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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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Debate do SBT: Como Aécio levou Dilma a nocaute. Veja análise, vídeos e “zuera”

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 02h50 - Publicado em 17 out 2014, 08h28

debate-size-598Eu havia escrito aqui que Aécio estaria preparado no debate desta quinta-feira no SBT para as mentiras que Dilma disse na terça-feira no da Band, mas que teria, também, de prever e se preparar para reagir melhor às novas. Acontece que, em dois dias, o marqueteiro da campanha petista, João Santana, muito embora um craque em inventar histórias da carochinha, não conseguiu renovar o estoque, e o resultado foi o esperado: Aécio fez picadinho das mentiras repetidas de Dilma, quase todas elas expostas neste blog, e praticamente a levou a nocaute.

A presidente-candidata saiu desorientada do debate, não conseguiu desenvolver o raciocínio na entrevista subsequente à repórter do SBT, pediu para recomeçar sem notar que era ao vivo, atrapalhou-se de novo e só então alegou pressão baixa, ao que foi socorrida não por sua médica, mas pelo próprio João Santana. Dilma logo se levantou e quis terminar a entrevista, mas a repórter a impediu, alegando que o tempo dela já tinha sido igual ao de Aécio, como manda a lei eleitoral. [Veja a cena AQUI.] Comentei em tempo real no Facebook:

Captura de Tela 2014-10-16 às 23.13.58

Aos leitores petistas deste blog (eles nunca me abandonam), recomendo que separem já o remedinho antes de relembrar comigo alguns dos melhores contra-ataques de Aécio, não necessariamente na ordem em que ocorreram na TV.

I. “Nepotismo”.

Assim como fez no debate da Band, Dilma acusou Aécio de nepotismo por empregar a irmã, Andrea Neves, no governo de Minas Gerais. O desmentido já tinha saído no site AecioDeVerdade.com, como informei aqui, com a explicação de que Andrea fazia trabalho social voluntário, sem remuneração, mas a petista quis investir na confusão. Aécio deitou e rolou em cima disso e ainda tirou da cartola dois documentos com os quais fez o melhor contra-ataque de todos os debates até agora, que merece até uma versão “zuera” em vídeo.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=6re3DctzuIY?wmode=transparent&fs=1&hl=en&modestbranding=1&iv_load_policy=3&showsearch=0&rel=1&theme=dark&w=620&h=349%5D

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“Candidata, a senhora conhece Igor Rousseff? Seu irmão foi nomeado pelo prefeito Fernando Pimentel no dia 20 de setembro de 2003, e nunca apareceu para trabalhar, candidata. Essa é a grande verdade, lamento ter que trazer esse tema aqui, a diferença entre nós é que a minha irmã trabalha muito e não recebe nada, o seu irmão recebe e não trabalha nada, infelizmente agora nós sabemos por que a senhora disse que não nomeou parentes no seu governo. A senhora pediu que os seus aliados o fizessem.”

Os dois documentos sobre a contratação de Igor podem ser vistos AQUI. Trecho:

Captura de Tela 2014-10-17 às 06.31.25

Dilma só faltou cair para trás (quer dizer… bem, você entendeu) e, ignorando a não-remuneração de Andrea, tentou alegar que nepotismo é só quando os parentes estão “no governo que nós estamos”. Mas devo dizer que a Reuters informava seis anos atrás:

“O STF também impediu o chamado nepotismo cruzado, que ocorre quando um agente público contrata parentes de outro a fim de empregar seus próprios familiares no gabinete do colega.”

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De qualquer modo, Aécio detonou.

II. Tribunal de Contas

Dilma também insistiu na mentira sobre as contas do governo de Aécio em Minas. Antes do debate, eu já havia publicado o post: TCE desmente Dilma. Ronaldo sai em defesa de Aécio: “Vão sumir todas as calúnias”, de modo que não vou me estender. Aécio disse que Dilma “tem ofendido Minas Gerais todos os instantes e em todos os debates” e rebateu:

“Se for ao Ministério da Saúde, candidata, vai ver que Minas Gerais tem a melhor saúde pública de toda a região Sudeste. E se quiser gastar um tempo lendo a decisão do Tribunal de Contas, para não repetir o que o seu marqueteiro escreve para a senhora, a senhora lerá o seguinte: As contas do governo no exercício de 2003, 2010, do então governador Aécio Neves, tiveram parecer por unanimidade, candidata.”

Dilma ficou perdida e teve de apelar ao vitimismo: “Eu saí de Minas porque fui perseguida.”

