O destaque da entrevista de João Doria ao Amarelas On Air nesta segunda-feira, 4, não foi a declaração de que ele pode desistir da candidatura a presidente, se vencer as prévias do PSDB, em prol de uma aliança mais ampla. Tal afirmação não deve ser comprada pelo valor de face. É meramente tática.
O ponto de fato importante e que traz uma novidade foi o ataque do governador de São Paulo aos apoiadores da postulação do adversário interno, Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. O paulista, eleito em 2018 com o lema “Bolso-Doria”, pregou com força na testa dos apoiadores de Leite a pecha de “bolsonaristas”.
João Doria acertou em Leite, mas estava mirando mesmo é no deputado Aécio Neves (PSDB-MG), principal articulador da candidatura do gaúcho e cujo grupo político tem se aliado ao presidente Jair Bolsonaro.
A contraposição de São Paulo a Minas, os dois maiores colégios eleitorais do país, pode deixar sequelas maléficas seja quem for o vencedor das prévias, pois alimenta a divisão interna e dificulta a unidade do PSDB em torno de um candidato do partido que já viu esse filme (e não gostou do final) nas eleições perdidas por José Serra e Geraldo Alckmin.