Sorte para o azar
Se tivesse juízo, o presidente Bolsonaro desistiria de medir força com as ruas
Jair Bolsonaro é presidente eleito, não precisa medir força com ninguém, muito menos com as chamadas ruas. Ainda assim, resolveu confrontar. Não vai às manifestações (era só o que faltava para se comparar os piores populistas/ditadores), faz um gesto supostamente institucional ao aconselhar ministros a não ir, mas tampouco desestimula de maneira contundente a participação sob o argumento de que o protesto a favor é “espontâneo”.
Se tivesse um pingo de juízo daria o dito por não dito. Como não tem, dá um passo à frente na direção da beira do abismo. A manifestação do próximo dia 26 tem tudo para dar errado, principalmente porque não conta com o apoio de setores mais articulados e consistentes do bolsonarismo.
E se der certo, levar multidões às ruas? Não vai significar nada no tocante à trajetória de governo. O Congresso não mudará e as tolices continuarão a ser cometidas. Por isso vários de seus apoiadores consideram a convocação desnecessária e, mais que isso, arriscada. Se levar pouca gente é ruim, se levar muita não necessariamente é bom.
De onde, desnecessária, arriscada e, sobretudo, tola a convocação.