É só um lado da história, aliás. O outro eu já mostrei aqui: Eduardo Jorge admite o que Dilma sempre escondeu: “Éramos a favor da ditadura do proletariado”.

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III. Lei Seca

João Santana não renovou o estoque de mentira, mas apareceu com uma verdade – daquelas do mais baixo nível, é claro, digna dos MAVs petistas das redes sociais, para atingir o caráter de Aécio. Copio o trecho da Veja.com: “Dilma sacou uma pergunta sobre a Lei Seca no trânsito, cujo verdadeiro objetivo era lembrar o episódio em que Aécio recusou-se a fazer o teste do bafômetro durante uma blitz no Rio de Janeiro. O tiro saiu pela culatra: Aécio respondeu dizendo que ela ‘poderia ter sido direta’ e ele mesmo mencionou o episódio. Na sequência, acusou Dilma de rebaixar o nível do debate.”

Foi um grande momento, que mostrou a diferença de grandeza moral entre os dois, veja:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=LdphYp3wb0Y?wmode=transparent&fs=1&hl=en&modestbranding=1&iv_load_policy=3&showsearch=0&rel=1&theme=dark&w=620&h=349%5D

“Candidata, tenha coragem de fazer a pergunta direto. É claro que essa é uma iniciativa extraordinária. Não é sua. O Congresso Nacional, candidata, implementado em todos os governos. A senhora traz nesse debate, talvez pelo desespero, e tenta deturpar um tema que tem que ser colocado com absoluta clareza. Eu tive um episódio sim, e reconheci, candidata, eu tenho uma capacidade que a senhora não tem. Eu tive um episódio que parei numa Lei Seca porque minha carteira estava vencida e ali naquele momento inadvertidamente não fiz o exame e me desculpei, me arrependi disso. Como a senhora não se arrepende de nada no seu governo. É importante que nós olhemos para frente. Vamos falar do Brasil, explique aqui, candidata, por que a senhora mantém hoje nomeado, por exemplo, na Itaipu binacional o tesoureiro do seu partido, que recebia propina para alimentar a sua campanha, candidata Dilma Rousseff. Vamos falar de coisas sérias. Vamos falar como melhorar a saúde das pessoas, como melhorar a Segurança Pública, candidata. Não é possível que a senhora queira aqui fazer a mais baixa das campanhas eleitorais até aqui. Não é possível, candidata, que esse mar de lama em que se transformaram as redes, onde a senhora ofende a mim, onde sua campanha ofende a minha família, a senhora está ofendendo a todos os brasileiros que querem mudança, candidata. A senhora, infelizmente, por não ter tido a oportunidade de ao longo da sua vida ter outras disputas, foi ungida Presidente da República por um presidente muito popular, acha que é dona da verdade. Não é, candidata. O seu governo fracassou. E a senhora caminha para perder essas eleições pela incapacidade que demonstrou inclusive de respeitar os seus adversários, candidata. A senhora não trouxe durante todo esse nosso debate uma proposta sequer que melhore a vida do cidadão, que melhore a saúde pública, que melhore a segurança. A senhora parece que não foi Presidente da República, candidata. Olhe para o futuro, tire os olhos do retrovisor do passado, pense nos brasileiros, candidata.”

Contrariando as regras do debate, a plateia aplaudiu. E, de casa, eu aplaudi também.

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Mas Dilma ainda teve a baixeza de fazer esta insinuação digna dos blogs sujos petistas: “Eu, candidato, não dirijo sob álcool e droga”.

Aécio rebateu com altivez: “mentir e insinuar ofensas como essa não é digno de qualquer cidadão, mas é indigno por uma Presidente da República, candidata, a sua campanha é a campanha da mentira.”

É mesmo!

IV. Três mentiras rebatidas de uma só vez – e outra de brinde

Aécio emendou o discurso, enumerando três mentiras espalhadas por Dilma:

1) “A senhora mentiu dizendo… postou um vídeo que eu havia votado contra o salário mínimo de 545 reais, cortou o vídeo na sequência quando mostrava que nós votamos a favor do salário mínimo de 600 reais para fraudar uma informação.”

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2) “A senhora no seu Twitter, candidata, disse que Minas Gerais teve a menor redução da taxa de mortalidade infantil do Brasil. Mentiu, candidata. Minas Gerais, no meu tempo de governo, foi o estado que mais reduziu a mortalidade entre todos os estados do Sudeste, do Sul, e do Centro-Oeste, candidata.”

