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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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De boas intenções, Caetano Veloso também está cheio

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 2 dez 2016, 16h03 - Publicado em 28 fev 2014, 02h18

1.
 
Lula declarou em Cuba: “Maduro é um homem muito bem-intencionado.”
 
É duro dizer o óbvio, mas… De boas intenções, o inferno, a esquerda, o socialismo, o Foro de São Paulo, a Venezuela, o Brasil e as privadas estão mais cheios do que os cofres do Lulinha.
 
2.
Caetano
Caetano Veloso declarou ao jornal El País:
 
Sempre olhei com desconfiança a ligação automática entre artistas e esquerdas. Mas sempre estive mais para a esquerda. Aprendi com meu pai, que temia os anticomunistas por ter visto a ação de grupos fascistas nacionais, que seguiam Mussolini e Hitler nos anos 1930. Além disso, desejo que se superem as estruturas opressivas de todo tipo. Não tenho temperamento conservador. Mas desde o final dos anos 1960 me vi obrigado a pensar com mais responsabilidade sobre essas questões. E percebi que o pensamento conservador pode abordar muitas coisas que as esquerdas recalcam. Acho perigoso e empobrecedor que esquerdistas só leiam autores de esquerda.
 
Também acho, mas nem isso eles leem mais. Nelson Rodrigues já captava parte do fenômeno:
 
“No Brasil, o marxismo adquiriu uma forma difusa, volatizada, atmosférica. É-se marxista sem estudar, sem pensar, sem ler, sem escrever, apenas respirando.”
 
O que era verdade para os brasileiros manipulados pela esquerda virou também para os próprios intelectuais manipuladores, a ponto de hoje ser até difícil distinguir entre ambos, como comprovam diariamente na internet os detratores do autor best seller Olavo de Carvalho.
 
Mas o problema não são apenas os esquerdistas que só leem autores de esquerda e aqueles que nada leem. São também os “mais para a esquerda”, como se confessa Caetano, que leem um par de autores conservadores para então afetar uma superior imparcialidade.
 
Como esquecer o artigo de 1 de setembro de 2013, no qual Caetano igualou o inigualável?
 
“Acho a proposta de Olavo de Carvalho de uma política (e não só uma economia) para os liberais muito presa à ideia de que o comunismo é como o diabo incansavelmente tramando contra o bem. Há boas intenções nos liberais e há boas intenções nos socialistas e comunistas. Embora ninguém duvide de que boas intenções podem levar ao inferno.”
 
Na ocasião, Olavo comentou o “artigo magistralmente oco” do compositor:
 
“Se ele tentasse alardear as boas intenções liberais num jornal de Cuba ou da Coreia do Norte, entenderia o tamanho da asneira que proferiu. Antes que ele se arrisque a tamanho desatino, seria melhor que tentasse explicar para si mesmo como pode haver igual quota de boas intenções em pemitir-lhe que escreva o que bem entenda, até remunerando-o por isso, e em enviá-lo ao pelotão de fuzilamento pelo crime de atribuir boa intenção aos malditos exploradores capitalistas em vez de reservar o monopólio dela, como se deve, aos comunistas. Ou a ‘boa intenção’ tal como a entende o sr. Veloso é pura fantasia subjetiva, desligada de todos os bens e males objetivos (e neste caso até o estuprador de uma menininha de três anos pode legitimamente alegar boas intenções), ou há uma equivalência moral objetiva entre matar um cidadão e preservar sua liberdade. ‘Tertium non datur.’ Com toda a evidência, o sr. Veloso usa o termo ‘boa intenção’ sem qualquer significado substantivo e apenas por ostentação de bom-mocismo convencional, fácil, leviano e radicalmente irrelevante. Não creio que ele compreenda este raciocínio, mas, para uso dos demais, que fique aqui registrado.”
 
Os autores conservadores, como se vê, abordam “muitas coisas que as esquerdas recalcam”, mas isto não quer dizer que os esquerdistas que reconhecem este fato assimilem e passem por uma contrarrevolução terapêutica ao “ler” essas coisas. O pavor de se ver associado ao lado demonizado pelos seus pares de vida inteira e até por seus familiares – como o pai, no caso de Caetano – costuma ser mais forte do que o próprio desejo de rebelar-se contra ou elevar-se acima deles, o que, somado a uma boa dose de vaidade, acaba resultando nessa imparcialidade destrambelhadamente afetada. Acho perigoso e empobrecedor que artistas “mais para a esquerda” posem de leitores dos dois lados, sem que sejam capazes de modificar seus comportamentos com base nos conhecimentos supostamente ganhos em um deles.
 
De boas intenções (para não dizer recalques), Caetano Veloso também está cheio.
 
Felipe Moura Brasilhttps://www.veja.com/felipemourabrasil
 
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