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Doria no labirinto

O governador vem perdendo terreno dentro do partido e chega a um mês do encontro marcado para 21 de novembro próximo à condição de quase azarão

Por Dora Kramer Atualizado em 22 out 2021, 09h54 - Publicado em 22 out 2021, 06h00

Favorito absoluto quando o PSDB marcou a realização de consulta prévia para escolher o candidato à Presidência da República, o governador de São Paulo, João Doria, vem perdendo terreno dentro do partido e chega a um mês do encontro marcado para 21 de novembro próximo à condição de quase azarão.

Trocou de posição com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, um novato cuja projeção até outro dia era restrita ao âmbito regional e que entrou na disputa sob o signo do descrédito. No momento, Leite desponta como predileto. Menos por seus méritos, ainda desconhecidos, e mais pela antipatia que Doria atrai para si. Justa ou injustamente, não é essa a questão.

O governador de São Paulo tem “entregas” inequívocas e reconhecidas. Dispõe de bom mostruário do ponto de vista da administração do estado e por isso sua gestão é bem avaliada. Foi muito diligente na contratação e produção da vacina CoronaVac, tendo, assim, dado início à imunização no país e obrigado o governo federal a sair do imobilismo negacionista.

Além disso, João Doria tem o atributo essencial da vontade que vem demonstrando ao se colocar como postulante ao Planalto sem titubeios ou dissimulações. Um ativo considerável, que pela lógica deveria repercutir nos índices de intenção de votos para presidente em 2022 atraindo apoios num universo político ora ansioso pela busca de alternativas à dicotomia Jair Bolsonaro/Luiz Inácio da Silva, e carente de opções factíveis.

Mas não é o que acontece, ao contrário. O índice “nanico” nas pesquisas (de 4% a 5%) não é determinante a essa altura dos acontecimentos. Há muita água a rolar daqui até o início efetivo da campanha, a eleição ainda é assunto de políticos e jornalistas, o brasileiro não está mobilizado para a disputa. A pandemia, a inflação, o desemprego, a volta da carestia são as questões centrais.

“Dono de forte ‘capital’, o governador perde terreno para o novato Leite dentro e fora do PSDB”

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São argumentos usados por Doria para explicar a razão de não ter deslanchado. Verdadeiras, tais alegações poderiam até relegar as pesquisas a uma condição de irrelevância temporária, não fosse um fator decisivo na construção de uma candidatura presidencial: João Doria não agrega ou, por outra, desagrega quando seu nome é posto na mesa das articulações político-partidárias. Isso dentro e fora do PSDB.

Em tese, a escolha interna do candidato e as negociações com outras legendas seriam duas etapas distintas, mas no caso elas se misturam e influenciam uma à outra. No ambiente intramuros do tucanato, os dirigentes das bancadas parlamentares federais e a velha guarda, os “pais-fundadores” do partido, atuam na prévia marcada para novembro de olho no momento seguinte: o da viabilização de uma candidatura ou da formação de alianças com a possibilidade de ceder a cabeça da chapa.

Aqui residem pontos cruciais desfavoráveis a João Doria. De saída, sabe-se que ele não desistiria, se necessário, em prol de outro nome mais bem posicionado na cena, enquanto Eduardo Leite já sinalizou positivamente nessa direção.

Devido à inflexibilidade e ao que é visto como gosto pelo atrito por parte do paulista (“não precisamos de um galo de briga”), partidos como o PSD, o União Brasil (produto da fusão DEM/PSL), MDB e Solidariedade, considerando os já sondados, informaram à cúpula do PSDB que com Doria no páreo não haverá jogo.

Internamente, a situação é bem complicada para ele. São Paulo tem o maior poder no colégio da prévia, 26% dos votos. Ocorre que o diretório regional não está fechado com o governador, contra quem atua gente como José Serra e Geraldo Alckmin, ambos ex-governadores e com influência junto a prefeitos, vereadores e deputados. No restante do país, Eduardo Leite obteve compromisso do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Ceará, de onde uma figura de peso como o senador Tasso Jereissati se empenha pela vitória do gaúcho.

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Significa que a parada está perdida para Doria? De jeito nenhum. O governador de São Paulo tem recursos para, digamos, estancar a sangria. Trabalha nisso, ciente de estar diante de um desafio inimaginável para quem, dizendo-se “filho das prévias”, imaginava-se imbatível.

A realidade mostrou-se adversa a João Doria, que disso, aliás, deu notícia quando “piscou” ao tentar fugir do primeiro debate e ao questionar a lisura do processo digital de votação.

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA de 27 de outubro de 2021, edição nº 2761

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