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Bom dia a cavalo

Pior que cada um dizer uma coisa é Bolsonaro não falar coisa com coisa

Por Dora Kramer Atualizado em 11 jan 2019, 07h00 - Publicado em 11 jan 2019, 07h00

Desacertos ocorrem em qualquer início: de namoro, de amizade, de profissão e mesmo de um texto que demora a engrenar. A tentativa e o erro até o alcance do acerto são normais. Mal comparando, em se tratando de governos é quase da mesma forma. O “quase” aqui faz toda a diferença, porque de governantes não se espera que sejam aprendizes.

A expectativa é que cheguem ao cargo que almejaram capacitados para tal. Foi assim, preparado para “dar um jeito” no Brasil, que Jair Bolsonaro se apresentou ao eleitorado, mas não tem sido assim que vem se apresentando à nação em seus primeiros dias como presidente da República. Governos antecessores também produziram confusões no começo, embora nenhum deles tenha exposto de maneira tão explícita e contundente o despreparo do chefe e de alguns integrantes da equipe que se dispõe a administrar a máquina pública pelos próximos quatro anos.

Os desencontros de declarações sobre atos e/ou intenções de governo francamente não são o mais grave. É ruim cada ministro ou assessor falar uma coisa. Mas o pior é o presidente não falar coisa com coisa: prega o fim da influência ideológica no governo e ao mesmo tempo atua de maneira profundamente ideológica. E não é só.

Onde já se viu um mandatário anunciar e lamentar a autorização para aumento de um imposto (sobre operações financeiras) que de fato não havia assinado? Ou admitir a cessão de parte do território nacional para a instalação de uma base aérea estrangeira que nem sequer estava em cogitação, conforme foi levado a esclarecer, ato contínuo, o general chefe do Gabinete de Segurança Institucional?

Em anos acompanhando a cena política de Brasília desde a redemocratização, tendo visto a confusão após a morte de Tancredo Neves, as maluquices de Fernando Collor, o esforço de Fernando Henrique para “segurar” os arroubos de Itamar Franco e o enganoso êxito dos populismos de Lula, francamente nunca presenciei nada nem de longe parecido em matéria de atuação presidencial.

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Se alguma semelhança se pode estabelecer, é justamente com o governo do PT: a escolha de um chefe da Casa Civil (Onyx Lorenzoni) tão arrogante e dado a chiliques quanto José Dirceu e a nomeação de um chanceler tão alinhado às próprias convicções (Ernesto Araújo) e distante das conveniências do país quanto o ministro das Relações Exteriores do PT, Celso Amorim. Com a desvantagem de que um era antigo embaixador convicto de suas ideias retrógradas e o outro mais parece um neófito ávido por se mostrar erudito.

Tempo para se corrigir, Bolsonaro tem. A questão é saber se dispõe também de consciência, competência e percepção de que, se não se organizar, não formatar a comunicação e não adaptar suas fantasias de campanha à realidade de governo, em breve perderá seus mais vistosos auxiliares (nomeadamente Paulo Guedes e Sergio Moro), cujos compromissos com o erro têm prazo de validade, e estará no comando de um governo fadado necessariamente à reforma profunda. Se quiser prosseguir governando sem entregar de maneira explícita a tutela aos militares.

Publicado em VEJA de 16 de janeiro de 2019, edição nº 2617

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