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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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O dono do mundo

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 03h16 - Publicado em 17 ago 2014, 15h35

George SorosNo último post, eu citei um livro de David Horowitz lançado em 2010, One-Party Classroom, e também mencionei o maior financiador da esquerda mundial, inclusive da campanha pela legalização das drogas, George Soros, este aí da foto ao lado, de quem também falamos no nosso best seller O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. Mas é preciso falar mais deles.

Em seu último livro, The New Leviathan, Horowitz mostra que as doações de empresas para os movimentos de esquerda nos EUA somam três bilhões de dólares; para a direita, 32 milhões. Como observou Olavo de Carvalho: “alguém tem alguma dúvida sobre de que lado está o poder econômico?”

Se você ainda tem, ou cai no engodo de que a esquerda é uma pobre coitadinha lutando contra os burgueses malvados de direita, nada melhor que conhecer abaixo a história de George Soros, no excelente resumo “O dono do mundo”, escrito pelo meu amigo e, assim como eu, autor contratado pela Editora Record, Alexandre Borges, publicado originalmente em seu blog no Facebook, no dia do aniversário de Soros, e depois no Mídia Sem Máscara, do qual é colaborador.

Leia e mostre este texto (com notas, links e grifos meus) para aqueles seus amigos que não têm a menor ideia de onde vêm e quem financia as ideias em que eles acreditam. Vale dizer que isto inclui não só os amigos de esquerda, mas também os daquela parte de uma autointitulada direita, que inadvertidamente pensa com a cabeça de Soros. [FMB]

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84 anos, em 12 de agosto de 1930, nascia em Budapeste Schwartz György, depois renomeado George Soros, o mais bem-sucedido gestor de fundos multimercados da história.

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Ele nasceu numa família de judeus não praticantes numa época conturbada em que a Hungria, durante a década de 30, tinha estreitas relações com a Alemanha nazista e a Itália fascista. Em 1940, o país entrou formalmente no Eixo, permanecendo até o fim da Segunda Guerra. Temendo que a família fosse perseguida e eventualmente morta, o pai de George Soros subornou um oficial húngaro para que ele hospedasse George dentro de sua casa e apresentasse o rapaz como seu afilhado cristão. A função deste funcionário do governo húngaro, de nome Baumbach, era encontrar judeus, denunciar para as autoridades responsáveis pelas deportações para campos de concentração e confiscar seus bens. Em muitas dessas ações, o jovem George, rebatizado como Sandor Kiss, acompanhava o padrinho. Sobre isso, numa entrevista para a CBS em 1998, Soros disse que era um mero espectador e não sentia qualquer remorso, além de revelar que foi o período mais feliz da sua vida porque, mesmo com tanto sofrimento em volta, ele se sentia protegido.

Com 17 anos, George Soros se muda para Londres e mais tarde nasce o financista. Em 1959, vai para Nova York e, dois anos depois, consegue a cidadania americana. Ele vive intensamente os anos 60 nos EUA e a contracultura, que marcaram sua visão de mundo para sempre. Nessa época, fica íntimo do autor socialista Michael Harrington e passa a frequentar seu círculo de amigos. O livro mais conhecido de Harrington, o libelo esquerdista The Other America, foi lido e elogiado publicamente pelo presidente democrata Lyndon Johnson, que ele dizia ter influenciado seu governo e suas ideias de redistribuição de renda via estado.

Em 1992, ficou mundialmente famoso por ter “quebrado” o Banco da Inglaterra, faturando na operação 1 bilhão de euros. Assim como sua carreira como financista é conhecida, sua influência política é ignorada ou abafada. Neste mesmo ano de 1992, Soros confessa que seus gastos com suas fundações para influenciar a política e a sociedade já ultrapassava US$ 300 milhões anuais.

Seu principal executivo na Soros Foundation Network era ninguém menos que Aryeh Neier, fundador da Students for a Democratic Society (SDS), o maior e mais radical grupo de esquerda dos EUA nos anos 60, do qual uma dissidência nasceu o Weather Underground, grupo terrorista de inspiração comunista liderado por Bill Ayers, o lançador da carreira política de Barack Obama. Atualmente, Ayers se tornou especialista em educação e suas idéias estão ajudando a implementar nos EUA o Common Core, o polêmico sistema integrado e unificado de padronização educacional do país comandado pelo governo federal.

[Nota de FMB: ver meu artigo “A verdadeira insanidade“.]

