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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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Maduro ameaça tirar CNN do ar na Venezuela. Já sei! Ele prefere assistir ao Jornal Nacional! E mais: almirante confirma atuação de cubanos em grupos assassinos

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 04h24 - Publicado em 21 fev 2014, 22h52

No duelo televisivo para ver qual cobertura é mais isenta, inclusive do dever de informar, o Jornal Nacional ganha de lavada até da esquerdista CNN, que pelo menos mostra os tanques de Maduro disparando nas ruas (em vez de apenas um deles incendiado, como o JN acaba de fazer) e questiona se o “presidente” vai mostrar isso na TV do Estado também. A pergunta irônica feita pelo apresentador Fernando Del Rincón, aliás, era o mínimo que o JN, sempre tão disposto a ouvir “o outro lado”, deveria ter mostrado agora, depois de expor a ameaça de Maduro de tirar a CNN do ar. Mas vai que Maduro resolve mudar de canal, não é mesmo?…
 
[Na Veja.com: Venezuela cassa visto de trabalho de jornalistas da CNN.]
 
Para quem não é tão neutro e isento assim diante de ditaduras assassinas que censuram a própria imprensa, o jeito é assistir a Jaime Bayly, “El francoatirador”, jornalista e escritor peruano, apresentador do programa “Bayly” na Mega TV dos Estados Unidos, que comenta na medida certa as imagens de terror do regime socialista apoiado por Lula e pelo PSOL e ainda traz, na memorável edição que decupo abaixo, uma entrevista com o almirante venezuelano Oscar Betancourt, cuja primeira parte transcrevo, traduzo e complemento em seguida.
 
Acompanhe você também o nosso Bayly de jornalismo no Jornal Nacional.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=SuzvE9hJi8k?wmode=transparent&fs=1&hl=en&modestbranding=1&iv_load_policy=3&showsearch=0&rel=1&theme=dark&w=620&h=349%5D

1:15 Tuítes de Lopez exortando o povo a continuar se manifestando;
 
1:28 Henrique Capriles fala que prender opositores políticos como Lopez não resolve os problemas do país;
 
2:46 Tuíte de Lopez para aqueles que ainda duvidam: “Se isto não é uma ditadura, digam-me então o que é”;
 
3:42 Visita da esposa de Leopoldo López, Lilian Tintori, a seu marido na prisão;
 
4:51 Lilian, sobre sua resposta aos filhos quando perguntam pelo pai: “Eu digo a meus filhos que ele está trabalhando pela Venezuela.”
 
5:40 “Funcionário medíocre do regime totalitário”, Elias Jaua diz que Lopez está preso por “cometer delitos” (que ninguém nunca viu);
 
6:50 Pronunciamento bonitinho mas ordinário de Barack Obama, pregando o diálogo etc.;
 
8:14 / 10:25 / 12:00 Ameaça de Maduro de cortar a CNN;
 
12:23 O jornalista Fernando Del Rincón, da CNN, mostra o vídeo oficial das “provas” apresentadas pelo governo dos ataques “fascistas” contra suas instalações;
 
14:36 Rincón mostra, em imagens exclusivas da CNN, os tanques do governo disparando em Táchira e pergunta: “[Este vídeo da] CNN sairá na televisão do Estado?”;
 
16:05 Bayly fala da modelo Génesis Carmona;
 
16:40 Matéria sobre a morte de Carmona, com as imagens já vistas neste Blog;
 
17:26 Maduro, com seu jeitinho psicopata de ser, fala do que teria restado do cérebro do opositor Henrique Capriles;
 
18:26 Capriles responde a Maduro, dizendo que o povo tem direito a pedir sua renúncia;
 
19:01 Capriles prega a manifestação pacífica e a renúncia de Maduro e Diosdado;
 
19:55 Carta manuscrita de Lopez, da prisão;

27:20 Entrevista com o almirante Oscar Betancourt:

[Transcrevo, traduzo e complemento a primeira parte.]

Que informações você tem, almirante, do que está acontecendo lá?

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Durante todo o dia, estamos recebendo informações dos protestos que estão acontecendo e… Altamente preocupantes, porque há uma repressão quase brutal e desmedida contra os jovens que estão se manifestando.

Quem ordena essa repressão, almirante?

