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Por Laryssa Borges
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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Fla-Flu por vacina não pode brincar com desespero da população

Se o governo estima que saberá a eficácia da CoronaVac até o dia 15, não passaria maior segurança se tornasse pública primeiro a eficiência do imunizante?

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 dez 2020, 11h20 - Publicado em 8 dez 2020, 09h21

7 de dezembro, 13h15: O mundo comemorou quando anunciaram eficácias de 95% para a vacina da Pfizer, 94,5% para a da Moderna e de até 90% para a do consórcio Oxford/AstraZeneca. Como voluntária, eu mesma já perguntei dezenas de vezes aos pesquisadores dos estudos clínicos em que dia e mês poderemos ter uma substância que enfim faça frente ao novo coronavírus. As respostas nunca são definitivas, e o motivo é muito simples: os ensaios precisam comprovar a eficácia dos imunizantes e serem vistos e revistos por órgãos sanitários antes de as doses poderem ser aplicadas na população. Lembram de como a AstraZeneca caiu temporariamente em desgraça por não ter explicado com clareza o motivo de parte dos pacientes ter apresentado maior imunização mesmo depois de terem recebido erroneamente meia dose de vacina?

Por isso, minha reação foi de incredulidade quando o governo de São Paulo anunciou que começará a vacinar a população – residente ou não no estado – a partir do dia 25 de janeiro. Não é pessimismo nem mau agouro (afinal, quanto mais imunizantes seguros e certificados, melhor), mas o Fla-Flu pela aprovação da CoronaVac assusta pela precipitação. Em um país alimentado por eficientes negacionistas e mascarofóbicos, não precisamos de atitudes que, a pretexto de estarem em outro espectro político, possam colocar sob suspeição a segurança e confiança nas vacinas que estão sendo produzidas. Porque politizar uma situação tão sofrida como a que vivenciamos na pandemia, de um lado e de outro, abre caminho para que se deixem em segundo plano os estudos científicos que buscam antígenos contra a Covid-19.

Se o governo de São Paulo estima que saberá a eficácia de sua CoronaVac até o dia 15 de dezembro, não passaria maior segurança aos brasileiros se tornasse pública, primeiro, a eficiência do imunizante para depois anunciar que pediu aval da Anvisa e estabeleceu até prováveis datas de vacinação? Deixo para os analistas políticos considerações sobre a escolha da data de 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo, para o início da aplicação das doses. Como voluntária, temo promessas de uso imediato de vacinas que ainda não estão prontas nem devidamente testadas.

Para não achar que estava fazendo tempestade em copo d’água, conversei sobre o assunto com a epidemiologista Denise Garrett, vice-presidente do Sabin Vaccine Institute. “Não só os cientistas, mas o público em geral tem que ter certeza de que, quando um órgão regulador como a Anvisa aprova uma vacina, ele está aprovando com base em evidências. O que estamos vendo com a CoronaVac é marcar data de vacinação sem ter publicados os resultados e sem ter entrado com o pedido de aprovação. É emparedar a Anvisa, fazer um tipo de bullying que não cabe em uma situação dessa. A Anvisa tem que ser independente tanto do Jair Bolsonaro quanto do João Doria. E embora se tente usar a população para fazer pressão, a agência tem que estar isenta para tomar uma decisão sem viés para nenhum dos lados”.

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