Aumenta a pressão sobre Dilma! Veja 5 motivos de preocupação para o governo
Cunha, por exemplo, já não depende do PT para salvar seu mandato
1) Impeachment protocolado
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, recebeu da oposição nesta quarta o pedido turbinado de impeachment, que inclui pedaladas e decretos de 2015. Eis um trecho exemplar:
Dilma “deixou de contabilizar empréstimos tomados de Instituições Financeiras públicas (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil), contrariando, a um só tempo, a proibição de fazer referidos empréstimos e o dever de transparência quanto à situação financeira do país.
Em suma, houve uma maquiagem deliberadamente orientada a passar para a nação (e também aos investidores internacionais) a sensação de que o Brasil estaria economicamente saudável e, portanto, teria condições de manter os programas em favor das classes mais vulneráveis”.
Obviamente, não teve.
O governo cortou verbas de sete programas sociais e o relator do Orçamento de 2016 ainda propõe corte de R$ 10 bilhões (35%) na previsão de despesas com o Bolsa-Família.
De quebra, o déficit no Orçamento de 2015 deve ser de pelo menos R$ 50 bilhões.
2) Mandato de Cunha não depende do PT
Segundo O Globo, “um levantamento passado por parlamentares petistas mostrou que mesmo com os votos do PT contra Cunha, o presidente da Câmara deve enterrar o processo de cassação de seu mandato no Conselho de Ética por 11 votos a favor e nove contra”.
Mais ainda: “o núcleo de articulação política do governo acha muito difícil um recurso ao plenário, onde Cunha controla a pauta e, segundo os participantes da reunião, ‘tem mil instrumentos’ para se manter no cargo indefinidamente”.
Ou seja: Cunha não dependeria do PT para evitar a própria cassação, de modo que Dilma perde esta moeda de troca para dissuadi-lo do impeachment.
No desespero, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, já pediu à chefinha para ela cessar o duelo verbal com Cunha; e o líder do governo no Senado, Delício Amaral, lamentou:
“O momento agora é de temperança e diálogo. Não é hora de enfrentamentos nem de criar arestas. Esse tipo de declaração só cria dificuldades, não ajuda em nada. Temos um cenário muito ruim, e ainda hostiliza?”
Siiiiiiiim!
3) Articulação da oposição com Eduardo Cunha
Os supostos leitores deste blog e presidentes nacionais do PSDB, Aécio Neves, e do PPS, Roberto Freire, dissuadiram os oposicionistas a lançarem nova nota contra Cunha, segundo o Estadão.
“Embora publicamente defendam o afastamento do presidente da Câmara do cargo, líderes da oposição continuam dando suporte político a Cunha nos bastidores. O objetivo é tentar estimulá-lo a autorizar o início do processo de impeachment”.
Segundo Mendonça Filho, do DEM, Cunha não deu prazo para deferir ou não o requerimento, mas sinalizou “de forma clara” que será “muito curto”.
Muito bem, senhores. Deixem as tarefas de irritá-lo para Dilma e de investigá-lo para a PGR.
4) Oposição enfrenta STF
O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), disse que, caso Cunha rejeite o novo pedido de impeachment, a oposição irá recorrer ao plenário com base no artigo 218 do regimento interno da Câmara, a despeito das liminares golpistas do STF que suspenderam essa possibilidade.
Para Bueno, “não é uma decisão monocrática” do Supremo que vai retirar do plenário o poder de decidir se o processo de impeachment será ou não aberto.
Muy Bueno, deputado.
5) Congresso do PMDB
O PMDB confirmou para 17 de novembro o congresso que poderia decretar o rompimento do partido com o governo.
É uma vitória do PMDB de Michel Temer sobre o PMDB de Dilma Rousseff, que, como mostrei aqui, tentava adiar o encontro para o ano que vem.
Segundo Josias de Souza, do UOL, “os peemedebistas avessos a Dilma prevaleceram”: “eles abortaram a manobra protelatória com o apoio do vice-pesidente Michel Temer”.
A coluna Painel, da Folha, havia antecipado:
“O peemedebista Geddel Vieira Lima (BA) prometeu fazer o impossível para manter o congresso nacional da legenda nos moldes originais para forçar o rompimento com o governo.
‘O nosso partido não pode se transformar em agência de emprego para acomodar aqueles que não sabem fazer política fora do poder’”.
Não me lembro de o PMDB ter sido outra coisa, mas nunca é tarde para se redimir.
Como dizem os manifestantes:
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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