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Por Coluna
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120 Anos de Cinema, 120 Filmes #1

Por Isabela Boscov Atualizado em 30 jul 2020, 23h47 - Publicado em 28 dez 2015, 14h38

Os 120 filmes que eu sempre paro para ver e rever.

Sabe quando você está fazendo aquela ronda dos canais na TV e daí passa por uma cena de, digamos, O Poderoso Chefão ou Um Sonho de Liberdade – e estaciona ali na hora, e simplesmente não consegue mais avançar para o canal seguinte?

Pois esse é o critério adotado nesta seleção que comemora os 120 anos de cinema a partir de hoje, 28 de dezembro – data em que os irmãos Lumière fizeram a primeira exibição pública de seu cinematógrafo, em Paris, em 1895. Hoje você encontra aqui os filmes de #1 a #30. A seleção vai rolar durante quatro dias, com 30 títulos por dia, em ordem alfabética. Muitos dos filmes que eu escolhi são indiscutivelmente obras-primas; outros renderiam um bocado de discussão. E alguns vão fazer muita gente torcer o nariz. Mas todos eles têm esse mesmo efeito sobre mim: são irresistíveis, e nunca consigo deixar de revê-los.


Aconteceu Naquela Noite

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(It Happened One Night, 1934)
Direção: Frank Capra

Eu sei de cor tudo que vai acontecer, desde o momento em que a socialite fujona Claudette Colbert conhece o jornalista cínico Clark Gable até a última cena. Mas é sempre como se fosse a primeira vez: uma surpresa atrás da outra.
* O contrabando: outra jóia das comédias românticas da era de ouro é Cupido É Moleque Teimoso (The Awful Truth, 1937), de Leo McCarey, com Irenne Dunne e Cary Grant

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Acossado

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(À Bout de Souffle, 1960)
Direção: Jean-Luc Godard

Jean-Paul Belmondo rouba um carro, mata um policial; seduz (ou deixa-se seduzir) por Jean Seberg, com um corte de cabelo à la garçonne que marcou época; os dois são perseguidos. O primeiro filme de Godard, quando ele já filmava bem para dedéu mas – que alívio – ainda não era Godard.


Alien – O Oitavo Passageiro

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(Alien, 1979)
Direção: Ridley Scott

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Está com pressa? Vá ver outro filme. Porque, neste aqui, Ridley Scott ensina que, quanto mais um diretor segura o ritmo, mais torturantes são o suspense e o terror. Alien foi imitado literalmente centenas de vezes. Em nenhum delas chegou-se sequer perto do artigo original.


Amadeus

Amadeus

(Amadeus, 1984)
Direção: Milos Forman

O roteiro de Peter Shaffer é uma sacada brilhante: como quem conta a história de Wolfgang Amadeus Mozart é seu rival medíocre, Antonio Salieri, isso significa que vamos conhecer não só o gênio que Salieri tanto invejava, como também o rapaz vulgar que ele desprezava, com aquela risada maravilhosa que Tom Hulce inventou para Mozart.


Anatomia de um Crime

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(Anatomy of a Murder, 1959)
Direção: Otto Preminger

“Estupro”, “relações sexuais” e “clímax” não eram coisas para ser mencionadas pelo nome em filmes dos anos 50, e menos ainda naqueles estrelados por James Stewart, o mais decente dos homens decentes. Mas o alemão Otto Preminger faz seus atores usarem todas elas nesta drama de julgamento que é um tributo ao cinismo, aos diálogos maravilhosos, aos desempenhos sensacionais, à trilha sonora avant-garde (de Duke Ellington) e à montagem superlativa. Um verdadeiro cinco estrelas.


Apertem os Cintos – O Piloto Sumiu

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(Airplane!, 1980)
Direção: Jim Abrahams, David Zucker & Jerry Zucker

Só a cena em que o pessoal faz fila para dar tapas na cara da passageira histérica já valeria um filme todo. Mas ainda tem aquela outra, e aquela, e mais aquela, e daí aquela…O momento mais inspirado do trio ZAZ (Zucker, Abrahams & Zucker), os reis da comédia dos anos 80.

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Apocalipse Now

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(Apocalypse Now, 1979)
Direção: Francis Ford Coppola

A sequência de abertura é talvez a mais hipnótica de todos os tempos (e isso não é figura de expressão): os helicópteros, as palmeiras, o fogo do napalm, Jim Morrison cantando This Is the End. E isso é só o começo.


Aquele que Sabe Viver

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(Il Sorpasso, 1962)
Direção: Dino Risi

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Vittorio Gassman é um fanfarrão, Jean-Louis Trintignant é um tímido; num domingo de sol, saindo de Roma, eles vão percorrer juntos, em um carrinho conversível, a estrada que leva da comédia à tragédia. Para mim, o mais sublime de todos os filmes da era de ouro do cinema italiano, nos anos 50 e 60.


