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Por Laryssa Borges
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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Esqueçam o velho slogan “O Ministério da Saúde adverte”

Enquanto a União Europeia discutia um contrato para adquirir até 400 milhões de vacinas da Janssen, o Brasil colocava a tropa para produzir cloroquina

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 jan 2021, 09h28

18 de janeiro, 19h06: Muitos anos antes da existência da pandemia que paralisou o mundo em 2020, o Ministério da Saúde considerava ter “autoridade indiscutível (…) para informar sobre a natureza dos malefícios à saúde” e se impunha o papel de coibir a “indução ao consumo de produtos pela propaganda indiscriminada”. Isso em 24 de março de 1995, quando a pasta hoje comandada pelo general Eduardo Pazuello listou os motivos para tomar a dianteira na condução de campanhas antitabagistas em todo o país e inaugurou o célebre slogan “O Ministério da Saúde adverte” estampado em maços de cigarro. Naquela época e nos anos seguintes, quando o Ministério da Saúde advertia, era caso de advertência mesmo. Até nos depararmos com a algazarra instituída pela combinação entre pandemia e autoridades avessas à ciência. E com o direcionamento de órgãos estatais para que nos entupíssemos, tal qual uma seita, de comprimidos de cloroquina, antibiótico, vermífugo e zinco.

Enquanto os corpos de mais de 210.000 brasileiros se empilham diante dos negacionistas, é mais do que prudente colocar as barbas de molho cada vez que o militar especialista em logística sacar seu receituário de enfrentamento do vírus e de distribuição das vacinas. Até hoje está no aplicativo desenvolvido pelo ministério para orientar a população sobre a Covid-19: “para pessoas saudáveis, use uma máscara somente se você estiver cuidando de uma pessoa com suspeita de infecção por coronavírus”. Errado.

Depois da imunização da enfermeira Monica Calazans, que recebeu sua primeira dose de CoronaVac na noite de domingo, diversas cidades começaram a aplicar vacinas em seus residentes. Começaram – apesar do Ministério da Saúde. Para tentar se eximir da enorme tragédia em que nos meteu, nas explicações de Eduardo Pazuello sobrou de tudo um pouco: culpa do fuso horário entre Brasil e Índia pela dificuldade de negociação de um lote de 2 milhões de doses da vacina de Oxford ao Brasil; juras de que nunca recomendara tratamento precoce contra a Covid-19, apesar de desde maio passado a pasta listar até as dosagens dos medicamentos sem eficácia; promessas de que tudo fez para garantir à cidade de Manaus, sufocada pela falta de oxigênio hospitalar, condições de lidar com um sistema de saúde em colapso.

Como voluntária em busca de mais uma vacina contra a Covid-19, dentro de uma semana serei submetida a novos testes para ver se desenvolvi anticorpos após receber a dose experimental da Janssen e para confirmar se meu sistema imune continua enviando sinais para combater o novo coronavírus. O imunizante que estou testando, aprovado com louvor nas fases 1 e 2 do ensaio clínico, deve ser apresentado ao FDA, o equivalente à Anvisa dos Estados Unidos, dentro de poucas semanas, disse Anthony Fauci, o maior especialista americano em doenças infecciosas.

Elaborado em dose única e possível de ser conservado em temperaturas como as de geladeira, ele seria ideal para países continentais e economicamente desiguais como o Brasil. Mas receberemos apenas um pequeno lote residual porque o governo brasileiro não reservou com antecedência as doses em desenvolvimento. Enquanto a União Europeia fechava contrato para adquirir antecipadamente até 400 milhões de ampolas da Janssen, o Brasil colocava a tropa para produzir o equivalente a 18 anos de estoque de cloroquina.

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