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Surfistas de ondas fáceis

O fato interessa menos que o drama ou a comédia que se faça dele

Por Dora Kramer Atualizado em 1 fev 2019, 07h00 - Publicado em 1 fev 2019, 07h00

Uma catástrofe aconteceu em Brumadinho porque a empresa dona da barragem que se rompeu e as instâncias do poder público responsáveis por regular a operação foram e são criminosamente negligentes. Esse é o fato. Já as versões que nos dias seguintes se reproduziram a respeito, principalmente na internet, tiveram menos a ver com o fato e mais com o drama ou a comédia (sim, houve disso) que as pessoas se dispuseram a fazer dele com base nas respectivas posições ditas políticas.

Atitudes usuais em se tratando das redes, esses ambientes permeáveis aos surfistas de ondas fáceis. Desconforta, no entanto, constatar que uma tragédia das proporções da ocorrida em Minas Gerais seja utilizada para esse tipo de atividade. E aqui se incluem todas as correntes delirantes: a daqueles que culparam a privatização da Vale nos anos 1990, a dos que responsabilizaram a insensibilidade de Jair Bolsonaro e companhia ao tema do meio ambiente e a turma que resolveu tripudiar sobre a população de Brumadinho porque Bolsonaro ganhou a eleição na cidade.

O traço comum entre esses grupos é o exercício da manifestação sem compromisso algum com a realidade e com os efeitos que possam causar aos outros. Repetiu-se a situação quando da morte do irmão mais velho de Lula, em razão do pedido do ex-presi­dente para comparecer ao velório. De um lado, falou-se que a autorização dada pelo ministro Dias Toffoli a Lula para ir a uma unidade militar encontrar-se com parentes, com proibição de fotos e uso de celular, significava um “sequestro” dos direitos do ex-presidente, e, de outro, fizeram-se inúmeras piadas com a entrevista da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, no cemitério. Houve até quem aventasse a hipótese de uma armação para permitir a saída temporária de Lula da prisão em Curitiba.

Além de desnecessárias, são em alguns aspectos manifestações nefastas, prova de que boçalidade não tem ideologia. Sinais de um tempo em que as pessoas se impõem a obrigação de dar opinião sobre tudo, saibam ou não a respeito do que falam, tenham ou não informações mínimas sobre o assunto de que tratam. O destaque disso que chamemos aqui de fenômeno, até por falta de termo mais adequado, é a tendência de dar ao fato o caráter de drama ou de comédia, dependendo do gosto do freguês.

O que se tem com isso é um misto de superficialidade e distorção, cujo resultado é um elogio permanente à ignorância. Seus autores são todos uns indignados de plantão, donos da convicção de que suas opiniões dão rumo ao mundo. Tomando emprestada de Nelson Rodrigues a expressão e pedindo licença para trabalhar no seu inverso, formariam com louvor na tropa dos imbecis da falta de objetividade.

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A postos. Com todos os elogios que já foram feitos ao comportamento de Hamilton Mourão no exercício da Presidência, há que notar uma franca adaptação do general algo folclórico da campanha ao personagem de vice-­presidente em contraponto ao chefe, pronto para o que der e vier.

Publicado em VEJA de 6 de fevereiro de 2019, edição nº 2620

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