As ordens estão dadas definitivamente desde o mais alto escalão do governo e estão sendo executadas largamente pelos coletivos, pelas milícias e estão utilizando também agentes da Guarda Nacional. A situação se faz crítica e grave, porque recebemos informação de que estão sendo utilizados cubanos, vestidos e uniformizados de milicianos, e inclusive [a jornalista venezuelana] Berenice Gomez reportou recentemente que alguns deles foram detidos, e isto, na prática, Jaime, para que veja o quão grave é o que estamos falando, se converte em um ato de guerra.

Por quê? De que maneira, almirante?

Converte-se em um ato de guerra, porque há um pessoal estrangeiro fazendo uso de um uniforme inimigo para dominá-lo e estão atirando, estão matando jovens, estão disparando contra as pessoas, e isto faz a diferença entre um crime de lesa-humanidade [ou contra a humanidade] e um crime de guerra. Mas também há presença e atos de lesa-humanidade quando vemos os abusos, as violações que estão cometendo, e que definitivamente terão de enfrentar em algum momento o Estatuto de Roma, porque estes são atos para os quais não há prescrição.

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Além do mais, você nos lembrou oportunamente em uma ocasião anterior que o próprio texto constitucional diz que as Forças Armadas têm de estar a serviço da nação. É assim?

Exatamente. Diz o artigo 328 que as Forças Armadas estão a serviço exclusivo da nação e nunca a serviço de parcialidade política ou pessoal alguma.

Isto está sendo respeitado agora, almirante?

Definitivamente, não. Estamos vivenciando os acontecimentos, [nos quais] estão utilizando as Forças Armadas ou estão utilizando grupos armados que nem sequer fazem parte da instituição para reprimir o povo. Para não somente reprimi-lo, mas para, mais ainda, violar seus direitos, estão menosprezando os princípios dos direitos humanos. É realmente brutal e horroroso o que se está vivenciando hoje na Venezuela. Comentei, no começo, desculpe, que estamos recebendo informação de Táchira, de San Diego (em Valencia), de Puerto Ordaz, do Oriente na Venezuela, onde estão sendo noticiados dezenas de feridos. Não sabemos o número de mortos, mas sabemos, sim, que há um alto número de feridos. Em San Diego, o prefeito Vicente Carano estava solicitando ajuda para que permitissem passar a ambulância. Ou seja: estamos falando de uma repressão que está sendo brutal, exagerada, de modo que, quando houver oportunidade, os responsáveis terão de enfrentar a Justiça. E na exortação que nós havíamos feito no documento, era muito importante o aspecto de chamar a atenção das Forças Armadas para que se pronuncie. Para que se pronuncie e para que atue em defesa do povo venezuelano.

De que maneira você sugere, com a autoridade moral de ser uma voz limpa das Forças Armadas venezuelanas no exílio, de que maneira você insta… exorta as Forças Armadas do país a pronunciar-se, almirante?

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Nós, do grupo que trabalhou para fazer a exortação, estudamos vários cenários. Um delas é a necessidade de que o alto comando militar, de maneira imediata, evite o uso das bandas, dos grupos coletivos e das milícias para atacar o povo venezuelano, porque é isto que está acontecendo.

Seria uma medida destinada a proteger o povo indefeso.

O que estamos pedindo é que os defenda. Têm de defender os venezuelanos. Agora mesmo lhes fazemos uma exortação [olha de frente para a câmera] ao Ministro da Defesa e ao alto comando militar para que protejam os venezuelanos, para que os defendam! É um dever! É a sua obrigação! E há pessoal estrangeiro atacando os venezuelanos, matando os jovens.

Que outra exortação está contida neste documento que eu saúdo e respeito, assinado por um número bem elevado de altos oficiais das Forças Armadas venezuelanas, não é verdade, almirante?

Sim. Este documento está subscrito por um grupo de oficiais de todos os graus, generais, almirantes que ocuparam os mais altos escalões da instituição, oficiais superiores e subalternos, e nele também refletimos a necessidade… [o vídeo aqui é cortado por um anúncio, de modo que o almirante não chega a responder a pergunta].

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Eu lhe agradeço por lembrar estes nomes que talvez não estejam no olho do furacão, mas que também foram injustamente presos e humilhados nestes últimos tempos. Agora, você sabe melhor que eu, quando você diz que as Forças Armadas têm de intervir para proteger a nação, os que estão do outro lado, os que não defendem a democracia e a liberdade, irão dizer: “O almirante Oscar Betancourt está defendendo um golpe de Estado”. Isto é o que você está pedindo, almirante?

