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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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O futuro do magistério

O maior preditor de sucesso dos alunos é o nível de desempenho acadêmico dos professores. No Brasil, esse desempenho está longe do ideal.

Por João Batista Oliveira 18 jun 2019, 18h04

Agora a moda é falar em carreiras docentes, residência, certificação. Será que isso vai resolver o problema básico da educação, que é a qualidade dos professores?

Vejamos os fatos.

Em um post intitulado “Os professores do amanhã” recém-publicado pelo pesquisador Guilherme Hirata, da consultoria Idados, ele compara o perfil acadêmico dos concluintes de licenciaturas com os de economia, em 2017. A base de comparação são as notas desses alunos no ENEM.

A nota média dos licenciados é próxima de 500 pontos, os de economia estão próximos de 650 pontos. O desvio padrão do ENEM é de 100 pontos, portanto a diferença é de 1,5 desvios-padrão – uma diferença equivalente a 6 anos de escolaridade. Pouquíssimos licenciados estavam acima de 700 pontos – nota que ainda está longe de assegurar vaga numa boa universidade pública, e longíssima de assegurar vaga num bom curso dessas instituições. Esta é a foto, de 2017. Mas o filme é parecido – o estoque de professores que trabalham nas escolas tem um perfil parecido com a foto de 2017.

Vejamos as evidências.

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O maior preditor de sucesso dos alunos é o nível de desempenho acadêmico dos professores – Prova Brasil, ENEM e Pisa são bons indicadores disso. Não é por acaso que os alunos de Cingapura e Finlândia estão entre os melhores do mundo. A qualidade do professor se mede pelo seu desempenho acadêmico – não pela titulação formal. Esta, aliás, não tem qualquer relação com desempenho dos alunos.

Todas as propostas que estão sendo veiculadas, nos anos recentes, e com mais ênfase no momento, partem do pressuposto de que A GRANDE SOLUÇÃO para a questão dos docentes está em (a) aumentar salários (b) mudar o currículo dos cursos de pedagogia a serem ministrados nas mesmas escolas e pelos mesmos professores (c) criar mecanismos para certificar professores e (d) criar “residência docente” a ser gerenciada por Deus sabe quem. E por aí vai – tudo regulado por normas e portarias redigidas na gongórica linguagem característica do Conselho Nacional de Educação.

Se evidências servirem de guia, esses não parecem ser caminhos adequados para lidar com o estoque existente de professores. Para esses há outras estratégias reconhecidamente comprovadas – mas que não caem no gosto de nossas autoridades.

E, para os futuros professores, a experiência de quem deu certo na área sugere que concentrar esforços em atrair pessoas com boa formação e ensiná-las a dar boas aulas com base em estágios rigorosos realizados em boas escolas dará resultados muito melhores do que tentar alterar currículos, programas e estabelecer sofisticados sistemas de certificação e residência. Não que esses sejam totalmente inócuos – são apenas inadequados para a realidade em que vivemos.

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Vejamos os dados.

De acordo com projeções de queda da demografia e de previsão de aposentadoria dos professores, nos próximos anos seriam necessários cerca de 30 a 40 mil novos professores por ano. Hoje existem mais de 1,5 milhão de alunos em cursos de magistério. Não seria mais fácil e viável, por exemplo, concentrar recursos para atrair jovens e profissionais já formados para preencher progressivamente essas vagas e usar o dinheiro hoje desperdiçado em cursos de qualidade duvidosa e ineficácia comprovada para inserir esses novos quadros – progressivamente – em novas e atraentes carreiras?

Hoje já se tornou moda falar em evidências. Para melhorar a educação não basta falar em evidências, é preciso segui-las. Mesmo quando não sejam populares. Ou que tenham sabor de remédio amargo.

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