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Desobediência incivil

Aqui, Cristiano não é Ronaldo. E significa traição

Por Dora Kramer Atualizado em 10 ago 2018, 07h00 - Publicado em 10 ago 2018, 07h00

Primeiro, um pouco de contexto histórico: mineiro, deputado federal, candidato do PSD à Presidência em 1950, Cristiano Machado concorreu com Eduardo Gomes (UDN) e Getúlio Vargas (PTB). Perdeu a eleição para Getúlio, que levou boa parte dos votos do PSD, partido que abandonou seu candidato oficial à própria (falta de) sorte.

Daí o termo “cristianização”, usado no dicionário político para significar deslealdade partidária em processos eleitorais. Matéria-prima muito presente nas disputas neste Brasil de partidos pouquíssimo representativos e sem nenhuma regra de conduta para os correligionários. Ou nenhuma que tenha sido ou seja levada a sério; até foram feitas tentativas aqui e ali de organizar o baile, mas caíram todas no vazio.

Não é novo esse ambiente de tempo de murici em que cada um trata de si, mas, nesta eleição geral de agora, a coisa assume uma proporção gigantesca, é aceita com a mais absoluta naturalidade e faz de previsões sobre resultados uma tarefa de altíssimo risco de erro crasso. Ainda não é uma constatação clara, mas na prática essa permissividade torna letra morta as decisões tomadas nas convenções partidárias.

Como na realidade não se respeitam as escolhas, as convenções acabam sendo peças de ficção com a única tarefa de cumprir exigência legal. Saindo dessas reuniões meramente cartoriais, cada um faz o que bem entende, pouco se lhe dando o que a maioria do partido decidiu. Entre tantos outros, esse é mais um fator de desmoralização e aprofundamento da fragilização das legendas.

A barafunda é tamanha e está de tal modo institucionalizada que ninguém se espanta. Há, no noticiário, apenas o registro da ausência total de cerimônia, mas já não se veem mais sustentações críticas a isso. Nem no espaço digital, em que tantos se posicionam a respeito de tudo e todos, nem em análises mais criteriosas sobre o cenário eleitoral.

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Fica, então, combinado que não há nada de mais em petistas se unirem a partidos e candidatos que outro dia mesmo chamavam de golpistas, bem como passa a ser perfeitamente aceitável a ação de legendas do Centrão que, mal firmaram aliança com Geraldo Alckmin, já saíram anunciando apoio a candidatos adversários do tucano. E sem causar especial espécie.

São inúmeros os casos país afora. Exemplo dos mais escancarados é o Nordeste, onde os velhos mandachuvas ignoraram as decisões dos respectivos partidos para correr atrás de nacos da herança de Lula. E o MDB? Aprovou Henrique Meirelles com 85% dos votos da convenção enquanto negociava apoios, digamos, informais com qualquer um que lhe pareça ou venha a lhe parecer em condições de chegar lá. Meirelles é o Cristiano Machado-­mor da vez.

As alianças oficialmente sacramentadas servem para o de sempre: aumentar espaço no horário eleitoral e dar impressão inicial de força. Fora isso, nada. Ninguém respeita ninguém, decisão não vale nada. No fim, a maioria quer mais é eleger deputado e senador para garantir força no Congresso a fim de que fique tudo como está. Ou pior.

Publicado em VEJA de 15 de agosto de 2018, edição nº 2595

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