Não, nem um pouco. Primeiro que, se lembrarmos do documento anterior, “El Clarín de la Patria llama” [do qual o almirante já favia falado a Bayly – aqui], aí víamos ou dizíamos claramente como havia elementos que protegiam constitucionalmente a atuação dos militares para recompor a ordem constitucional e precisamente para evitar o que está acontecendo agora mesmo.

Você citou dois artigos: o 328 e o 350…

Correto. E o 350.

São dois artigos do texto constitucional, uma Constituição que foi escrita à medida de Chávez…

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Correto.

E esses artigos, o que eles resumem, o que sugerem, qual é o espírito da letra?

[Colo aqui o artigo que o almirante resume, com negrito nos trechos que ele menciona:]

Artículo 350. El pueblo de Venezuela, fiel a su tradición republicana, a su lucha por la independencia, la paz y la libertad, desconocerá cualquier régimen, legislación o autoridad que contrarie los valores, principios y garantías democráticas o menoscabe los derechos humanos.

É um mandato?

É um mandato. É um dever. [O almirante então resume este outro:]

Artículo 328. La Fuerza Armada Nacional constituye una institución esencialmente profesional, sin militancia política, organizada por el Estado para garantizar la independencia y soberanía de la Nación y asegurar la integridad del espacio geográfico, mediante la defensa militar, la cooperación en el mantenimiento del orden interno y la participación activa en el desarrollo nacional, de acuerdo con esta Constitución y con la ley. En el cumplimiento de sus funciones, está al servicio exclusivo de la Nación y en ningún caso al de persona o parcialidad política alguna. Sus pilares fundamentales son la disciplina, la obediencia y la subordinación. La Fuerza Armada Nacional está integrada por el Ejército, la Armada, la Aviación y la Guardia Nacional, que funcionan de manera integral dentro del marco de su competencia para el cumplimiento de su misión, con un régimen de seguridad social integral propio, según lo establezca su respectiva ley orgánica.

Mas também havíamos dito no documento… e acredito que é importante que  mencionemos… a censura que existe hoje em dia nos meios de comunicação e a autocensura que também, de alguma maneira, acreditamos que está causando muitos danos. Estão acontecendo muitas manifestações pelo país e nada disso está saindo à luz pública [o almirante se refere aos órgãos de mídia controlados pelo Estado]. Graças a Deus e à tecnologia, estamos recebendo informação de tudo que está acontecendo, mas certamente o mundo precisa entrar [nessa história]. E vai entrar, porque hoje em dia cada pessoa com um telefone faz um vídeo, saca uma prova, e é impressionante a quantidade de informação que está chegando.

Almirante, com todo o respeito, se um grupo de cidadãos venezuelanos uniformizados e patriotas decidem pôr um fim nesta situação de abuso, qual é o caminho que teriam de seguir para não transgredir o quadro constitucional?

Certamente é uma pergunta complicada. E uma resposta também complicada, porque não se trata, como você mesmo mencionou antes, de tirar Maduro e colocar Diosdado [Cabello, presidente da Asamblea Nacional]. Não, não se trata disso. Em princípio, o que estamos pedindo na exortação às Forças Armadas é que saiam a defender os venezuelanos, porque, diante do que está acontecendo, isto é de extrema necessidade. Isto é preciso fazer já. Em segundo lugar, como você menciona, tem de haver uma volta à democracia, porque hoje em dia se está vivendo em uma ditadura na Venezuela. Há um artigo importante na Constituição nacional que diz que nós, os venezuelanos, a República Bolivariana da Venezuela… é irrevogavelmente livre e independente. E [a Constituição] sustenta isso como um dos direitos também, como são os direitos à liberdade, à soberania e à independência. Mas somos livres, independentes e soberanos quando vivemos em uma ditadura, quando estamos submetidos ao controle castro-comunista [de Cuba] e quando estamos sustentando um governo que foi eleito ilegitimamente e de modo fraudulento? Eu creio que não. E estou seguro de que dentro das Forças Armadas há muita gente que sabe que não.

Felipe Moura Brasil – https://www.veja.com/felipemourabrasil
 
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