Caldo de (in)cultura
Pesquisa sobre apoio a controle de verbas culturais deve ter animado Crivella e Doria
Um dado da mais recente e extensa pesquisa do Datafolha passou mais ou menos batido pelo crivo dos analistas, mas parece ter sido detectado pelos radares do prefeito do Rio e do governador de São Paulo. Na consulta do instituto 45% dos pesquisados concorda com a ideia de que o presidente Jair Bolsonaro deve decidir pessoalmente quais as obras culturais que devem receber incentivos oficiais.
Talvez não seja apenas uma coincidência o fato de na mesma semana da divulgação da pesquisa Marcelo Crivella ter ordenado a apreensão de um gibi na Bienal do Livro por causa do retrato de um beijo entre dois rapazes e João Doria mandado recolher uma cartilha que reproduz texto do ministério da Saúde sobre identidade de gênero.
Expuseram-se ao ridículo e a pancadas generalizadas, mas provavelmente o fizeram com risco calculado de olho na expressiva e espantosa parcela de pessoas que não veem problema nesse tipo de atitude. Pode ser que não liguem o nome (censura) às pessoas dos governantes. Ou talvez façam a ligação, o que revela substantiva presença de gene autoritário na população.