Tim Burton já virou carne de vaca – por culpa do próprio Burton, que usou e abusou de suas fixações até tirar delas todo o lustro e a originalidade. Mas Edward, por algum milagre, ainda preserva aquela centelha especial do diretor que, pela primeira vez, consegue realizar plenamente sua criação. Inclua-se aí um momento de perfeição de Johnny Depp, tão triste e tão cinza no meio daquele subúrbio sufocante com cores de balinha.

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Em Busca do Ouro

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(The Gold Rush, 1925)
Direção: Charles Chaplin

De uns tempos para cá, virou moda desdenhar de Chaplin e dizer que ele é “sentimental”, e “populista”, e por aí vai. Pois desafio até o cinéfilo mais esnobe a ver o Vagabundo dar uma de garimpeiro no Alasca e não se assombrar com o talento colossal de Chaplin para tudo – para dirigir atores, para coreografar uma sequência, para encontrar a posição mais perfeita para a câmera, para controlar o ritmo. E, não menos importante, para interpretar o Vagabundo.


O Enigma de Andrômeda

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(The Andromeda Strain, 1971)
Direção: Robert Wise

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Nada do pânico dos anos 50 nem da pirotecnia que chegaria com os anos 80: nesta ficção científica elegantérrima, tudo é silêncio, tensão e espera enquanto, nos ambientes assépticos de uma instalação subterrânea, um pequeno grupo de cientistas tenta entender por que só um bebê e um velho alcoólatra sobreviveram à exposição a um microrganismo que caiu na Terra. Uma pequena obra-prima.


O Enigma de Kaspar Hauser

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(Jeden für Sich un Gott Gegen Alle, 1974)
Direção: Werner Herzog

Uma história estranhíssima contada por um diretor que sempre primou também por ser muito esquisito (no melhor sentido possível da palavra): em 1828, um rapaz apareceu no meio de Nurembergue com um bilhete na mão. Mal sabia andar ou falar. Herzog não quer resolver o enigma; quer arrastar você para o meio dele.


…E o Vento Levou

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(Gone with the Wind, 1939)
Direção: Victor Fleming

É tão grande a mitologia em torno da produção do filme que os que nunca o viram podem achar que é essa a razão de ele ser tão célebre. Engano: é porque ele é do balaco mesmo. É um dramalhão que não acaba nunca (são quatro horas de duração). E, de repente, acabou, e meio que dá vontade de começar de novo.


Era Uma Vez no Oeste

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(Once Upon a Time in the West, 1968)
Direção: Sergio Leone

Vá filmar assim lá longe, seu Leone.
Sério: veja a primeira sequência, com punhado de mal-encarados espantando as moscas do nariz enquanto esperam o trem chegar no meio do nada, e me diga se dá para parar. E me diga se não é o melhor faroeste de todos os tempos, e um dos maiores filmes da história do cinema.


O Espelho

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(Ayneh, 1997)
Direção: Jafar Panahi

Pobre menininha, perdida na saída da escola em Teerã, com seu bracinho engressado… Não, espere: não é nada disso. Mas o que é, de fato, você só vai descobrir lá pela metade deste filme em que Panahi dá um nó em você, em todo o cinema iraniano (que ele ajudou a lançar com O Balão Branco), no que você pensa sobre o Irã, no Irã…


O Exorcista

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(The Exorcist, 1973)
Direção: William Friedkin

Max von Sydow olha para a estátua antiquíssima de um demônio em algum lugar da Mesopotâmia, o demônio parece olhar de volta para ele, e eu sinto até tontura de tanto medo. Não, eu não fico com medo de qualquer coisa no cinema. Muito pelo contrário.


O Exterminador do Futuro 1 & 2

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(The Terminator, 1984, e Terminator 2: Judgement Day, 1991)
Direção: James Cameron

Sim, eu sei que estou trapaceando e colocando dois filmes no lugar de um. Mas veja bem: no primeiro, ninguém sabia ainda do que James Cameron era capaz – só o próprio Cameron. No segundo, a gente achava que sabia – e ele mostrou que ninguém sequer fazia ideia…


Faça a Coisa Certa

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(Do the Right Thing, 1989)
Direção: Spike Lee

Spike Lee é hoje o proverbial chato de galochas, mas ele chegou como algo totalmente novo quando pôs Rosie Perez dançando Fight the Power nos créditos de abertura, como prelúdio para uma crise racial num dia escaldante de verão no Brooklyn. O filme tem tudo que ele sabe fazer de melhor, e nada do que ele costuma fazer de pior.


Fanny & Alexander

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(Fanny och Alexander, 1982)
Direção: Ingmar Bergman

Do céu da infância ao inferno do resto da vida, Bergman conta, em seu último filme para o cinema, um pouco de quem ele é, e por quê. Vai-se do vermelho para o cinza, da opulência para a esterilidade, das melhores esperanças para a desolação.


Fargo

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(Fargo, 1996)
Direção: Joel e Ethan Coen

Frances McDormand, a policial muito grávida, se curva no meio da neve e diz, com aquele sotaque cantado de Minnesota: “I think I’m gonna baaaAAaarrff!” (“acho que vou vomitar”). É a simplicidade doméstica no meio do horror. E é o momento mágico dos irmãos Coen, o filme em que tudo dá o mais certo possível ao mesmo tempo.


Feitiço do Tempo

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(Groundhog Day, 1993)
Direção: Harold Ramis

Assista. E daí assista de novo – e de novo, e de novo, e de novo. Um dia, finalmente, você vai entender: desde a primeira vez, este já era um filme perfeito.


