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Por João Batista Oliveira
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Quanto vale uma série escolar no Brasil?

Menos de 50% dos alunos das nossas escolas públicas adquirem os conteúdos do ensino fundamental. E nossas elites educacionais também não estão nada bem.

Por João Batista Oliveira Atualizado em 17 dez 2019, 14h42 - Publicado em 17 dez 2019, 14h34

Quanto vale uma série escolar no Brasil? No 6º post desta série sobre o PISA 2018, apresento dados para refletirmos sobre isso. Trata-se de uma análise de caráter especulativo, ainda que baseada em dados. O critério é o acúmulo de conhecimentos, medido por meio de testes como o PISA.

Esta figura apresenta a nota dos alunos brasileiros no PISA em anos anteriores. Concentramos o exemplo na disciplina de Matemática. A OCDE recomenda usar a série de 2003 em diante para comparações temporais, dado que em 2003 foi a primeira vez que Matemática foi tema central. 

A nota obtida em função da série escolar varia nas diferentes aplicações do teste, mas é bastante estável. Usamos os dados mais recentes. Entre o 8º e o 9º ano, o ganho é de 25 pontos. Entre o 9º ano e o 1º ano do ensino médio, o ganho é de 42 pontos. Entre o 1º e o 2º ano, o ganho é de 45 pontos. E entre o 2º e 3º ano, o ganho é de 15 pontos. 

Isso sugere que os conteúdos relevantes para o PISA se concentram nos dois primeiros anos do ensino médio. Mas para ter capacidade de adquirir esses conhecimentos, seria necessário obter pelo menos 420 pontos – e nas séries anteriores os ganhos são menores. 

A média em Matemática das escolas públicas brasileiras no PISA é de 384 pontos. Para alcançar a média da OCDE, seria necessário aumentar o desempenho em 100 pontos, ou seja, o aluno médio deveria adquirir o conhecimento equivalente ao que se adquire ao longo das três séries do ensino médio. 

Na verdade, o problema é mais grave: o nível mínimo para a OCDE seria de 420 pontos. A média de 384 pontos das nossas escolas públicas revela que 85% dos alunos encontram-se abaixo do nível mínimo no caso de Matemática.  

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Juntando as informações dos dois parágrafos anteriores, podemos supor que, pelo menos no caso da Matemática, o nível de desempenho dos alunos das escolas públicas brasileiras situa-se, em média, entre 6 e 7 séries escolares.

Isso confirma o que sabemos pelo SAEB/Prova Brasil: menos de 50% dos alunos adquirem os conteúdos das séries iniciais.

A situação das escolas privadas é um pouco mais confortável, pois elas já se encontram perto da média dos países da OCDE.  

O problema é que parte significativa dos alunos dessas escolas provém das camadas de melhor nível socioeconômico do país e, consequentemente, com maiores chances de um bom desempenho escolar.

Um abismo de desempenho separa nossas escolas privadas e nossas elites da elite educacional dos países da OCDE. 

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O Brasil precisa urgentemente repensar o seu currículo e suas estratégias para melhorar a educação na base, a partir das séries iniciais. 

Mas o país também precisa cuidar de suas elites – nossos melhores alunos estão muito aquém do que precisariam para circular de igual para igual entre as elites dos países da OCDE. 

O ENEM e os vestibulares são parte do problema – e esta discussão sequer é percebida como relevante.

Temos uma longa jornada pela frente – e o país sequer entendeu que precisa repensar suas políticas educacionais. Muito menos sabe em que direção deve seguir.

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