Assim Estava Escrito

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(The Bad and the Beautiful, 1952)
Direção: Vincente Minnelli

Em geral, as distribuidoras brasileiras bolavam ótimos títulos nacionais nessa época, mas aqui erraram feio: deram título de melodrama ao que é uma das sátiras mais ácidas já feitas sobre o “mundinho” de Hollywood. Uma estrela (Lana Turner), um roteirista e um diretor dão suas visões do apogeu e queda de um produtor de cinema (Kirk Douglas), e aproveitam que ele está em desgraça para dar seus chutes e cotoveladas nele.


Bastardos Inglórios

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(Inglourious Basterds, 2009)
Direção: Quentin Tarantino

Na última cena, Brad Pitt rasga, a faca, uma suástica na testa de Christoph Waltz, e admira sua artesania: “Acho que este é meu melhor trabalho até aqui”. Eu concordo. Tarantino nunca foi tão bom, cena a cena e no conjunto, quanto nesta sua fábula de II Guerra Mundial.


A Batalha de Alger

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(La Battaglia di Algeri, 1966)
Direção: Gillo Pontecorvo

Poucos filmes conseguem reproduzir tão a quente e com tanta urgência um acontecimento real quanto esta recriação da guerrilha pela independência da Argélia. É como entrar numa montanha-russa: não há como sair dela no meio do caminho.


Batman – O Cavaleiro das Trevas

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(The Dark Knight, 2008)
Direção: Christopher Nolan

Heath Ledger é o Coringa. O caos reina.


Ben-Hur

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(Ben-Hur, 1959)
Direção: William Wyler

A corrida de bigas! As galés! A gruta dos leprosos! Vi pela primeira vez aos 8 anos, em uma reprise num cinema de bairro, e o filme nunca mais perdeu perdeu os pontos de exclamação para mim. Gosto tanto do jeito desbragado com que William Wyler filma este épico que eu o perdoo por me fazer aguentar Charlton Heston durante quase quatro horas.


Os Bons Companheiros

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(Goodfelas, 1990)
Direção: Martin Scorsese

Ray Liotta é Henry Hill, o garoto irlandês que desde pequeno sonha ser parte da máfia italiana que domina a vizinhança em que ele mora; o sonho de Henry se realiza – e ele é meio delírio, meio pesadelo, uma espécie de embriaguez de que o espectador compartilha junto com os personagens. Um dos quatro mais intensos e brilhantes filme de máfia já feitos (os outros três também estão nesta lista).


Os Brutos Também Amam

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(Shane, 1953)
Direção: George Stevens

Na superfície, o maior e mais complexo dos faroestes “white hat” parece simples: forasteiro defende família de fazendeiros da brutalidade dos valentões que querem as suas terras. Mas o que me arrasta, no filme, são as correntes subterrâneas – os arrependimentos que Alan Ladd traz do passado, a sugestão de sua homossexualidade, a sua atração afetiva pela mulher do fazendeiro, sua ligação com o filho pequeno do casal, e a amargura de saber que, no momento em que matar os malfeitores, terá de deixar para trás tudo que aprendeu a amar. George Stevens era um mestre.


Caçadores da Arca Perdida

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(Raiders of the Lost Ark, 1981)
Direção: Steven Spielberg

Preciso justificar por que o primeiro filme de Indiana Jones está aqui? Não, acho que não preciso.


Cassino

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(Casino, 1995)
Direção: Martin Scorsese

Da mesma forma que Os Bons Companheiros, Cassino é uma colaboração entre Scorsese e Nicholas Pileggi, que de novo escreve o roteiro baseado em um livro-reportagem de sua autoria. Mas substitua aquela embriaguez de Os Bons Companheiros pelo clima de bad trip. Igualmente brilhante, totalmente diferente.


Cidade de Deus

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(Cidade de Deus, 2002)
Direção: Fernando Meirelles

Um caso único de filme que começa com uma galinha assustada e termina como a mais feérica, audaciosa e inovadora síntese deste lugar muito estranho em que a gente vive.


Colateral

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(Collateral, 2004)
Direção: Michael Mann

Eu adoraria visitar, um dia, a cabeça de Michael Mann, para entender como é o mundo visto por um cineasta com um dos sensos de espaço x tempo mais analíticos de que se tem notícia. Colateral é não só o ápice do talento geométrico de Mann, como também sua mais consumada homenagem à ética profissional – seja o sujeito um assassino de aluguel, como Tom Cruise, ou um motorista de táxi, como Jamie Foxx, ele tem que ser bom no que faz.


