Há concordância geral: o primeiro turno da eleição municipal fez emergir um Jair Bolsonaro cercado de derrotas, mostrou uma troca de guarda nos atores da esquerda, marcou a recolocação do centro no cenário e revelou um eleitorado avesso a invencionices.
Bem, o consenso só não é total porque o presidente da República segue transitando no terreno da realidade paralela quando diz que a esquerda sofreu “uma derrota histórica” e avalia que “a onda de 2018 veio para ficar”. No quadro de hoje, sem pretender projetar nada para os próximos dois anos, não aconteceu nem uma coisa nem outra.
Ainda será preciso conferir qual será a posição do PT sobre a trajetória descendente confirmada pelas urnas, para saber se o partido continuará como o habitante do mundo da lua que ignorou o ambiente real em volta para se concentrar nas quimeras da defesa da inocência de Lula e de uma candidatura do ex-presidente, coisas que não vão acontecer.
As urnas de domingo (15.11) mostraram-se muito mais realistas e equilibradas que os dois comandantes das forças antagônicas de 2018. Se não quiserem ou não puderem com urgência se atualizar, ambos correm o risco de serem atropelados pelo tempo. O PT aos 40 anos de vida e Bolsonaro na condição de um rio que passou na vida política do Brasil.