Inconformismo e subversão
Caos no Capitólio projeta reação de outros governantes a derrotas
Se o inimaginável aconteceu nesta quarta-feira, 6, nos Estados Unidos com a invasão do Capitólio, é de se imaginar que em países de democracias menos sólidas algo semelhante possa vir a ocorrer como reação de governantes inconformados com derrotas eleitorais e dados a insuflar seus apoiadores à revolta contra as regras do jogo.
Ajudará a evitar comparações e a desestimular projeções, se o presidente Jair Bolsonaro se manifestar de maneira contundente não apenas contra a insurreição, mas principalmente em condenação firme à escalada de incitação à violência feita nos dias anteriores pelo presidente Donald Trump via rede social.
Aqui o presidente não tem ajudado a aplacar desconfianças de que poderia trilhar caminho semelhante ao do amigo do Norte no caso de derrota em 2022, com suas constantes manifestações de desmoralização do processo eleitoral e lançando suspeições sobre o uso das urnas eletrônicas.
Na mais recente delas, feita em uma das diversas situações criadas por ele para se aglomerar no recesso de fim de ano, Bolsonaro disse o seguinte: “Sem o voto impresso, posso dar adeus à reeleição”. Ele sabe que não haverá voto impresso porque o Congresso não aprovará e o Supremo Tribunal Federal já vetou.
Portanto, fica a impressão de que prepara terreno para incitar seus apoiadores a considerarem fraudulenta a eleição para a eventualidade de ele vir a ser o primeiro presidente brasileiro, dos quatro desde a vigência da eleição, a não conseguir o segundo mandato.