3) “A senhora disse no último debate que construiu 3.750 milhões de casas, a senhora mentiu, a senhora construiu metade disso, candidata. Fale a verdade, o Brasil não merece a campanha que a senhora está querendo fazer.”

Na pergunta seguinte, Aécio ainda desmentiu mais uma:

4) “A senhora chegou ao cúmulo de mandar sua equipe de filmagem, filmar uma escola, a escola Barão de Macaúbas, num domingo, no dia 12 de outubro, quando ninguém estava lá, para mostrar que a obra estava parada e que a escola não funcionava. A senhora fraudou a informação, candidata. A pergunta que eu lhe faço é a seguinte, a senhora não tem nada para mostrar aos brasileiros e por isso precisa mentir tanto o tempo inteiro, candidata?”

Dilma não respondeu.

V. Corrupção & Investigação

Na primeira pergunta do debate, Aécio citou os seguintes escândalos de corrupção:

– Comperj, 18 bilhões de reais;
– Pasadena, 2 bilhões de reais;
– Abreu e Lima, 30 bilhões de reais.

E formulou a questão: “A senhora sempre diz que não sabe de nada e não tem a menor responsabilidade sobre isso. Eu pergunto à senhora, candidata, de quem é a responsabilidade por tantos desvios de dinheiro público na Petrobras?”

Dilma não respondeu. Vangloriou-se novamente da atuação da Polícia Federal na investigação dos casos e, assim como na Band, soltou aquele parágrafo decorado, certamente escrito por João Santana e bem ensaiado para acusar os tucanos de impedir investigações em governos passados:

“Onde estão os corruptos da compra de votos para a reeleição? Todos soltos.
Onde estão os corruptos do metrô de São Paulo, e dos trens? Todos soltos.
Onde estão os corruptos da ‘pasta rosa’? Todos soltos.
Onde estão os corruptos do processo Sivan? Todos soltos.
Onde estão os corruptos da ‘privataria tucana’? Aquela do limite da irresponsabilidade. Todos soltos.”

E Dilma finalizou com mais um pérola de ditadora para a sua coleção: “Essa, candidato, essa é a diferença entre nós. Eu investigo. Eu investigo, construo as provas para punir.”

Como é que é, presidente? A senhora “constrói” as provas para punir?

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=mlERG9RKk98?wmode=transparent&fs=1&hl=en&modestbranding=1&iv_load_policy=3&showsearch=0&rel=1&theme=dark&w=620&h=349%5D

Dilma já falava em nome da Polícia, agora fala em nome de uma Polícia que “constrói” provas. Faz sentido, até. Dilma vive “construindo” provas contra seus adversários, como aliás supõe a listinha acima.

Aécio ignorou a frase de ditadora, mas fez as três coisas que tinha de fazer. Vamos a elas.

1) Na réplica, depois de dizer que confia nas instituições, mostrou qual é a verdadeira diferença em jogo:

“Todos os casos aos quais a senhora se refere foram investigados. Se as pessoas estão soltas é porque não foram condenadas, portanto as provas não existiram. (…) Onde estão os corruptos do seu partido? Presos, candidata, o presidente do seu partido foi preso [José Genuino], o tesoureiro do seu partido foi preso [Delúbio Soares], o Ministro mais importante do seu governo foi preso [José Dirceu].”

Comentei em tempo real no Facebook:

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2) Em seguida, Aécio insistiu na pergunta não respondida e finalmente repetiu FHC – e o que escrevi aqui – sobre as únicas opções existentes para caracterizar Dilma:

“Não é possível que a senhora não se sinta responsável por isso! Não existe, candidata, me perdoe, uma terceira alternativa. Só existem duas: ou a senhora foi conivente ou a senhora foi incompetente para cuidar da maior empresa pública brasileira.”

3) Na tréplica, Dilma insistiu na conversa de que, nos governos tucanos, as pessoas “não foram condenadas porque não foram investigadas”, que eles “engavetam, escondem debaixo do tapete” e ainda soltou mais uma frase de ditadora ao definir sua responsabilidade: “Sou responsável por punir. É esta a responsabilidade, investigar com a Polícia Federal, denunciar ao Ministério Público, e punir com o Judiciário.” Pelo visto, a “policial” e “juíza” Dilma tem uma parcela de responsabilidade em diversos poderes e instituições do Estado.

