Sérgio Moro fez discurso de candidato a presidente da República na cerimônia de filiação ao Podemos, mas isso não significa que será esse o destino dele na vida política que agora inaugura. Todos os pretendentes ao Planalto nessa altura entram no jogo desse modo. Em princípio, ninguém faz por menos e Moro não fez diferente.
Prometeu mundos e fundos, dentre os quais erradicar a pobreza no Brasil. Note-se, não falou em amenizar ou reduzir, mas em acabar com a existência de uma condição social adversa presente no planeta todo, até nos países mais desenvolvidos. Donde sua fala soou voluntarista com pitadas de ingenuidade — “achei que a lava jato acabaria com a corrupção” — típicas de um cristão-novo.
Foram tão amplas e genéricas as promessas para as quais não deu uma pista sequer sobre o caminho para alcançá-las, que fica a dúvida sobre se sua intenção é realmente viabilizar uma candidatura à Presidência.
No mundo política certamente o discurso não contribuiu para reduzir desconfianças e desaprovações, dada a atitude de candidato a justiceiro dotado de capacidade de resolver todas as mazelas, muitas delas decorrentes “da degeneração da classe política”.
No eleitorado, Moro pareceu apostar excessivamente na credulidade das pessoas nesse tipo de pretendente a herói. Desse modo, mostrou-se verde na política e ainda completamente referido na figura do magistrado cujo único fator de direção é o próprio juízo a respeito do certo e do errado.