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Por João Batista Oliveira
O que as evidências mostram sobre o que funciona de fato na área de Educação? O autor conta com a participação dos leitores para enriquecer esse debate.
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Ler é melhor do que estudar

A frase é do Ziraldo, e dados da Prova Brasil sugerem que ele pode ter razão.

Por João Batista Oliveira 19 mar 2019, 15h55

São robustas as evidências de que a leitura tem forte relação com o desempenho escolar, dentre outros impactos positivos. Isso vale para estudos feitos com leitura para bebês, leituras para criança muito pequenas, leitura em ambientes escolares. Um dos estudos mais abrangentes sobre o tema sugere, com evidências robustas, uma fortíssima relação entre o número de livros existentes em casa e o desempenho escolar: uma criança de nível socioeconômico mais desfavorecido que cresceu numa casa com mais de 500 livros consegue desempenho escolar equivalente a pessoas de ensino superior. É muito forte o poder da leitura.

Também são robustas as evidências sobre o impacto das variáveis socioeconômicas sobre o desempenho escolar. Dentre os vários indicadores, o nível de escolaridade das mães é um dos mais fortes. Portanto, seria razoável supor uma forte associação entre o nível de escolaridade da mãe, o hábito de leitura e o desempenho escolar.

Em busca de evidências, o pesquisador Guilherme Hirata, em um post para o blog do IDados, produziu duas interessantes tabelas sobre o assunto. Elas apresentam dados surpreendentes e desconcertantes. Na primeira, vemos que apenas 25% dos alunos são leitores habituais, e 25% praticamente nunca leem. Os demais afirmam “ler de vez em quando”. Isso não é muito diferente em outros países – a partir dos 11/12 anos de idade, é muito difícil conseguir manter os jovens ligados ao mundo da leitura. E este é o desafio cada vez maior da escola.

A segunda tabela mostra o impacto da dose de leitura na Prova Brasil: quem lê frequentemente tem quatro pontos a mais do que quem lê de vez em quando e onze pontos a mais do que quem nunca lê. Ou seja: ler faz diferença. Resta a pergunta: essa diferença é grande?

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Se consideramos que, em média, os alunos brasileiros ganham 46 pontos entre o 6º e o 9º ano, 12 pontos equivalem a 1 ano de escolaridade. Se considerarmos apenas o desvio-padrão da prova, ainda assim o impacto é grande: 12 pontos equivalem a 25% de um desvio padrão – é um efeito considerável.

Esses dados fornecem matéria para profundas reflexões e interpretações. É possível que os 25% dos alunos que leem foram fortemente impactados por suas famílias nos anos iniciais. Cabe lembrar que os dados incluem alunos de escolas públicas e privadas – portanto, é de se esperar uma concentração maior de alunos da escola privada entre os leitores habituais. Também é sabido que o impacto dos fatores extraescolares é tão maior quanto mais exigente o nível de ensino – para ter impacto grande das séries finais em diante a escola tem que ser muito melhor. No Brasil, esse impacto é muito pequeno, o que valoriza a importância da leitura e o significado dos resultados. Ziraldo tinha razão.

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