O PT tanto rodou, tanto inventou, tanto pintou, tanto bordou que acabou quebrando a cabeça no tabuleiro que armou. Trata-se de extrema boa vontade chamar as ações do PT para o momento eleitoral de “estratégia”. Tomemos a definição do termo no Houaiss: “Arte de aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando ao alcance de determinados objetivos”.
Portanto, o amontoado de decisões sem pé nem cabeça do partido a fim de atender as conveniências de Lula pode ser tudo menos o fruto de planejamento, organização e método. Essas coisas agora nas proximidades da definição do processo cobram um preço alto.
Vejamos o quadro: Lula declara-se candidato enquanto o partido escolhe um vice e retira da disputa uma candidata de outra legenda para fazer o papel de “sub do sub”, para usar expressão do chefe, porque sabe que aquele vice é na realidade o candidato; mas isso não pode ser dito para não dar a impressão de que petistas admitem o impedimento legal de Lula.
Ao mesmo tempo o partido desiste de pleitear a liberdade do ex-presidente para evitar que a Justiça leve a julgamento a questão da inelegibilidade antes do tempo. Qual tempo? A contar de hoje, cinco dias. Um ganho e tanto. Ora, se recua é porque não confia na consistência do pedido agora retirado. Mas, se confia, por que abrir mão da possibilidade de uma decisão favorável à liberação.
Se o leitor e a leitora não entenderam nada não se preocupem. Estamos todos os no mesmo barco. Incluindo aí os maiores interessados, cujo vaivém é um retrato perfeito da mais absoluta confusão e ausência de solução.