A Operação Lava Jato, iniciada há sete anos, uma hora teria mesmo de acabar. O ideal, porém, é que morresse de morte morrida — depois de esgotada sua função — e não de morte matada como ocorreu agora com o fim da força tarefa de Curitiba, seu núcleo inicial, mais ativo, produtivo e, sobretudo, simbólico.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pode até ser apontado como autor material do crime (sim, é um crime ainda que como metáfora), mas os mandantes são vários: sentam praça no Congresso, no Palácio do Planalto, nos partidos de direita e de esquerda, e até no Supremo Tribunal Federal.
A Lava Jato sai de cena quase que como vilã, numa inversão completa de valores. Diz-se que ela desmoralizou a política e arrasou com empresas quando, na realidade que desmoralizou a política e arrasou com empresas foram os crimes (aqui, sim, no sentido literal) cometidos por políticos e empresários.
Sem o instrumento mais eficaz (174 condenações e mais de R$ 4 bilhões devolvidos ao Estado) aos costumes putrefatos do conluio malsão de negócios públicos misturados aos privados, o que sobra é a oportunidade de o governo alegar que não há corruptos sob sua gestão.
Com o insulto à credibilidade da Lava Jato produziu-se um eloquente elogio à corrupção.