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Muito além do simbólico

Marielle não apenas simboliza tragédia da insegurança, como indica que ainda pode piorar

Por Dora Kramer Atualizado em 30 jul 2020, 20h32 - Publicado em 16 mar 2018, 11h02

É raro o dia em que não temos notícia de um assassinato em decorrência da captura dos direitos e garantias do cidadão pela criminalidade que assola e ainda domina o Rio de Janeiro, ora sob intervenção federal na área da segurança pública. A rotina do medo foi quebrada nesta semana pela onda de revolta provocada pela brutal execução de Marielle Franco e Anderson Gomes nas barbas das Forças Armadas.

À vereadora e ao motorista não aconteceu nada de muito diferente do que acontece diuturnamente com cidadãos anônimos numa cidade refém da violência e da desvantagem do poder público frente ao poder do narcotráfico e seus desdobramentos: da corrupção ao alastramento das milícias, passando pela selvageria dos ataques a policiais e o uso desmedido da força do Estado contra moradores dos territórios dominados.

Multidões foram às ruas para exigir um basta, numa dimensão nunca vista no Rio a despeito do horror vivido há anos principalmente pelos desprotegidos, desprovidos dos instrumentos da defesa ao alcance dos mais providos de recursos. As vidas de Marielle e Anderson valiam tanto quanto as das grávidas mortas, dos bebês assassinados no ventre das mães, dos pais executados na frente dos filhos, das crianças baleadas dentro de casa, dos transeuntes atingidos por tiros a esmo.

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A realidade, no entanto, impõe uma diferença: ativista da causa dos direitos civis, delegada do voto de 46 mil eleitores, Marielle Franco é um símbolo e por isso mobiliza. O assassinato simboliza mais que a tragédia da violência: indica que a ousadia ilimitada do crime não se intimida nem mesmo com a presença do Exército. E, se não há paradeiro, onde vamos parar?
A decretação da intervenção era obviamente necessária. Era isso, ou depois do tenebroso Carnaval em que prefeito e governador entregaram a cidade aos fluxos da bandidagem o governo federal assinava a própria falência convocando mais uma reunião para elaborar mais um plano ineficaz de segurança.

Necessária, mas como se vê, não suficiente. “Investigação rigorosa” para prender os autores é providência óbvia, mas pontual. Falta agora o posicionamento da Presidência da República a nos dizer qual é o rumo, o que fará o Estado para impedir que a mensagem dada com a morte da vereadora se materialize numa escalada de ataques dos quais rigorosamente ninguém está a salvo. Nem juízes, parlamentares, ministros nem o chefe da Nação. De resto já atingido por estilhaços do assassinato no bairro do Estácio.

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