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Soros é, possivelmente, o indivíduo sem cargo eletivo mais influente do mundo. Possuidor de uma fortuna pessoal estimada em US$ 13 bilhões e administrando US$ 25 bilhões de terceiros, é tão poderoso no Partido Democrata americano que no programa humorístico Saturday Night Live foi chamado de “dono” do partido. E na prática não é nada muito diferente disso. Dentro do Partido Democrata, candidatos independentes, não ligados a Soros, são cada vez mais raros.

Rebuilding Economics: George Soros se vê como um missionário das próprias utopias e não conhece limites para usar sua fortuna quase sem paralelo para influenciar a política, a imprensa e a opinião pública em diversos países, especialmente os EUA. Como ele mesmo disse, “minha principal diferença de outros com uma quantidade de recursos acumulados parecida com a minha é que não tenho muito uso pessoal para o dinheiro, meu principal interesse é em ideias.” Soros também revelou que seu sonho era escrever um livro “que durasse o mesmo que nossa civilização” e que ele valorizaria isso mais do que qualquer sucesso financeiro. Ele já lamentou que mudar o mundo é muito mais difícil do que ganhar dinheiro. Num livro de 1987, disse que já tinha se achado uma espécie de deus mas que depois se convenceu que seria mais como uma mistura de John Maynard Keynes com Albert Einstein.

Sua ideias políticas incluem uma oposição à supremacia política e econômica dos EUA, que ele considera um impeditivo para a criação de uma sociedade “global”, com interesses comuns e supranacional. Num livro de 2006, afirmou que os EUA são a grande fonte de instabilidade do mundo. Segundo ele, os americanos são nacionalistas demais e ignoram os principais problemas do planeta, que poderiam ser resolvidos com “cooperação internacional”. Para ele, se os EUA não forem o tipo “correto” de líder mundial, o país vai se autodestruir.

Não por acaso, Soros é um grande entusiasta da zona do Euro e sonha com uma integração política na Europa sucedendo a integração econômica, mesmo que sem acabar formalmente com os estados nacionais, mas transformando todos em satélites dessa “sociedade aberta”. Ele crê que as nações são fontes eternas de instabilidade e só a criação de instituições supranacionais poderá trazer equilíbrio ao mundo, o que ele chama de “aliança”. A ideia é um pesadelo para qualquer democrata, mas uma utopia desejável para mentes fanáticas. O pai de George Soros, Tivadar, era um entusiasta do Esperanto, uma risível tentativa de criação de um idioma global.

Soros defende também que, a despeito dos bons resultados econômicos do capitalismo, o sistema de livre mercado é incompetente para resolver desigualdades sociais, o que é uma mentira facilmente demonstrável. Não há um único ranking da The Heritage Foundation que não prove, ano após ano, que os países mais livres são não só os mais prósperos mas também os que provêm mais riqueza e mobilidade social para os cidadãos de baixa renda [Ver: https://www.heritage.org/index/].

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Na visão de Soros, o empreendedorismo é algo falho e incompleto e que deveria ser substituído pela idéia de “empreendedorismo social”, uma mistura entre a busca de lucros e “justiça social”. Alguma diferença do que pensa Barack Obama? Não que eu saiba. Soros acredita também que o terrorismo deve ser combatido com mais diplomacia e medidas pontuais, que levem em consideração as motivações e reivindicações dos terroristas, e é radicalmente contra ações militares para o combate ao terror. Alguma diferença do que pensam vários bocós, inclusive da direita? Não que eu saiba.

Sobre Israel, ele diz que não é um sionista e que a questão palestina deveria ser resolvida também com mais diplomacia, citando as tentativas de Jimmy Carter e Bill Clinton, que teriam sido torpedeadas por conta de um lobby poderoso da American Israel Public Affairs Committee (AIPAC), a principal associação pró-Israel dos EUA. Alguma diferença do que pensam vários “analistas isentos” da imprensa que culpam Israel por tudo de ruim que acontece no Oriente Médio? Não que eu saiba.

[Nota de FMB: Em 2003, Soros culpou Israel e os EUA pelo “ressurgimento do antissemitismo na Europa”: “As políticas do governo Bush e da administração Sharon contribuem para isso. Se mudarmos essa direção, em seguida o antissemitismo também vai diminuir”. Agora, onze anos depois, o garoto de recados de SorosJeremy Ben Ami, da organização americana anti-Israel J Street, repetiu o discurso do patrão, dizendo que Israel estava “abanando chamas crescentes de antissemitismo”. Sobre esses embustes, ver o meu post “Por que a esquerda odeia Israel” e toda a minha cobertura do conflito em Gaza: aqui.]

