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A segurança domina a cena

O debate sério enfraquece o discurso tosco de Bolsonaro

Por Dora Kramer Atualizado em 13 mar 2018, 10h36 - Publicado em 9 mar 2018, 06h00

Nos últimos tempos várias coisas têm acontecido pela primeira vez no Brasil: presidente denunciado com sigilo bancário quebrado, ex-presidente quase preso, muita gente do primeiro escalão do colarinho-branco na cadeia, ações efetivas da Justiça e da polícia em volume notável, enfim, uma série de inovações entre as quais se inclui a intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro.

Até a decisão federal de intervir no apodrecido setor, a corrupção tinha tudo para dominar a cena na campanha eleitoral. Com alguma dificuldade por parte dos políticos de encaminhar o debate, em função da quantidade e amplitude partidária de excelências direta ou indiretamente envolvidas nas investigações de falcatruas, mas todos obrigados a se posicionar.

Não era e continua não sendo possível evitar o tema abordado em eleições anteriores de modo oblíquo ou sob a égide do farisaísmo aplicado à casa do vizinho, se adversário. A depravação dos costumes no manejo de recursos públicos em conjugação com interesses privados terá cadeira cativa em cena, mas, ao que tudo indica, na condição de coa­dju­vante da questão do crime violento, que tanta insegurança impõe ao cotidiano dos cidadãos. Cariocas, paulistas, potiguares, capixabas, soteropolitanos, alagoanos, maranhenses, brasileiros.

A intervenção federal no Rio deu margem à interpretação de que a ideia do presidente Michel Temer era fazer da segurança uma plataforma de propaganda eleitoral. Pode até ter sido essa a intenção, embora não faça muito sentido um governante comprometer-se com assunto tão complicado e de resultados tão incertos, acreditando em benefícios certos.

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Mais cômodo para ele teria sido fazer como os antecessores Fernando Henrique, Lula e Dilma. Dar uma enrolada com o anúncio de planos logo esquecidos quando passado o impacto de episódios socialmente comoventes e deixar a vida seguir sob a égide da justificativa de sempre: a função constitucional da segurança pública é dos estados. Sim, e daí? O Congresso faz emendas à Constituição mais a torto que a direito (foram mais de 100 desde 1988) e poderia muito bem fazer mais uma devolvendo a tarefa à União.

Mas isso dá um trabalho danado, que presidentes nos nossos moldes não querem ter. Portanto, não foi Temer quem escolheu a segurança, foi a insegurança nos píncaros que impôs sua agenda a Temer. E foi ótimo que assim ocorresse. Finalmente a tão relegada segurança pública conseguiu o indispensável protagonismo.

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Os candidatos, a deputado, senador, governador e presidente, serão obrigados a entrar com seriedade no debate se não quiserem ser engolidos pela familiaridade do público com um assunto refratário a enganações por vasto e íntimo conhecimento de causa.

E o melhor de tudo fica agora para o fim: debates consistentes tendem a esvaziar o discurso tosco de Jair Bolsonaro, que defende o mata e arrebenta mas não põe a sociedade nem as autoridades de frente para as efetivas e reais necessidades indispensáveis ao combate ao crime, à defesa dos direitos e garantias do brasileiro comum.

Publicado em VEJA de 14 de março de 2018, edição nº 2573

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