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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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Prova Brasil 2019: tivemos avanços?

Nesta série de posts que começa hoje, compartilho com os leitores reflexões sobre os resultados da Prova Brasil, divulgados recentemente pelo MEC.

Por João Batista Oliveira Atualizado em 29 set 2020, 13h41 - Publicado em 28 set 2020, 16h28

Se analisarmos testes internacionais como o Pisa, o TIMMS ou o PIRLS, poderemos observar que avanços dentro de um mesmo país ao longo do tempo costumam ser raros e modestos. Quando abruptos, normalmente refletem flutuações temporárias ou esforços bem-sucedidos de reformas educativas. Mas, em geral, essas flutuações são raras. Isto se dá, especialmente nos países da OCDE e nos países asiáticos, por uma razão principal: os sistemas educativos desses países já se encontram num patamar relativamente elevado e estável. Melhorar exige investimentos e esforços gigantescos. Já os países que melhoram no Pisa, como é o caso do Brasil, são países que se situam muito abaixo da média dos países da OCDE, e que, portanto, têm espaço para melhorar. 

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Da mesma forma que no passado nos acostumamos com a inflação, nos acostumamos também com a ideia de que o normal é esperar aumentos na Prova Brasil a cada ano. Isso também se deve, em parte, à distorção causada pelo IDEB, um indicador que mistura nota com fluxo escolar e dá essa ilusão de melhoria. Um estudo da consultoria Idados demonstra que o IDEB embute uma informação de baixa qualidade, pelo fato de misturar dois indicadores. 

O avanço do Brasil nas séries iniciais em Matemática entre 2005 e 2019 foi de 45,3 pontos. Nas séries finais foi de 25,6 pontos. E no ensino médio, foi praticamente inexistente até 2017. Nesta última rodada, houve um avanço de 9 pontos. Recomendo a quem estiver interessado em dados mais detalhados e específicos a leitura do relatório preparado pela consultoria IDados. 

A trajetória dos avanços nas séries iniciais começa a perder fôlego – nas últimas duas rodadas o crescimento vem se reduzindo. A trajetória nas séries finais continua estável, mas com um nível de avanço muito baixo quando comparado com o avanço das séries iniciais. 

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Casos de melhoria significativa e continuada – que são poucos – sugerem que podem ser feitas melhorias num nível (séries iniciais ou finais) sem repercussão no outro. Em outras palavras: é possível melhorar muito nas séries iniciais sem que isso afete o desempenho das séries finais. E é possível o inverso: melhorar as séries finais sem melhorar as iniciais. Mas, no ritmo atual, o Brasil levará pelo menos 40 anos para atingir o atual nível de desempenho dos países da OCDE.

Quanto ao “avanço” do ensino médio, possivelmente trata-se de um ruído, pois nada do que é conhecido justificaria um avanço relativamente grande (10 pontos, 20% de um desvio padrão, ocorrendo ao mesmo tempo em mais de 20 Estados). Ademais, no ENEM de 2019 não houve qualquer alteração em relação aos resultados de anos anteriores. Portanto, a hipótese mais plausível é a de que esse aumento não passa de um ruído – raro, mas possível de acontecer em exames desta natureza. Entre as hipóteses mais robustas: esta é a 2ª rodada de aplicação da Prova Brasil para o universo dos alunos, e é possível que ainda haja flutuações na amostra. O resto, pelo menos até aqui, não passa de especulação.

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