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Aécio foi o melhor no debate da Band?

Por Felipe Moura Brasil Atualizado em 31 jul 2020, 03h12 - Publicado em 27 ago 2014, 15h34

debate-presidencia-marina-BAND-16-size-598Que Aécio foi o melhor no debate da Band, no sentido de falar coisa com coisa, apresentar ideias e não fugir das perguntas, não resta dúvida. Se fosse pior que Dilma e Marina nesses pontos, restaria interná-lo. Mas isto não é suficiente para vencer, na percepção do grande público, a propaganda, o chavão, o embuste, a inversão, o ataque cínico que se passam como verdades imponentes. Muitas das pessoas letradas e engajadas politicamente sofrem do mesmo provincianismo mental de Aécio: pensam na sua própria capacidade de percepção, no seu próprio grau de conhecimento técnico, para julgar uma performance e então creem que o candidato esteve acima dos demais e que isto tem relevância na campanha eleitoral.

O confronto direto com Marina foi exemplar.

Quando Aécio questionou a candidata do PSB sobre a “falta de coerência” entre o discurso da “nova política” e as alianças que sua chapa firmou nos estados, por exemplo com o PSDB em São Paulo, na tentativa de trazer para o debate a alta popularidade do governador Geraldo Alckmin, ela se disse “inteiramente coerente”, reconhecendo que “existem pessoas boas em todos os partidos” e afirmando em linguagem futebolística à moda Lula, como uma autêntica petista de raiz, que “o problema é que essas pessoas, a maioria delas estão [sic] no banco de reservas, e a sociedade brasileira que se mobilizou em junho do ano passado, ela vai escalar uma nova seleção”. Quer dizer: Marina anulou a acusação e ainda posou de independente, conciliadora, capaz de reconhecer virtudes nos adversários, ao contrário deles.

Na réplica, Aécio tomou três atitudes básicas:

1) Limitou-se a dizer que continua “com dificuldade de entender o que significa essa nova política”. Quer dizer: como a acusação de falta de coerência não colou, porque era mesmo muito fraquinha, o candidato passou a mirar na nova política em si, com a cerimônia de costume, em vez de apontar de uma vez a farsa do slogan. Não há nada de novo sob o sol da “nova política”: apenas velhos políticos que fingem não estar fazendo política para enganar velhos e novos otários. Aécio não disse isso, é claro, e foi indireto demais para realmente dar a entender.

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2) Reafirmou a sua própria coerência nas questões técnico-econômicas, ressaltando que as medidas tomadas pelo PSDB “alavancaram” o crescimento do Brasil, gerando mais empregos. Quer dizer: Marina falou em linguagem popular, Aécio entrou com o discurso de gerente de banco, sem exemplos práticos. Marina ficou com a coerência lá no alto ao derrubar a acusação de Aécio e ele teve de correr atrás para mostrar que é coerente também.

3) Cutucou a candidata do PSB com vara curta, dizendo que “fizemos tudo isso com a oposição do então seu partido, o PT” – mais uma acusação que Marina anulou, dizendo na tréplica que as palavras de Aécio apenas reforçavam o seu argumento e citando o caso da CPMF em que seu voto foi diferente dos demais petistas. Desse modo, ela pôde posar de independente de novo e atacar a polarização PT-PSDB, para a qual ela se diz uma alternativa, sendo esta a sua única “ideia” – que obviamente deveria ter sido desmascarada pelo candidato, como fiz no post anterior.

Alguém ainda acredita que Aécio tirou votos de Marina neste confronto?

Aécio pode ser “o melhor” o quanto seja, mas ainda é muito pouco eficaz para aumentar seu eleitorado. Vai permanecer em terceiro lugar nas pesquisas se continuar provincianamente querendo apresentar as ideias mais bonitinhas, sem detonar as adversárias dizendo verdades fundamentais.

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Há mais coisas entre a frouxidão e a grosseria do que supõem os partidários da não agressão. E, em que pese o cuidado necessário para não extrapolar os limites, já passou da hora de Aécio não ter mais medo de recair eventualmente na segunda do que sempre na primeira.

Marina e Dilma não têm esse pudor tucano. Como autênticas leninistas de raiz, qualquer coisa elas acusam os outros daquilo (como, por exemplo, da própria política) que elas fazem o tempo todo.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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Veja também: Dilma não está “enganada”, Aécio. Dilma quer enganar! E Marina também! – Notas sobre o debate da Band [incluindo os vídeos].

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