[* As centenas de comentários na fila para os últimos posts serão moderadas na noite desta segunda.]

A propaganda petista é o somatório das distorções de seus militantes:

1) Primeiro, a imprensa chapa-branca toma uma opinião isolada de um suposto manifestante em prol da “intervenção militar” para dar ares de golpe a um ato anti-PT cuja pauta está inteiramente dentro da legalidade democrática;

2) Depois, os blogs sujos do partido fazem a festa não só com isso, mas com o flagrante em fotos e vídeo do deputado federal eleito (para assumir em 2015) Eduardo Bolsonaro armado com uma Glock 9mm na cintura durante seu discurso no protesto. E, obviamente, não informam que ele é, também, policial federal.

O objetivo é evidente: tachar manifestantes pacíficos de golpistas, violentos, saudosos da ditadura militar. Veja a imagem:

Para citar o exemplo de um petista reproduzindo os dois embustes, recomendo sempre a página de Luiz Eduardo Greenhalgh, que não bastasse os seus próprios, também compartilha os da militância. Veja:

Manifestantes foram às ruas, entre outras coisas, criticar o PT por apoiar ditaduras e exigir transparência no processo eleitoral, duas reivindicações típicas de quem prega o fortalecimento de uma democracia já corrompida. Só quem foi às ruas pedir “intervenção militar” – e nem sei se isso, na cabeça dele, significa ditadura – foi um (hum!) personagem citado nas matérias de dois jornalistas militantes da Folha e do Estadão. Sem contar que Geraldo Alckmin rechaçou nesta segunda-feira esse tipo de pedido, não sem aquela típica prontidão tucana suicida em aceitar as premissas da imprensa chapa-branca.

Mas vamos ao caso Bolsonaro:

Alguém viu a informação de que Eduardo é policial federal? Pois é.

A VEJA-SP, como não é blog sujo do PT, entrevistou o deputado para esclarecer a questão:

Você realmente estava comum revólver?

Sim. Sou policial federal e possuo porte legal de arma. Sair de casa sem ela é o mesmo que esquecer a carteira. Tenho o dever de proteger a sociedade e a mim mesmo, já que muitos colegas são atacados também fora de serviço.

Sentiu que no ato corria algum risco maior?

Sou um potencial troféu para os vagabundos que queiram me matar, por causa da minha família e da ligação com a política. Não posso nunca dar bobeira. Só não levarei o revólver para a Câmara por ser proibido.

É contra do estatuto do desarmamento?

Com certeza. Essa medida só fez desarmar o cidadão de bem. Prefiro morrer lutando a ver alguém cometer atrocidades dentro da minha casa sem poder fazer nada. Se os vagabundos soubessem que há um revólver em uma residência, pensariam duas vezes antes de entrar lá.

Seu pai, que pretende concorrer ao cargo de presidente em 2018, continuará auxiliando-o na Câmara, como fez na campanha?

Ele estará sempre ao meu lado. Agora, me dividirei entre São Paulo e Brasília. Ele tem meu total apoio à candidatura de 2018. Nos debates, não deixará barato e será forte oposição ao PT.

Retomo. Do desarmamento, já falei diversas vezes neste blog, como por exemplo aqui. Da morte de policiais fora de serviço, falei em abril no meu artigo recordista de audiência, “Traficantes assistiram ao ‘Esquenta’ comendo pipoca?“. Citando o anuário brasileiro de segurança pública de 2013, eu questionava:

Alguém lembrou que a taxa de homicídios de policiais é o dobro da relativa à população negra e parda? Que a chance de ser morto sendo policial é 100,83% superior à chance de ser morto sendo negro ou pardo? Que a possibilidade de um policial brasileiro ser vítima por um crime de homicídio é 196,70% superior do que seria com qualquer outra pessoa? Que o risco de ser morto, sendo policial, é quase três vezes superior do que sendo outro não integrante das forças policiais? Que as taxas de PMs mortos em serviço é de 17,8 e FORA DE SERVIÇO(!!!) de 58,7(!!!) por grupo de 100 mil habitantes, sendo que a OMS considera taxas de homicídio acima de 10 por grupo de 100 mil já como sintomas de violência epidêmica? Alguém lembrou que a taxa de homicídios de PM e Policial Civil (em serviço e fora) chega a 72,1(!!!) por 100 mil habitantes, praticamente o triplo da taxa de homicídio nacional (de 24,3)? De quantas entrevistas, participações em programa de TV ou eventos em homenagem aos policiais mortos os especialistas e artistas convidados pelo ‘Esquenta’ já participaram?

Retomo de novo. Na hora da propaganda contra os adversários, nada disso importa aos petistas, é claro, especialmente àqueles que dispõem de escolta armada para protegê-los.

Eles precisam dar um jeito de minar o movimento anti-PT antes que ele cresça. E para isso, assim como na eleição, farão “o diabo” se for necessário.

* ATUALIZAÇÃO:

Eduardo deu mais estes dois esclarecimentos no Facebook:

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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PS: Relembre as doces participações de Greenhalgh nos casos Celso Daniel e Satiagraha:

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