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Por João Batista Oliveira
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Analfabetismo funcional: novos dados, velhas realidades

Chama atenção a porcentagem de adultos no nível proficiente de alfabetização no Brasil - apenas 12% -, apesar do aumento da taxa de escolaridade

Por João Batista Oliveira Atualizado em 12 nov 2018, 16h09 - Publicado em 12 nov 2018, 15h50

A edição 2018 do Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional) acaba de ser divulgada pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa. Não há boas notícias. O termo “analfabetismo funcional” se aplica aos indivíduos com entre 15 e 64 anos de idade que se situam nos níveis 1 e 2 de uma escala de 5 pontos – seria como tirar menos de 4 numa prova.

Embora sem novidades, alguns aspectos do estudo chamam a atenção. O primeiro é que houve um aumento gigantesco na taxa de escolaridade da população nesses últimos 18 anos, período em que o Inaf vem coletando dados. Apesar disso, continua baixo o nível de pessoas funcionalmente alfabetizadas. Na população total, o nível de analfabetismo funcional se reduziu de 39% para 30% da população entre 2001 e 2018. Nos níveis elementar e intermediário fomos de 48% para 59%, ou seja, cerca de 10% morreram ou deixaram de ser analfabetos funcionais e se encontram no nível elementar de alfabetismo funcional.

Também chama atenção a porcentagem de adultos no nível proficiente – apenas 12% -, e isso não mudou ao longo deste século, apesar do aumento da taxa de escolaridade. Este dado é ainda mais grave do que parece:  apenas 34% das pessoas com nível superior encontram-se nesse nível. Este dado combina com o que sabemos do Pisa – apenas 16% dos brasileiros atingem o nível 3 do Pisa, nível considerado minimamente adequado para o indivíduo fazer qualquer tipo de reflexão a partir de uma leitura.

O nível de escolaridade da força de trabalho continua alarmante. Essencialmente a base do setor produtivo é formada por um exército de Brancaleone: 25% dos trabalhadores são analfabetos funcionais e outros 25% possuem o nível elementar, são capazes apenas de “selecionar uma ou mais unidades de informação observando certas condições, em textos diversos de extensão média realizando pequenas inferências”. Ou seja: são incapazes de ler e compreender um manual de instruções. É mais ou menos o que se passava na Inglaterra no século XVIII.

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Os relatórios do Inaf – sempre de altíssima qualidade – podem ser lidos como capítulos adicionais de Cem Anos de Solidão: nada muda em Macondo. As iniciativas para ajudar os adultos não apresentam resultados. E o sistema escolar, embora produza mais diplomados, não produz mais gente capaz de usar a leitura para fazer bom uso dela.

Os que advogam a expansão desenfreada da educação encontram aqui um rico material para reflexão: não adianta expandir sem qualidade. Educação de adultos tal como é oferecida também não produz impacto. O setor produtivo não tem sido capaz de qualificar as pessoas no trabalho. Remediar continua sendo mais caro e menos eficaz do que prevenir. Mas o sistema educacional não tem funcionado como um bom preventivo: 70% dos que já concluíram as séries iniciais são analfabetos funcionais e 33% dos que concluíram as séries finais encontram-se nesse mesmo nível. Olhando no reverso do espelho: apenas 1%, 4% e 12% dos concluintes das séries iniciais, finais e ensino médio, respectivamente, atingem o nível proficiente. Este é o Brasil em que nos encontramos em 2018.

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