Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Dora Kramer Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Coisas da política. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

Latifúndio improdutivo

No centro, onde cabem quase todos, ninguém se encaixou ainda

Por Dora Kramer Atualizado em 31 jan 2018, 15h39 - Publicado em 12 jan 2018, 06h00

Nada politicamente maior nem por ora eleitoralmente menor que o chamado centro tão celebrado por onze entre dez políticos como a solução para as próximas eleições presidenciais. A julgar pelas pesquisas, só os pontos extremos estariam representados como prediletos: Luiz Inácio da Silva numa ponta, Jair Bolsonaro na outra.

É cedo e sobretudo imprudente comprar tais mercadorias pelo valor de face, dado o caráter farsista de ambas, a começar pela classificação de esquerda e direita. Os dois transitam muito à vontade entre campos políticos divergentes e/ou convergentes, a depender das circunstâncias, o que já de início anula a validade de qualificações ideológicas.

Bolsonaro e Lula já foram, por exemplo, firmemente favoráveis à submissão da economia aos ditames do Estado e da mesma forma mudaram de opinião a fim de moldá-la às conveniências eleitorais de ocasião. Na atual situação, cada qual representa, no sentido teatral e histriônico do termo, o radicalismo ao gosto destes tempos de boçalidades via internet.

Sobra, portanto, o dito centro. Um vasto terreno à espera de habitantes competitivos. O maior problema dos que já frequentam a área não é o desempenho pífio nas consultas prévias à opinião do público. Juntos, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Rodrigo Maia e Michel Temer não chegam a 10%. A questão não é essa, pois tempo há para a conquista de eleitores.

O dado fundamental foi apontado por Fernando Henrique Cardoso ao jornal O Estado de S. Paulo no início do mês. Da entrevista, o mundo político deu muita atenção ao acessório (a óbvia constatação de que Alckmin precisa provar-se eleitoralmente viável para consolidar a candidatura), deixando de lado a parte essencial da análise do ex-presidente, quando ele fala sobre a qualidade da mensagem a ser transmitida à sociedade.

Continua após a publicidade

“É preciso que alguém toque nas cordas sensíveis à população”, alertou FH, lembrando que a agenda está aí para ser enfrentada e os temas são as tradicionais carências na educação, nos transportes, na saúde pública, na segurança, enfim, naquilo em que o Estado brasileiro falha com o cidadão de maneira escandalosa. À lista faltou acrescentar a conduta dos governantes no trato da coisa pública, item que inclui a corrupção, agora em destaque no rol de preocupações do eleitorado.

Mas se a pauta não é mistério, Fernando Henrique lembra, com razão, que nenhum partido ou candidato encontrou uma maneira eficiente de transmitir a mensagem. Donde a maioria (sim, Lula e Bolsonaro não representam o grosso dos votos) segue órfã. Entre os nomes citados como postulantes à conquista do manancial ainda à disposição, não se ouve de nenhum deles algo parecido com talento para abrir canal de comunicação consistente, estabelecer diálogo convincente e criar identificação de modo a conquistar a confiança da população.

É o que FH chamou de “tocar nas cordas sensíveis” do brasileiro: preocupar-se mais com a união nacional do que em formar coligações partidárias imensas e amorfas, verdadeiros latifúndios improdutivos no tocante às demandas do eleitorado.

Publicado em VEJA de 17 de janeiro de 2018, edição nº 2565

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.