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Análises irreverentes dos fatos essenciais de política e cultura no Brasil e no resto do mundo, com base na regra de Lima Barreto: "Troça e simplesmente troça, para que tudo caia pelo ridículo".
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A banalização da mentira

Por Felipe Moura Brasil
Atualizado em 31 jul 2020, 04h47 - Publicado em 16 dez 2013, 22h01

Mario Vargas Llosa escreveu em seu livro fundamental “A civilização do espetáculo“:
 
“Na civilização do espetáculo a política passou por uma banalização talvez tão pronunciada quanto a literatura, o cinema e as artes plásticas, o que significa que nela a publicidade e seus slogans, lugares-comuns, frivolidades, modas e manias, ocupam quase inteiramente a atividade antes dedicada a razões, programas, ideias e doutrinas. O político de nossos dias, se quiser conservar a popularidade, será obrigado a dar atenção primordial ao gesto e à forma, que importam mais que valores, convicções e princípios.”
 
Barack Obama sabe disso. Barack Obama é isto. Foi eleito e reeleito com a publicidade da mídia e seus (dele e dela) slogans, lugares-comuns, frivolidades, modas e manias. Agora que sua popularidade despenca, precisa redobrar a atenção primordial ao gesto e à forma, que importam mais que seus valores (socialistas), convicções (socialistas) e princípios (socialistas). Se a sua medicina socializada impede o acesso de milhares de americanos a seus médicos e hospitais, nada como o governo impedir o acesso dos jornalistas às atividades do presidente, deixando-as exclusivamente a cargo do fotógrafo oficial da Casa Branca, Pete Souza.
 
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No último sábado, O Globo publicou a reportagem “Imprensa americana acusa Casa Branca de impedir acesso ao dia a dia da Presidência“. Imprensa americana significa: CNN, New York Times, Associated Press e demais agências obamistas traduzidas no Brasil, que ficaram chateadas por não conseguirem mais fotografar seu modelo favorito. A reportagem não diz, mas o diretor de multimídia do USA Today chegou até a declarar que não publicará mais fotos de divulgação – as únicas que o governo quer que circulem. Todo mundo está batendo o pezinho. Quem deu o melhor comentário a respeito foi a radialista e comentarista política Tammy Bruce:
 
“Um dos principais problemas que os jornais estão tendo é que eles costumavam ser os fotógrafos oficiais da Casa Branca. Talvez agora eles estejam apenas com ciúmes. Como vimos nos últimos cinco anos – e esse é o maior problema – a mídia não foi censurada porque ela estava fazendo o seu trabalho para Obama. Agora, de repente, parece haver, de fato, alguma tensão. E ele não gosta disso. (…) Ele se acostumou a obter exatamente o que ele queria da mídia, agora talvez não esteja conseguindo. Há também um leve constrangimento por parte da mídia: “Meu Deus! Ele acha que pode simplesmente nos deixar de fora e não haverá o menor problema.” Isto diz respeito não apenas às tendências tirânicas naturais de qualquer Estado inchado independentemente de quem seja o líder, mas aos males a que a mídia está sujeita ao se tornar parceira desta Casa Branca em particular, o que é mesmo vergonhoso.”
 
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É duro bater a cara na porta depois de tantos serviços prestados. Dói no coração. Agora os jornalistas já sabem que, se disserem por exemplo que Obama mentiu pelo menos 36 vezes diante das câmeras sobre os americanos poderem manter seus médicos e planos de saúde, terão de se contentar com as fotos do Facebook, do Twitter e do Flickr do modelo Obama.
 
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Vargas Llosa tem razão: a política passou por uma assombrosa banalização na civilização do espetáculo. Mas ninguém melhor do que Obama, em palavras e imagens, banalizou a mentira.

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