A anedota é inevitável e irresistível. Mas, se há a parte comédia, a parcela tragédia é maior no caso do senador Chico Rodrigues ora afastado do cargo por pego em flagrante com maços de dinheiro escondidos na cueca e mais além.
Ruim para o parlamentar, muito ruim ficou para o presidente da República que se jacta da inexistência de corrupção em seu entorno e ameaça dar “voadoras no pescoço” de quem sair na linha em seu governo.
Vice-líder no Parlamento é parte do governo, como bem designa a denominação de integrantes do colégio de líderes “do governo”. Fora isso, Chico Rodrigues e Jair Bolsonaro sempre celebraram a proximidade como uma vantagem para ambos.
O episódio, ao qual vem se juntar investigações relativas a atividades extra curriculares e dois filhos do presidente e de dois líderes “do governo” (Ricardo Barros, na Câmara, e Fernando Bezerra, no Senado) evidencia o risco das relações da Presidência com um grupo parlamentar de notórias complicações com a Justiça. Disso já deram fartas notícias as alianças do PT com esse mesmo grupo.
Ademais, o caso ainda traz de volta à tona outra mazela: a do método de escolha dos suplentes de senador. No lugar de Chico Rodrigues, assume o filho, Pedro Oliveira. Assim quase sempre é com senadores colocando na suplência parentes, amigos e financiadores de campanha.