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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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Salário dos professores faz diferença no desempenho dos alunos?

Dado o caráter explosivo da pergunta, procuramos responder, como sempre, com base nas evidências. Dados conflitam com o senso comum.   

Por João Batista Oliveira 25 nov 2019, 14h35

A pergunta comporta diferentes respostas, e seu teor explosivo requer cuidado na abordagem. Mas vamos responder, como sempre, com base nas evidências. Este post dá continuidade à série sobre o Estudo “Para desatar os nós da educação – uma nova agenda“, que vem sendo publicada neste blog nas últimas semanas.

Comecemos pelo começo: salários fazem diferença no perfil das pessoas que procuram diferentes ocupações. Portanto, não é possível atribuir “diferenças” no desempenho dos alunos apenas a salários – é mais importante entender qual o nível de qualificação das pessoas para então tentar medir o seu impacto.

Como tudo no Brasil, salários são muito desiguais. Eles são desiguais entre homens e mulheres. São desiguais entre ocupações que exigem o mesmo nível de escolaridade. São desiguais entre setor público (geralmente mais elevados) e setor privado, e são desiguais em função de tempo de serviço. E também são desiguais em função de características das pessoas – algumas dessas são observáveis (como o tipo de curso que fizeram ou a trajetória no mercado de trabalho) outras não (como algumas características pessoais). Estamos, portanto, em terreno escorregadio.

Há dois conjuntos importantes de informação que nos ajudam a entender melhor a questão – e essa informação provém dos países mais desenvolvidos, os países membros da OCDE. Na maioria desses países, cerca de 30% dos egressos do ensino médio ingressam no ensino superior. Portanto, por definição, os professores integram o conjunto dos 30% melhores alunos do ensino médio. Em alguns países como a Finlândia e Cingapura, a seleção é ainda mais rigorosa, e os professores são recrutados entre os 3 a 5% melhores de sua geração. Esse conjunto de países tem um desempenho razoável, com média próxima de 500 pontos no Pisa, alguns deles com média bastante acima disso.

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O outro conjunto de informações refere-se aos salários. Na maioria dos países desenvolvidos, o salário do professor gira em torno do valor médio do PIB per capita. No Brasil, gira em torno de 1,5 do PIB per capita, o que não é o caso da maioria da população. Veja essa figura.

De posse dessas informações, podemos examinar os dados empíricos sobre salário de professores no Brasil. Esse quadro mostra que a variação de salários dos professores tem impacto ínfimo no desempenho dos alunos, seja do 5º ou do 9º ano. Uma diferença entre 1.400 e 3.500 reais está associada com um aumento de pouco mais de três pontos; entre 3 e 6,5 mil reais aumenta dois pontos. O mesmo ocorre no 9º ano.  Se o salário passa do nível mais baixo (cerca de 1.500 reais) para o nível mais alto (acima de 6.500 reais) o aumento é de 5 pontos – o que representa pouco mais de três meses de escolaridade. Não é um ganho desprezível, mas o custo é extremamente elevado para um ganho tão modesto.

Os dados sugerem, com ênfase, que o simples fato de pagar mais ou menos aos professores não está associado a melhores resultados dos alunos. Esses dados conflitam com o senso comum.

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