Confidências à Meia-Noite

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(Pillow Talk, 1959)
Direção: Michael Gordon

Doris Day tinha 37 anos e ainda estava fazendo papel de virgem; Rock Hudson não podia jamais deixar a plateia saber que era gay. Hoje em dia, pensando assim, parece meio triste essa negação fantasiosa do público dos anos 50 e começo dos 60. Mas passe cinco minutos assistindo à história da mocinha e do conquistador que têm de dividir uma linha de telefone – e fique até o final.


Contatos Imediatos do Terceiro Grau

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(Close Encounters of the Third Kind, 1977)
Direção: Steven Spielberg

A possibilidade de que exista vida inteligente fora da Terra ganha colorações diversas neste que é o mais maduro dos filmes da primeira fase de Spielberg: é motivo tanto de deslumbramento quanto de incredulidade e de medo e angústia. Fica melhor ainda na “versão do diretor” de 1980, em que a narrativa é mais detalhada e ainda mais fluida.


Contrastes Humanos

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(Sullivan’s Travels, 1941)
Direção: Preston Sturges

Preston Sturges era um gênio, e para mim é uma dor de cabeça eleger uma das comédias dele como a melhor. Com muito sofrimento, então, vou me declarar por esta história deliciosa sobre um diretor de comédias de sucesso que sente que não está dando sua devida contribuição à humanidade se não fizer um filme “sério”. É difícil também achar par mais afinado do que Joel McCrea e Veronica Lake.
* O contrabando: todos os filmes de Sturges que tive de deixar de fora – em particular Natal em Julho, As Três Noites de Eva, Mulher de Verdade, Herói de Mentira e Odeio-te Meu Amor.


Um Corpo que Cai

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(Vertigo, 1958)
Direção: Alfred Hitchcock

De novo o mesmo problema: como escolher o Hitchcock mais envolvente? Um Corpo que Cai leva vantagem porque faz a perfeição parecer um critério insuficiente. É absolutamente perfeito e tem quantidades fartas daquele algo mais – é uma viagem tão inacreditável pela obsessão de James Stewart por Kim Novak que é impossível largá-lo no meio.


A Costela de Adão

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(Adam’s Rib, 1949)
Direção: George Cukor

Spencer Tracy e Katharine Hepburn eram um estouro na tela, amavam-se loucamente fora dela, e nunca se casaram porque ele era católico e se recusava a divorciar-se de sua mulher. Com um tempero desses, mais o toque de ouro de George Cukor na direção, não há como resistir à história do marido e da mulher que entram em guerra ao assumir os lados opostos no tribunal, em um caso de crime passional.


Crepúsculo dos Deuses

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(Sunset Boulevard, 1950)
Direção: Billy Wilder

Quem narra o filme é o morto que, na cena inicial, está sendo pescado da piscina de uma mansão: William Holden, roteirista de segunda linha que topa escrever um filme para Gloria Swanson, uma estrela decadente, voltar à glória. Segue-se uma relação perversamente doentia – e um dos maiores filmes já feitos em Hollywood, sobre Hollywood.


Curtindo a Vida Adoidado

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(Ferris Bueller’s Day Off, 1986)
Direção: John Hughes

O melhor filme adolescente de todos os tempos, escrito e dirigido pelo sujeito que melhor entendeu a adolescência na história da humanidade. Já vi algumas dezenas de vezes. Espero ver várias outras dezenas mais.


O Diabo a Quatro

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(Duck Soup, 1933)
Direção: Leo McCarey

Groucho Marx é Rufus T. Firefly, o presidente de Fredonia, que decreta guerra conta a nação vizinha de Sylvania. Ou, em outras palavras: um pretexto para os irmãos Marx aprontarem sua melhor sequência de presepadas. O que é um recorde por si só.


Diário de uma Paixão

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(The Notebook, 2004)
Direção: Nick Cassavetes

Ryan Gosling é pobretão e intenso, Rachel McAdams é rica e não resiste. Tenho direito aos meus momentos baba, ora essa.


A Doce Vida

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(La Dolce Vita, 1960)
Direção: Federico Fellini

Na Roma do pós-guerra, enquanto todos buscam o prazer, Marcello Mastroianni se perde no vazio existencial. Também conhecido como uma das mais sedutoras, envolventes e melancólicas sequências de fotogramas já concebidas por um ser humano.


Dogville

120_030

(Dogville, 2003)
Direção: Lars von Trier

Durante uns dois minutos, estranhei os cenários riscados no chão a giz. Durante os 173 minutos seguintes, acreditei que o mundo era assim. Nos três minutos finais, com imagens da Grande Depressão dos anos 30 ao som de Young Americans, do David Bowie, recolhi meu queixo do chão e pensei: caramba, nunca mais vou ter três horas que se comparem a estas.


Ver os próximos 30 filmes.


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