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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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O trote da USP e o “rolezinho” são diferentes, mas Barbara Gancia e Carta Capital… hummm…

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 04h36 - Publicado em 21 jan 2014, 18h36

AVISO: O evento da FEA-USP no Eldorado é anual, como corrigiu um uspiano citado abaixo, e não semestral, como eu havia escrito, o que – não sei se ele notou – apenas reforça a minha tese de que este evento esporádico e organizado está muito longe de ser o tumulto frequente dos “rolezinhos”. Agradeço-lhe por isso. O detalhe já está corrigido.

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Transcrevo a enquete da Carta Capital sobre o “rolezinho”:
 
O que você acha da proibição, determinada por alguns juízes de São Paulo, aos ‘rolezinhos’ aos shoppings promovidos pelos jovens da periferia?
 
– É uma medida necessária. Shopping é um local privado de passeio e compras, e não de multidões de jovens dispostos a causar transtorno aos demais frequentadores (6188)
 
– A decisão é discriminatória e denota o racismo do País em relação à sua própria periferia. Os frequentadores e lojistas não demonstram a mesma preocupação com a presença em grupo dos filhos da elite (2483)
 
Em outras palavras:
 
2 + 2 = 4
 
…ou 2 + 2 = 5, como dizem os esquerdistas, muitos dos quais escrevem para esta mesma Carta Capital, transformando sua ideologia até em opção de enquete?
 
6.188 pessoas sabem que 2 + 2 = 4.
 
2.483 militantes e “idiotas úteis” votam no 5.
 
Só faltou um “justifique sua resposta” que exigisse a demonstração de quando os tais “filhos da elite” tiveram uma “presença em grupo” equivalente, em proporções e transtornos, à que determinados tipos de “jovens da periferia”, com suas roupas de marca compradas no shopping, e sendo um monte deles brancos também, tiveram no “rolezinho”.
 
Ah, diria a colunista Barbara Gancia, da Folha, “existem casos de estudantes brancos, de ‘bixos’ (pessoal da FEA no Eldorado, está no YouTube) que fazem fuzarca, mas que ninguém chama polícia ou entra em pânico com isso”. Claro que não chama. Claro que não entra em pânico. Mas o motivo nada tem a ver com os jovens da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo serem brancos. O motivo é que, ao contrário do rolezinho, não há registro de tumulto e correria, muito menos de furtos.

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Trata-se de um evento anual com almoço e breve cantoria, que é parte de uma programação com dois outros eventos: o “pedágio” na avenida Brigadeiro Faria Lima e a “Cervejada do Imperador”: “É um dia bem tradicional na semana de recepção [dos bixos/calouros]”, declarou o aluno de contabilidade Luiz Araújo ao UOL. Fuzarca, portanto, só no sentido original de “farra” e “folia”, como se espera de um trote, não no informal de “confusão” e “problemas”. O máximo que ocorre é que “apenas alguns estudantes se animam e sobem nas mesas e os seguranças na hora, educadamente, pedem que desçam”, como afirmou o aluno de economia Bruno Miller.
 
O shopping Eldorado teve de explicar o óbvio, na matéria cujo conteúdo, como na Folha, desmente o título “Alunos da FEA-USP fazem ‘rolezinho’ em shopping desde 2007“: “o objetivo e a organização deste encontro é bem diferente dos rolezinhos. Os alunos vêm ao shopping, almoçam, e depois se concentram para a comemoração, cantando gritos de guerra da universidade por alguns minutos, de forma organizada, o que não causa tumulto ou desordem”. O shopping conhece o “evento” e sabe que a “tumultuada” não é sua intenção: “Na chegada do pessoal, nossa segurança identifica os líderes e passa algumas orientações para não incomodar os demais convidados do shopping. Depois, acompanha e monitora a ação.” No dia que causar tumulto ou chegar perto disso, ou se virar uma modinha que pode crescer e ser marcada repetidas vezes, como o “rolé”, a ação será proibida também.

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Mesmo assim, o próprio centro acadêmico da USP aderiu ao rolezinho ideológico à moda Gancia: “Se há de fato uma preocupação com grandes aglomerações, a restrição deveria se dar para todos igualmente – o que não ocorreu. Se os eventos são similares, o tratamento deve ser o mesmo, independentemente de quem os frequenta”. Acontece que o grau de similaridade dos eventos é mínimo. O trote da USP é quase tão similar a um “rolezinho” quanto jogadores com certo controle de embaixadinha o são a peladeiros chutando bola (e no time sem camisa…). Os primeiros viram até uma atração no shopping. Os segundos, um sinal de risco, é claro.

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Sem contar que o “rolezinho” aglomerou 6.000 jovens no Itaquera, quase o dobro do total geral de 3.101 alunos de graduação da FEA, dos quais apenas uma parte comparece ao trote. E se esta parte cabe razoavelmente nos restaurantes, é porque não é tão numerosa assim, não é?
 
Eu não acho, em tese, que alunos de faculdade alguma devam realizar suas “fuzarcas” – ou embaixadinhas – em shoppings, ainda que de maneira organizada, mas equiparar o trote uspiano ao “rolezinho” e ainda justificar a diferença de reação pelo viés da cor da pele, estimulando mais uma vez o ódio racial, é de uma sem-vergonhice, de uma perda do senso das proporções, a que só cabeças marxistas e gramscianas – como se produzem aos montes na própria USP – podem se prestar. Daqui a pouco dirão que cantar “parabéns pra você” em mesa de restaurante também é “rolezinho” e precisa ser proibido por lei.
 
Ideologia de esquerda é isso: uma opção de múltipla-escolha que jamais exigiu de seus devotos justificativas baseadas na realidade dos fatos para marcá-la.
 
Se você está com eles, você é bonzinho; se não está, é no mínimo racista. “Racista” daquele tipo execrável que zela pela ordem, como a maioria vitoriosa da enquete de Carta Capital.

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Como quase disse Joãozinho Trinta:
 
Povo gosta é de educação e ordem. Quem gosta de “rolezinho” e “rolezão” é intelectual de esquerda.
 
Felipe Moura Brasil – https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
 
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