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Ato de resistência

À maneira de Churchill, urge resistir ao avanço do crime no Brasil

Por Dora Kramer Atualizado em 16 fev 2018, 06h00 - Publicado em 16 fev 2018, 06h00

Carioca nascida no outono de 1955, acordei um dia deste verão de 2018 com espírito inglês inspirado no Winston Churchill do inverno de 1941, quando o primeiro-ministro, ao modo diplomático, acentuava a pressão sobre Franklin Roosevelt para a entrada dos Estados Unidos na campanha contra o avanço de Hitler na Europa.

Digo isso para falar da guerra que assola diariamente o Rio de Janeiro, onde moro e pretendo continuar morando a despeito da criminalidade que toma conta da cidade e remete, sem exagero, à ocupação nazista na Paris da II Guerra. Cá, como lá, resistir é preciso. Fugir não é uma opção. Os invasores não podem vencer; expulsá-los é a tarefa na qual devemos estar todos empenhados.

Do poder público pouco se pode esperar. Governos estaduais, prefeituras e União enxugam gelo numa batalha inglória em que lutam desorganizados contra a bandidagem nacionalmente organizada. O diagnóstico é conhecido.

Ministro após ministro, da Justiça e/ou da Defesa, todos em tese sabem o que deve ser feito: mudanças profundas na legislação atual para início de conversa, direcionamento de recursos suficientes e criação de uma estrutura para a ação coordenada, em âmbito nacional, de polícia, Ministério Público, Judiciário e sistema penitenciário. Hoje cada um fala uma língua, sem que consigam se expressar no mesmo idioma.

Reina o caos na segurança pública. Não só no Rio de Janeiro, a quinta cidade no ranking brasileiro de criminalidade, mas a mais visível delas e, segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, um caso clássico de intervenção federal. Pior: não é o único. Há vários, e para citar só um vamos ao Rio Grande do Norte, onde uma recente paralisação de policiais não foi considerada greve porque eles simplesmente não tinham condições de trabalhar. Entre outras deficiências, há doze anos não é feito concurso no estado para a contratação de policiais militares.

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E por que a União não intervém? Porque não há dinheiro para sustentar uma intervenção na prática e também porque há sempre uma reforma constitucional na pauta, situação em que são vedadas intervenções federais, muito embora tais reformas não se realizem.

Resta, portanto, a reação da sociedade, cuja inação por longo tempo permitiu que a situação se agravasse no decorrer dos últimos anos. Sim, somos responsáveis. Na década de 90, um chefe de polícia chamado Hélio Luz dizia o seguinte: “Não adianta Ipanema fazer passeata contra o crime de dia se de noite cheira toda a cocaína disponível no morro mais próximo”.

É isso. Não consumir e, sobretudo, resistir, deixando de sacralizar a bandidagem, como era moda há alguns anos, com atitudes que colaboravam com o crime, desde a condescendência com os capitães do jogo do bicho até a aceitação das “comunidades” como territórios sagrados onde a polícia e a lei não tinham vez. Esse tempo acabou. Hoje em dia se trata de saber que o tráfico é o inimigo e nunca, jamais, se unir a ele por quaisquer laços, pois todos eles serão nefastos.

Publicado em VEJA de 21 de fevereiro de 2018, edição nº 2570

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