Sem deixar de apontar isso, Aécio repetiu a reação certeira de FHC que eu havia mostrado aqui e finalmente reagiu à altura à acusação de engavetamento (já no seu tempo de resposta da pergunta posterior de Dilma):

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=FKNU_zKaplQ?wmode=transparent&fs=1&hl=en&modestbranding=1&iv_load_policy=3&showsearch=0&rel=1&theme=dark&w=620&h=349%5D

“Se a senhora acha que houve tantos crimes cometidos no governo do PSDB, a senhora lista aqui vários deles, vocês governaram o Brasil por doze anos, candidata, por que a senhora não investigou, por que a senhora não fez novas denúncias? Porque não existia o que investigar. Ou então a senhora prevaricou, se a senhora está dizendo no momento da eleição que foram cometidos crimes que não foram investigados, a sua responsabilidade era denunciá-los para que o Ministério Público, que não pertence ao seu governo, ou a Polícia Federal, que não pertence ao seu governo, são instituições de estado, fizessem a investigação.”

Captura de Tela 2014-10-02 às 04.14.11Não resisto a relembrar a fala original de FHC em entrevista à TVeja:

“Nós não pusemos sujeira nenhuma debaixo do tapete. Por que é que eles, nos seus 12 anos [de governo], se tinha sujeira no tapete, não tiraram o tapete para mostrar a sujeira? Aliás, eu desafio: mostre aí onde é que houve algo errado feito pelo meu governo e que tenha sido escondido. O que houve de acusação, e era acusação sem parar, foi tudo para os tribunais. [Resultado:] Nenhuma condenação! O Eduardo Jorge foi sacrificado em público. Ganhou todas! E ainda ganhou indenização. De modo que eu desafio: em vez de ficar dizendo que ‘botou debaixo do tapete’, que ‘tinha um engavetador geral’, diga o que foi! E por que a senhora, ou o seu antecessor, não reabriram a questão?”

Por essas e outras, é que Aécio diz que se sente muito honrado quando Dilma a confunde com o ex-presidente. E agora fica lhe devendo mais essa.

[* Em grande momento, o candidato tucano também usou contra Dilma a frase que destaquei aqui: ‘Pérola’ de Dilma no debate da Globo: “Acho que todo mundo pode cometer corrupção”. É o que parece mesmo!]

VI. A carta na manga

Apesar de tudo, Dilma tinha uma carta na manga desta vez: ela citou a reportagem da Folha de S. Paulo na qual o delator do esquema de corrupção na Petrobras, Paulo Roberto Costa, diz que pagou propina ao ex-presidente do PSDB, Sergio Guerra, morto em março deste ano, para que ele ajudasse a esvaziar uma CPI que investigava a estatal em 2009. Ou melhor, como informa a Folha lá no meio da matéria: “Costa contou ter tomado providências para que o dinheiro chegasse ao senador do PSDB, que na época fazia oposição ao governo petista, mas disse não saber se ele recebeu os recursos”, embora acredite que sim “porque nunca mais foi procurado por ninguém para tratar do assunto”.

Bem preparado, Aécio então se distinguiu da presidente e aproveitou o uso que ela fez da denúncia para contra-atacá-la:

“Candidata, aí já vai uma outra diferença profunda entre nós dois. Para mim, não importa de qual partido seja o denunciado, a investigação tem que ir a fundo, e, pela primeira vez, pelo menos, há algo positivo aqui. A senhora pela primeira vez dá credibilidade às denúncias do senhor Paulo Roberto. É esse que disse que 2% de todas as obras sob sua responsabilidade iam para o seu partido, candidata, iam para o tesoureiro do seu partido. E o que a senhora fez durante esse período? Nada. A senhora tomou alguma providência, pediu o afastamento do tesoureiro do seu partido, candidata? Não.”

[O tesoureiro do PT é João Vaccari Neto, apontado por Costa como um dos destinatários dos recursos desviados dos cofres da empresa. Em outro trecho do debate, Aécio cobrou de Dilma uma explicação sobre o assento de que ele ainda dispõe na maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia: “por que a senhora mantém hoje nomeado, por exemplo, na Itaipu Binacional o tesoureiro do seu partido, que recebia propina para alimentar a sua campanha, candidata Dilma Rousseff”? Ela não respondeu.]