Forrest Gump – O Contador de Histórias

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(Forrest Gump, 1994)
Direção: Robert Zemeckis

A ideia de meme ainda nem existia, mas Forrest Gump está cheio delas: Tom Hanks no banco do parque, “a vida é uma caixa de bombons”, “corra, Forrest, corra”, e por aí vai. O filme, porém, é bem mais do que a soma de suas memes. Revisto desde o início, ele sobrevive, vinte anos depois, como um desses casamentos de originalidade e execução que, em última análise, é que fazem a força do cinema americano.


O Galante Mr. Deeds

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(Mr. Deeds Goes to Town, 1936)
Direção: Frank Capra

Frank Capra + Gary Cooper. Não se convenceu? Jura? Então aí vai: Cooper é um interiorano ingênuo que herda uma fortuna; ele vai para a cidade grande e todos tentam fazê-lo de bobo – a começar por Jean Arthur, uma repórter esperta que posa de tolinha. Adivinhe quem ri por último? (Eu, que sempre termino com um sorriso beatífico grudado no rosto.)


Gladiador

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(Gladiator, 2000)
Direção: Ridley Scott

Quando Russell Crowe era uma força da natureza.


Gran Torino

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(Gran Torino, 2008)
Direção: Clint Eastwood

A última vez em que Clint dirigiu a si mesmo, no papel de um velho mal-humorado, linha-dura e preconceituoso, que grunhe para todo mundo e especialmente para os vizinhos, imigrantes do Sudeste Asiático. Quer a vida, porém, que ele ainda aprenda uma coisa ou outra na idade avançada. Uma das conversões espirituais – por falta de palavra mais adequada – mais lindas que alguém já filmou.


O Homem que Matou o Facínora

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(The Man Who Shot Liberty Valence, 1962)
Direção: John Ford

John Ford dirige John Wayne e James Stewart num dos seus magníficos faroestes crepusculares, em que todo mundo para para pensar o que, afinal, significa um faroeste. De babar. Eu conheço todas as reviravoltas da histórias (são muitas), e toda vez me espanto com elas de novo.


O Homem que Não Vendeu Sua Alma

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(A Man for All Seasons, 1966)
Direção: Fred Zinneman

No quiproquó Henrique VIII/Catarina de Aragão/Ana Bolena, eu fico firme do lado de Thomas Cromwell, que arquitetou o divórcio do rei e o rompimento da Inglaterra com o Vaticano, e firmemente contra Thomas More, que não queria a separação de Henrique VIII e tinha complexo de santo, embora fosse um sádico. Mas este filme com Paul Scofield e Robert Shaw é tão bom e tão maravilhosamente bem escrito que, durante duas horas, eu finjo que acredito que Thomas More era um cara legal.


O Homem que Queria Ser Rei

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(The Man Who Would Be King, 1975)
Direção: John Huston

Sean Connery e Michael Caine nasceram um para o outro, e John Huston estava lá para filmar esse encontro planejado pelos deuses.


O Hospedeiro

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(Gwoemul/The Host, 2006)
Direção: Joon-ho Bong

Uma coisa meio bagre, meio dinossauro sai do Rio Han, em Seul, e leva a filha do trapalhão Park (o único e inimitável Kang-ho Song). É filme de monstro? É pastelão? É drama? É uma meditação? É tudo isso e muito mais: é uma maravilha feita por Joon-ho Bong, o maior entre os grandes diretores sul-coreanos.


Imitação da Vida

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(Imitation of Life, 1959)
Direção: Douglas Sirk

Quando o assunto era melodrama, ninguém mandava tão bem quanto Douglas Sirk – e não pode haver história mais sob medida para um dramalhão dos bons do que esta, sobre a empregada negra desprezada pela filha, que quer passar por branca.


Os Imperdoáveis

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(Unforgiven, 1992)
Direção: Clint Eastwood

Clint põe na balança nove décadas de westerns e séculos de violência. Sai carregando o peso do mundo nos ombros. E mostra, por “a” + “b”, o tremendo cineasta que havia se tornado.


Império do Sol

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(Empire of the Sun, 1987)
Direção: Steven Spielberg

Onde eu choro mais? Na cena em que Christian Bale (com 12 aninhos!) se perde dos pais na invasão japonesa a Xangai? Nos seus anos de privações terríveis num campo de prisioneiros? Quando ele vê os caças Mustang dando rasantes no campo? Não, é na cena final mesmo. Mais de um dúzia de vezes, e não falha: sempre abro a torneira nessa hora. Curiosidade: a mulher vista de costas abraçando Christian nessa cena é Kathleen Kennedy, que ultimamente andou produzindo uma coisa chamada Star Wars.


Os Incompreendidos

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(Les Quatre Cents Coups, 1959)
Direção: François Truffaut

De um só golpe, Truffaut libertou o cinema francês do academicismo e o tornou livre, epidérmico e cristalino com essa história muito autobiográfica do menino Antoine, que vai de um lar infeliz para a deliquência, e dela para o reformatório juvenil. É de cortar o coração – pela tristeza e pela beleza.


Intriga Internacional

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(North by Northwest, 1959)
Direção: Alfred Hitchcok

Cary Grant sabe muito bem que é Roger Thornhill, publicitário. Mas por algum motivo está todo mundo achando que ele é George Kaplan, espião. E vá tentar explicar que coelho não é lebre. Talvez o maior thriller sobre identidades trocadas da história.


Janela Indiscreta

120_060

(Rear Window, 1954)
Direção: Alfred Hitchcock

Por uma casualidade alfabética, dois Hitchcok seguidos. Mas este aqui é outro tipo de criatura: James Stewart, o fotógrafo de perna quebrada, fica espiando os vizinhos pela janela; Grace Kelly, vaporosa, entra na brincadeira; eles veem o que não deviam ver. Hitch ensina como ser perverso e safado sem ser vulgar. Ou melhor: sem parecer vulgar.


Ver os próximos 30 filmes.


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