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Cor de laranja-choque

Ao contrário de Fabrício, Francenildo explicou de pronto o dinheiro

Por Dora Kramer Atualizado em 14 dez 2018, 07h00 - Publicado em 14 dez 2018, 07h00

Na política, reza o dito, o que precisa ser explicado é complicado. Quando não há explicação convincente e consistente, avizinha-se a evidência de que alguém está bem enroscado. É o caso agora de Jair Bolsonaro & família e o nebuloso episódio do policial Fabrício Queiroz, que movimentou 1,2 milhão de reais em sua conta bancária entre os anos de 2016 e 2017, enquanto trabalhava como motorista para o deputado Flavio Bolsonaro, hoje senador eleito.

Pode ser que no momento em que o senhor e a senhora estejam lendo este texto o ex-assessor de quem o presidente eleito se diz amigo há quarenta anos já tenha se pronunciado a respeito. Se o fez e esclareceu, tanto melhor. Se não, estará se dando ao desfrute da segunda semana consecutiva em silêncio desde a divulgação do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre depósitos e saques incompatíveis com a renda e a atividade profissional do autor.

A título de comparação, rememoro a história do caseiro Francenildo Santos Costa, que há doze anos testemunhou a presença frequente do então ministro da Fazenda numa casa de lobby e outras atividades em Brasília, cuja existência Antonio Palocci dizia desconhecer. Mediante quebra ilegal de sigilo bancário, Francenildo foi acusado de receber suborno para dar aquela declaração. Isso foi numa tarde de sexta-feira. Pois no início da noite o caseiro já desmontava a farsa exibindo o recibo de 24 900 reais dados por seu pai biológico. Sem margem para dúvidas, o ministro foi demitido.

As coisas são assim: quando há justificativa, o fato fala. Quando não há, as versões sussurram e a suspeita prospera. Por exemplo, a de que Fabrício Queiroz esteja recolhido sob a proteção do antigo chefe, filho do amigo a quem, na condição de presidente eleito sob a égide do repúdio às transgressões na política, deveria primordialmente interessar a exposição de razões lícitas para um funcionário de médio escalão movimentar tanto dinheiro com saques e depósitos em datas coincidentes com os pagamentos a servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde dava expediente no gabinete de Flavio Bolsonaro.

Há dias circula a suposição de que haveria ali no mínimo um sistema de pagamento de pedágio, prática pela qual os contratados em cargos de confiança de um gabinete repassam ao chefe parte do salário recebido. Comete-se essa ilegalidade habitualmente, o que não a transforma em coisa lícita. Como os envolvidos fecharam-­se em copas, fica autorizada qualquer ilação ainda mais grave.

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Compreende-se que o futuro ministro da Justiça e responsável pelo Coaf, Sergio Moro, não queira abrir confrontos públicos. Mas, dada sua especialíssima condição de fiador do combate à corrupção, o mutismo do ex-­juiz recende a conivência, o que não dá boa notícia sobre sua autoridade nas novas funções.

Se a ideia daqueles direta e indiretamente envolvidos é esquivar-se apostando que o caso vá esfriar, convém ir se acostumando: a intolerância tem mão dupla e vale para o bem e para o mal.

Publicado em VEJA de 19 de dezembro de 2018, edição nº 2613

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