Como empregar parentes: aprenda com Dilma, Pezão, Cabral e outros. Isto, sim, é o verdadeiro Bolsa-Família
Para dar conta de nada menos do que a Olimpíada de 2016, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, entregou a secretaria de Esporte, Lazer e Juventude aos cuidados de Marco Antonio Cabral, filho de apenas 23 anos de seu antecessor, Sérgio Cabral.
Eleito deputado federal pelo PMDB-RJ, Marco Antônio passara pela Casa Civil carioca graças ao prefeito Eduardo Paes, do mesmo partido, sempre disposto a agradar o governador de turno. Se de 2011 a 2012 Paes abrigou o filho de Cabral, agora abriu espaço para o enteado de Pezão, o advogado Roberto Horta Jardim Salles, de 33 anos, também filiado ao PMDB.
Em setembro, VEJA publicou a reportagem “Pezão ou Paizão“, informando que 70% do faturamento da banca que Horta formou com o primo, Horta & Jardim Associados, vinha de concessionárias de serviços públicos ou de fornecedores do estado; e que seu cliente mais notório era a construtora Delta, do empresário Fernando Cavendish.
Foi no período de Pezão à frente da Secretaria de Obras da gestão Cabral que a empresa tornou-se uma das mais importantes empreiteiras do Rio de Janeiro, integrando consórcios de obras gigantescas como a do Arco Metropolitano e a bilionária reforma do Maracanã. Em 2012, a construtora foi acusada pela Polícia Federal de desviar pelo menos 300 milhões de reais dos cofres públicos para empresas fantasmas. Naquele mesmo ano, entrou em recuperação judicial.
Em agosto de 2013, VEJA também publicou a matéria “Os contratos milionários do escritório da mulher de Cabral“, informando que a então primeira-dama do Rio, Adriana Ancelmo, tratada à época pelo marido pelo sintomático apelido de “Riqueza”, ganhava quase dez vezes o salário dele no escritório contratado por concessionárias e prestadoras de serviço para o estado. A receita do escritório passara de 2,1 milhões de reais em 2006 para 9,5 milhões em 2012.
A Folha de S. Paulo publicou nesta quarta-feira um editorial que aponta a nova indicação de Pezão, a colaboração de Paes e outros casos semelhantes de prefeitos e governadores – como Rui Costa (PT), Beto Richa (PSDB) e a recordista Suely Campos (PP) – que tratam o Executivo como se fosse uma empresa particular, com a qual podem fazer favores a familiares e amigos. Em comentário sobre o caso fluminense na Joven Pan, Rachel Sheherazade também lembrou a nomeação recente dos três amigos de Frederico Haddad, filho de Fernando Haddad (PT), para cargos de assessores no gabinete do prefeito de São Paulo, com salário líquido de 3.300 reais.
Hoje mesmo VEJA noticiou ainda que, depois de nomear o ex-senador Eduardo Suplicy (PT) para a Secretaria de Direitos Humanos, Haddad ofereceu a pasta da Secretaria de Relações Governamentais para Alexandre Padilha, candidato derrotado ao governo de São Paulo.
“Todos esses”, como o editorial da Folha dissera, “são apenas exemplos de uma prática disseminada em todo o país que inclui o uso da máquina pública para consolar políticos malsucedidos nas urnas ou empregar pessoas indicadas pelos mais diversos correligionários – para nada dizer das negociações espúrias que envolvem a troca de cargos por apoio político.”
Mas eu não posso deixar de lembrar que o exemplo também vem de cima, sempre com ela, Dilma Rousseff, que arranjou um cargo para seu irmão Igor na prefeitura do aliado Fernando Pimentel. Vale a pena ver de novo o vídeo “zuero” do momento em que Aécio Neves rebateu as acusações de Dilma no debate do SBT com a denúncia do nepotismo cruzado da presidente.
O verdadeiro Bolsa-Família é o que os cidadãos brasileiros pagam por meio dos impostos aos familiares dos políticos que os governam.
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Felipe Moura Brasil – https://www.veja.com/felipemourabrasil
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