Governismo de ocasião
Votos de oposicionistas na PEC dos Precatórios não significa apoio a Bolsonaro
Soa rasa e apressada a interpretação de que os (muitos) votos dados por deputados de partidos de oposição em favor da PEC dos Precatórios, na madrugada da última quinta-feira, 4, demonstre a “infiltração” de bolsonaristas nas legendas que se dispõem a impedir a reeleição do presidente em 2022.
Esses parlamentares favoreceram o governo sim, pois ajudaram o Planalto a abrir o caminho para ter uma dinheirama (mais de R$ 90 bilhões) para gastar no ano eleitoral. Do ponto de vista da política macro, bobearam. Mas, no panorama “micro” dos interesses imediatos, foram mais oportunistas que propriamente governistas.
Ficaram com receio de ficar com o ônus de terem se recusado a proporcionar a renovação do programa Bolsa-Família o valor de R$ 400, mas, sobretudo, puseram os olhos nas gordas verbas prometidas a estados e municípios, nos recursos das emendas parlamentares e nos bilhões previsto para o fundo eleitoral.
Com a repercussão extremamente negativa e os questionamentos na Justiça, o segundo turno da votação marcado para a próxima terça-feira, 9, pode não seguir a tradição de confirmação do já aprovado na primeira rodada.
Se passar, a batalha no Senado será difícil para o governo que, no mínimo, terá de aceitar modificações profundas no texto original.