Vitória do terror na CNN e no New York Times: exibir capa do “Charlie” com Maomé está proibido; Cristo coberto de urina ou Maria de estrume, ok. Charges antissemitas, idem
[* Tive uns probleminhas ontem à tarde e hoje de manhã, mas estou de volta. Vamos lá.]
Em transmissão na manhã de quarta-feira, a CNN descreveu o seu raciocínio para não exibir – assim como o New York Times – a primeira capa do Charlie Hebdo após o massacre da semana passada. Uma capa, aliás, para lá de comportada para os padrões do jornal satírico, talvez pelo momento de comoção mundial, talvez pelas mortes de seus cartunistas mais irreverentes.
Uma das âncoras leu o seguinte comunicado no ar:
“A CNN não irá mostrar a vocês a nova capa, que retrata o profeta Maomé, porque é nossa política não mostrar imagens potencialmente ofensivas ao profeta.”
Um e-mail do diretor editorial Richard Griffiths, obtido pelo site Politico, já havia alertado aos funcionários que essas charges não deveriam ser mostradas em qualquer plataforma da CNN:
“Apesar de não estarmos neste momento mostrando as charges do Charlie com o profeta, consideradas ofensivas por muitos muçulmanos, as plataformas são encorajadas a descrever verbalmente as charges em detalhe”, orientara Griffith.
O que pode ser encontrado no site da CNN, no entanto, são imagens do famigerado “trabalho de arte” de 1987 do fotógrafo americano Andres Serrano intitulado “Piss Christ”, feito com um pequeno crucifixo de plástico submerso em um recipiente repleto de urina do autor.
Em 2006, a CNN já se recusara a exibir as charges dinamarquesas de Maomé – aquelas que geraram o protesto da barbárie, como mostrei aqui -, alegando que não queria “ofender os telespectadores”. No fim de semana de 4-5 de fevereiro daquele ano, a emissora preferiu mostrar as imagens embaçadas, exatamente como fizera a Aljazeera – a maior emissora de telejornalismo do Catar, que transmite em árabe e inglês.
Imagem da CNN:
Imagem da Aljazeera reproduzida pela CNN:
Quatro dias depois, na quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006, a emissora não viu problema algum em exibir charges antissemitas, como informou a National Review.
Naquele mesmo dia 9, até um dos comentaristas da CNN, Bill Bennet, rechaçou a decisão da emissora, defendida pelo âncora Wolf Blitzer com “pérolas” do duplo padrão esquerdista:
Blitzer: Você pode entender, Bill, que o sentimento entre muitos muçulmanos de que isto vai além do tolerável, quando você insulta…
Bill Bennet: Sim, bem, com certeza.
Blitzer: …o profeta Maomé.
Bennett: Claro.
E se eu fosse um judeu observando o que a CNN acabou de levar ao ar, eu poderia ficar um pouco chateado também. Mas a CNN não tem a solicitude para com os judeus que tem para com os muçulmanos. Sua política é não mostrar essas charges que foram exibidas na Dinamarca, mas mostrar uma após a outra as charges mais antissemitas que puderem arranjar.
Eu não quero pegar no pé da CNN, só porque eu trabalho para vocês. Mas para a NBC, o “The New York Times” e outros meios de comunicação, a Virgem Maria em estrume de vaca estava tudo bem. Podemos mostrar aquilo em todos os lugares. Agora, os islâmicos venceram, na medida em que têm intimidado a grande mídia para não mostrar essas charges.
Eles perderam, no entanto, no resto do mundo, porque as pessoas veem que este é apenas um comportamento totalmente louco, que essas charges são mostradas e as pessoas, como resultado, querem matar pessoas, decapitar pessoas, queimar e derrubar edifícios. E, seja qual for o argumento com os dinamarqueses, qual é o ponto de queimar a bandeira judaica? Qual é o ponto de queimar a bandeira dos EUA e dizer ‘morte a Israel’ e ‘morte aos Estados Unidos’?
As pessoas olham bem para isso e dizem, você sabe, essas pessoas são desequilibradas.
Blitzer: Mas você sabe, na questão de exibir essas charges antissemitas, eu acho que você vai descobrir que a maioria dos israelenses, certamente a maioria dos judeus, quer que o mundo veja algumas dessas charges, a fim de lançar alguma luz sobre o que as imagens retratam.
RETOMO. É mesmo incrível a que nível de argumentação chega um âncora da CNN, não à toa derrotada ano após ano em audiência para a Fox News. Para Blitzer, o antissemismo teria assim uma função iluminadora, enquanto o anti-islamismo é apenas ofensa. A cobertura deste blog do mais recente conflito Israel-Hamas – foram cerca de 30 posts sobre o assunto – veio mesmo a comprovar a postura anti-Israel da CNN, esta emissora mais preocupada em reeducar os judeus (sim: estou pegando leve) do que em combater o terror islâmico.
Quanto ao New York Times, lá Maomé com chapéu-bomba é proibido:
Mas a Virgem Maria coberta de estrume está ok:
E pensar que toda a percepção dos brasileiros sobre o noticiário internacional veio da tradução bovina destes mesmos veículos de esquerda feita pela nossa imprensa. Sem examinar, por meio do estudo, as informações que levaram às “opiniões” repetidas por cada um hoje sobre o mundo, teremos naturalmente um bando cada vez maior de esquerdistas justificando o terror.
Com urina e estrume, de fato, a CNN e o New York Times exibem nas imagens sagradas dos outros aquilo que, com frequência, seu próprio jornalismo profano (ou muçulmano) faz.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil
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