Há 30 anos, Soros mantém a Open Society, nome tirado de um livro de Karl Popper. A Open Society é uma ONG bilionária destinada a influenciar a opinião pública e a política no mundo. Ela está presente em mais de 70 países é tão poderosa que, em alguns regimes, é considerada um “governo informal”.

Nos EUA, mantém o poderosíssimo Media Matters, que dá o tom de praticamente toda imprensa americana, além de ser o principal financiador do The Huffington Post, um ícone da esquerda mundial. A Open Society é inspirada pela idéia do filósofo francês Henri Louis Bergson que acreditava num mundo com valores morais “universais” e não de sociedades “fechadas”, o que influenciou vários pensadores que até hoje criticam os ideais do pais fundadores da nação americana e do “excepcionalismo americano”.

[Nota de FMB: Ver também no MSM o artigo sobre a Open Society e os planos de Soros para influenciar a opinião pública, “Project Syndicate: o oráculo de George Soros“; e na Folha, “Quem paga a conta“, sobre alguns dos tentáculos de Soros na América Latina, inclusive no Brasil.]

As agendas políticas promovidas e patrocinadas financeiramente por George Soros e suas fundações partem do princípio de que os EUA são uma nação opressora e violadora dos direitos humanos, que suas ações militares são fruto de racismo e intolerância com outros povos, o que seria, na avaliação de Soros, algo historicamente relacionado à sociedade americana. Muitas dessas fundações e ONGs constantemente pautam a imprensa com denúncias contra o governo dos EUA, muitas delas promovendo processos judiciais contra o país.

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Soros financia também inúmeros grupos defensores de “valores progressistas”, de “redistribuição de renda”, o que inclui o recrutamento e treinamento massivo de candidatos a cargos eletivos, militantes, ativistas e lobistas. A ideia central é expandir ao máximo os programas assistencialistas e o welfare state para corrigir o que ele vê como “imperfeições” do capitalismo. Algumas dessas organizações miram diretamente na imprensa, no sistema judiciário, o que inclui a formação de juízes, e em instituições religiosas, treinando clérigos.

Outras agendas políticas importantes incluem a flexibilização das fronteiras dos EUA e facilitação das regras de imigração, além de oposição a toda ação militar americana (classificadas como “imorais” e desnecessárias), cortes no orçamento militar, ambientalismo e ativismo feminista radical, mais poder para organizações globais como a ONU, legalização das drogas e da eutanásia, “antissionismo”, além do financiamento bilionário de candidatos do partido democrata.

[Nota de FMB: Soros, como não poderia deixar de ser, também financia o movimento abortista. Sobre o tema, ver meus posts “O filme que o Bonequinho do Globo não quer que você veja“, “Vamos educar contra o aborto” e também o capítulo “Aborto” do nosso best seller.]

Ele também financiou vários movimentos revolucionários e insurgentes no mundo. Nos anos 90, se orgulhava de ter patrocinado a derrubada de governos como os de Vladimir Meciar, Franjo Tudjman e Slobodan Milosevic. Na Geórgia, ajudou a derrubar o governo de Eduard Shevardnadze. Na Ucrânica, é associado a grupos que lutam contra a dominação russa. Pode parecer um contra-senso, mas Soros é um opositor das nações “isoladas” e sonha com um mundo “aberto”, sem fronteiras, por isso apoia a esquerda no Ocidente e é opositor dela na Ásia.

Soros é tão próximo de Bill Clinton que alguns dos mais importantes ocupantes de cargos públicos no seu governo são considerados indicações diretas dele. Em 2004, gastou tudo que podia para tentar impedir a reeleição de George W. Bush mas não conseguiu.

Em dezembro de 2006, George Soros recebeu Barack Obama em seu escritório em Nova York. Duas semanas depois, Obama revelou que seria candidato a presidente dos EUA e, uma semana depois, George Soros anunciou publicamente que apoiava sua indicação nas primárias contra Hillary Clinton, o que parecia uma maluquice na época. O resto é história. Hoje ele apoia Hillary para a próxima eleição presidencial.

O número de fundações, ONGs, sindicatos e veículos de comunicação que recebem dinheiro de George Soros ou de suas fundações é tão vasto que só um incansável pesquisador como David Horowitz para catalogar e publicar no seu portal “Discover the Networks”. Se você tiver curiosidade, é só clicar aqui.

[Alexandre Borges]

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