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Por Laryssa Borges
A repórter Laryssa Borges, de VEJA, relata sua participação em uma das mais importantes experiências científicas da atualidade: a busca da vacina contra o coronavírus. Laryssa é voluntária inscrita no programa de testagem do imunizante produzido pelo laboratório Janssen-Cilag, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.
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Apreensões antes da primeira dose

A chegada à clínica para a vacina e um episódio que poderia ser a primeira somatização precoce

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 nov 2020, 21h16 - Publicado em 17 nov 2020, 20h25

Poucas pessoas sabiam previamente que me tornaria voluntária nas pesquisas em busca da vacina. Me preparo emocionalmente para a pesquisa clínica, que consiste basicamente em injetar um vírus atenuado da influenza, chamado de adenovírus 26, com uma parte da proteína S (de spike, ou o espinho da coroa do coronavírus). A ideia é que o corpo humano reconheça a presença do pedacinho de coronavírus e comece a produzir anticorpos.

O projeto no qual me inscrevi é a pesquisa da belga Janssen-Cilag, o braço farmacêutico da Johnson & Johnson. Nos primeiros dias, vão ser vacinadas quatro mil pessoas em todo o mundo – metade com o adenovírus 26 e metade com placebo. Se não houver nenhum efeito adverso severo, a pesquisa será ampliada para até 60 mil pessoas. São cerca de 1200 a serem vacinadas só no Rio, local do estudo do qual participo.

8h: Seis horas antes da aplicação da vacina. Tomo café enquanto vejo, do outro lado da janela, no Centro do Rio, três moças. Fumam, conversam e compartilham o batom. À direita, na recepção do hotel em que estou hospedada, dez pessoas (contei uma por uma, à distância) se amontoam em poucos assentos. No check-in, uma senhora negocia promover uma aglomeração no próprio quarto. Tenta convencer o recepcionista a autorizar quatro hóspedes em um dormitório em que cabem dois. “Lo-ta-do, lo-ta-do, lo-ta-do”, diz o funcionário do hotel. Improvisou um lenço no rosto, que teima em cair e deixar o nariz descoberto.

9h13: Começa uma coriza. Nem tomei a vacina ainda e já estou somatizando? Não, deve ser uma reação normal ao ar condicionado do quarto do hotel.  A coriza, que passa assim que deixo o ambiente, não está na lista de efeitos colaterais mais comuns para aqueles que tomam vacinas experimentais. Febre, dor no corpo, fadiga, cansaço, náusea, dor no local de aplicação do imunizante e diarreia são as manifestações que, segundo o doutor Russo, podem acontecer com mais frequência.

13h14: Bairro da Glória, Rio. Chego à clínica para me submeter à vacina. Num raio de cerca de 60 metros, pessoas passam como se não houvesse pandemia – as máscaras vão no queixo, na testa, cobrindo corretamente o nariz e a boca ou simplesmente não existem. Elas provavelmente não sabem que, no segundo andar do prédio em frente, voluntários como eu se submetem a testes para a vacina contra a Covid. Faltam poucos minutos para eu entrar na clínica, no horário marcado de duas da tarde, e dar uma micro contribuição para a corrida global em busca de um imunizante. Até cinco pessoas por dia serão vacinadas no estudo clínico, um projeto com duração de dois anos e um mês. Haverá monitoramento presencial dos voluntários periodicamente e monitoramento diário por meio de um aplicativo específico. Se tudo der certo, as futuras vacinas serão aplicadas primeiro a grupos específicos da população: os mais vulneráveis e profissionais de saúde e de segurança. O momento mais aguardado se aproxima.

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