Aécio observou que “os cofres da Petrobras foram assaltados” durante 12 anos por aquilo que “a Polícia Federal chama de uma organização criminosa atuando no seio da nossa maior empresa” e mostrou como e por que, na verdade, é o PT de Dilma que impede a investigação:

“Se a senhora não tem receio e diz aqui que quer apuração, que quer que as investigações possam ir a fundo, por que o seu partido essa semana impediu que o senhor Vaccari fosse à CPI depor? Nós convocamos, e o seu partido, o PT e alguns aliados impediram que ele fosse lá explicar o que foi feito com esse recurso, e vou lhe dizer mais, candidata, ele ainda é o tesoureiro do seu partido e é responsável por transferir recursos para a sua campanha. Terá sido por isso que ele não foi afastado? Porque pelo menos quatro milhões de reais foram transferidos, com a assinatura do senhor Vaccari nessa campanha eleitoral para sua conta de campanha. De onde veio esse recurso, candidata? Vamos investigar logo. Eu acho que os brasileiros que estão nos ouvindo devem saber antes das eleições, inclusive quem são os responsáveis por transferir o dinheiro e quem recebeu esse dinheiro. Independente de partido político, tem que ser punido, candidata.”

O que Dilma fez? Cinicamente, distorceu a fala de Aécio: “Quando chega no ex-presidente do seu partido, o senhor sai e diz que tem de investigar o PT. Não senhor, nós temos de investigar, doa a quem doer, todos.” De quebra, ainda repetiu a ladainha sobre os supostos engavetamentos tucanos.

Aécio então corrigiu Dilma e apontou a desconexão entre o que ela fala e o que ela faz – este que é um dos traços mais característicos da presidente:

“Lamento que a candidata não tenha entendido nada do que eu disse. Investiguem-se todos, candidata. Agora, o seu discurso não tem conexão com a sua prática. O seu governo impediu o quanto pôde que a CPI da Petrobras e depois a CPMI fossem instaladas, e depois de investigadas, porque eu fui ao lado de vários Senadores para garantir o seu funcionamento, vocês tentaram fraudar a CPMI, funcionários do seu governo, do Palácio do Planalto, foram lá dar o gabarito, as respostas, as perguntas que sua base faria a essas pessoas. [Veja a matéria “A farsa da CPI, quadro a quadro“.] Tem que investigar sim todos, mas permita, candidata, que isso seja investigado.”

Aécio finalizou com aquela mesma reação certeira de FHC:

“A senhora volta sempre no passado. Aonde é que estavam nesses doze anos essas denúncias? Por que vocês não tomaram, vou repetir mais uma vez, as atitudes necessárias para reabrir todos esses processos, candidata? De duas uma, ou não existia nada relevante em relação a essas denúncias ou então o seu governo prevaricou, não tem uma terceira alternativa.

PARA ENCERRAR: O peso relativo das coisas

Dilma usou e o PT continuará usando a denúncia contra Sérgio Guerra para tentar igualar o PSDB ao partido e Aécio a Dilma no tema da corrupção na Petrobras, um truque que, até aqui, só pega quem não tem o senso das proporções e gosta de sair gritando: “É tudo igual!”. De um lado, temos uma denúncia de testemunho incerto (Costa não sabe se a propina chegou ao destinatário) contra um indivíduo isolado e já falecido do PSDB, em um episódio isolado no qual lhe pediram, até onde se sabe, uma ajuda para evitar uma CPI que seria ruim justamente para o PT. Do outro, temos denúncias de testemunho seguro de que 2% de TODAS AS OBRAS da empresa iam para… o PT. Ambas têm de ser investigadas – e todo corrupto joga contra o Brasil -, mas qual é a mais comprometedora para o respectivo partido? A segunda, é claro. Tanto pelo número de pessoas quanto pela quantidade de dinheiro envolvidos, quanto pelos cargos que ocupam.

Ademais, qual é a responsabilidade individual de Aécio, como membro do mesmo partido, em relação à suposta propina recebida pelo indivíduo Sérgio Guerra? Aparentemente, nenhuma. Qual é a responsabilidade individual de Dilma, como presidente da República que nomeou o diretor da Petrobras, em relação ao esquema de corrupção montado na estatal para beneficiar o seu partido? Imensa, não é mesmo? Ou é conivente, ou é incompetente.

De todo modo, Dilma deve estar tonta até agora com a surra que levou no debate. Para a sua sorte, o ibope do SBT foi de 9 pontos de audiência, dois abaixo do ibope do debate da Band. O da Globo no primeiro turno, para se ter uma ideia, registrou média de 21 pontos. Se fosse na Globo o do SBT, Aécio estaria eleito. Mas há de chegar a hora.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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