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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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Prêmio Nobel de Economia e a avaliação de impacto em educação

Premiados trazem evidências sobre o que pode funcionar. Enquanto isso, governos e empresários continuam gastando milhões de reais em iniciativas inócuas.

Por João Batista Oliveira Atualizado em 14 out 2019, 16h29 - Publicado em 14 out 2019, 16h26

Mais uma vez o Prêmio Nobel de Economia vai para estudiosos de temas relacionados ao capital humano. O trio vencedor criou o J-Pal, um centro de pesquisas associado ao MIT que conduz estudos rigorosos de impacto em áreas sociais, com foco na redução da pobreza.

Abundam, na internet, informações sobre o trabalho desse grupo e as características inovadoras que levaram à obtenção do prêmio. Portanto, não é o caso de repeti-las aqui. O nosso objetivo é chamar atenção para o tema das evidências e o rigor requerido para comprová-las.

Em poucas palavras, o trabalho do J-Pal mostra os critérios necessários para a comprovação de evidências. De um lado, há avanços metodológicas – o “padrão-ouro” das pesquisas nas ciências sociais hoje atende pelo nome de “RTC – Randomized controlled trial”, ou seja, experimento randomizado controlado, que já vinha sendo adotado há mais tempo em outras áreas, especialmente na medicina. Isso requer cuidados especiais no desenho e na implementação dos experimentos, de maneira a estabelecer relações de causalidade entre as intervenções e os resultados. De outro lado, há a questão da escalabilidade: uma andorinha não faz verão. Os experimentos precisam se basear em intervenções implementadas em larga escala, que, por sua vez, servirão de base para orientar a expansão em grande escala de intervenções devidamente avaliadas.

Essas lições são particularmente relevantes para o Brasil. Assistimos, nessas últimas décadas, ao surgimento de grandes programas do governo federal e de muitas iniciativas – algumas delas milionárias – de organizações não-governamentais. Tipicamente elas não se fundamentam em evidências sólidas, e pouquíssimas delas tiveram seu impacto avaliado usando métodos rigorosos de avaliação.

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Uma das grandes contribuições dos premiados foi trazer evidências empíricas sobre o que pode funcionar. No entanto, governos e empresários continuam “torrando” milhões – e mesmo bilhões de reais – em iniciativas inócuas. Os governos continuam fascinados pelo que pode ser implementado a curto prazo e ter alta visibilidade (vide o desastre do PRONATEC, prestes a ser reeditado). E os empresários parecem fascinados com ideias “bacanas”, que não criam atrito com ninguém, mas que não produzem resultado. E as avaliações, quando realizadas, raramente são encomendadas mediante processos adequados de concorrência entre pesquisadores e grupos de pesquisa. Tudo fica em casa, entre amigos.

No campo da pesquisa educacional existem duas áreas exaustivamente pesquisadas em todo o mundo, com estudos rigorosos e resultados robustos. Uma delas diz respeito à leitura interativa para crianças desde o berço. A outra, à eficácia dos métodos de alfabetização de base fônica.

O Prêmio Nobel foi instituído e vem sendo cada vez mais utilizado para sinalizar para a sociedade a relevância do conhecimento – especialmente o conhecimento científico – para promover o bem-estar da sociedade. Os cientistas vêm fazendo a sua parte. Cabe aos governantes e aos detentores de grandes fortunas fazer a deles, seja avaliando de forma adequada os seus programas e projetos, seja usando evidências para decidir onde e como melhor alocar os recursos.

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