Waldir Maranhão desiste de suspender impeachment e completa vexame do governo no Chupeta Day
Presidente interino da Câmara revoga sua própria decisão com medo de ser expulso do PP
O Chupeta Day de segunda-feira terminou ainda mais cômico.
Waldir Maranhão (PP-MA) revogou a decisão estapafúrdia que ele mesmo havia proferido para anular o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Depois que o PP convocou reunião de emergência da Executiva para discutir às 10 horas de terça-feira a expulsão do deputado dos quadros do partido, e PSD e DEM ingressaram contra ele no Conselho de Ética da Casa por quebra de decoro parlamentar, o presidente interino da Câmara ficou apavorado com o risco de perder seu mandato e assinou a breve nota de cinco linhas reproduzida abaixo:
Integrantes do governo foram à casa de Maranhão para tentar demovê-lo da ideia, mas não adiantou.
Ele encaminhou ofício a Renan Calheiros para informar ao presidente do Senado sobre a revogação:
Renan havia decidido dar seguimento ao impeachment, recusando-se a atender um telefonema de Dilma e ignorando a primeira decisão de Maranhão que classificou como “brincadeira com a democracia”.
Renan tinha razão. No fim da noite, o mesmo Maranhão que falara à tarde em “salvar a democracia” tentou salvar a própria pele, alegando a parlamentares que só topou participar da manobra do governo porque Cardozo lhe garantiu que Renan a bancaria.
Cardozo, obviamente, já saiu negando ter prometido qualquer coisa ao presidente interino da Câmara, mas sua tentativa de desmenti-lo só faz reforçar a tese de que tentou engambelar Maranhão, cuja inteligência política só encontra similaridade em Dilma:
“Eu e [Flávio] Dino apenas dissemos a ele que dificilmente o Senado teria como reverter a decisão da Câmara. Não houve promessa política. Houve somente uma análise de que o Senado não poderia tocar o impeachment diante da decisão”, disse o advogado-geral da União.
Duvido que Cardozo e Dino, na ânsia de persuadir o deputado do PP a fazer o que queria o governo, tenham deixado clara no encontro de domingo à noite com Maranhão essa distinção entre uma suposta análise (que se revelou errada) e uma promessa política.
Convinha-lhes, decerto, deixar o deputado entender a análise como promessa, assim como lhes convém agora rifá-lo sem piedade.
O Chupeta Day não conseguiu protelar o afastamento de Dilma marcado para quarta-feira, nem dar margem a Cardozo para recorrer mais uma vez ao STF, mas ao menos demonstrou em definitivo duas coisas óbvias:
Maranhão não tem condições de presidir a Câmara; e o PT não tem condições de presidir o Brasil.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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