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Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein
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Vacinação e medidas contra a pandemia precisam acelerar

Há um grande trabalho à frente para encontrarmos o ritmo que a imunização está seguindo em outros países

Por Claudio Lottenberg
15 mar 2021, 17h41

O Brasil se encontra numa posição tristemente inédita em sua história no cenário internacional: a forma como o combate à pandemia se deu até aqui custou prestígio ao país. Mais que isso: o tornou uma causa de preocupação global à saúde.

Quem diz é a OMS (Organização Mundial da Saúde), agência especializada da ONU (Organização das Nações Unidas). Seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus, já disse que está “profundamente preocupado” com a evolução da Covid-19 por aqui e que, “a menos que medidas sérias sejam tomadas, a tendência de alta, que agora sobrecarrega o sistema de saúde (…) resultará em mais mortes”. No momento em que este texto estava sendo escrito, o Brasil contava 277 mil óbitos, com quase 11,5 milhões de casos confirmados. O representante da organização afirmou também que “se o Brasil não for sério [no combate à covid-19], vai continuar a afetar toda a vizinhança. Não se trata apenas do Brasil. Trata-se de toda a América Latina, e mesmo além”. Dados recentes do Iata (sigla em inglês para Associação Internacional de Transporte Aéreo) mostram que, de 150 países analisados, 17 baniram a entrada de passageiros que estiveram no Brasil antes da viagem ou vetaram voos vindos daqui.

Mas a avaliação não é só da OMS: especialistas do Brasil e de outros países têm apontado os erros do país na condução do combate à pandemia. Já são amplamente notórias as sistemáticas oposições não só às medidas restritivas – que, embora necessárias e eficazes, causam efeitos econômicos negativos, ainda que temporários –, mas a proteções básicas indispensáveis, como o próprio uso de máscaras. A vacinação caminha a passos muito lentos: menos de 5% receberam a 1ª dose de imunizante e menos de 2% receberam as duas.

Sempre é bom lembrar que não há remédio ou tratamento precoce contra a Covid-19. O que se pode fazer é respeitar as medidas sanitárias já por demais conhecidas: uso de máscara, higienização das mãos com água e sabão e álcool em gel e distanciamento social – e, no ponto em que estamos, restrições à circulação de pessoas e ao funcionamento de atividades econômicas não-essenciais. Este último ponto, aliás, é o que tem sido motivo de maiores polêmicas e das mais renhidas resistências.

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Mas já existem dados e literatura que mostram a eficácia do lockdown, tanto fora do Brasil como dentro. Aqui: Araraquara (250 km de São Paulo) decretou a medida em 21 de fevereiro, por dez dias, e até o último dia 10, a média móvel diária de novos casos na cidade caiu de 189,57 para 108 – redução de 43% – e o número de pessoas contaminadas com o coronavírus e que estavam em isolamento em casa recuou 58%. Fora do Brasil: em junho de 2020, um artigo na revista Nature sobre medidas tomadas em 1,7 mil diferentes localidades em Ásia, Europa e EUA sugeria que mais de 140 milhões de infecções haviam sido “evitadas ou adiadas” devido às restrições. Na contramão, o JAMA Internal Medicine (periódico da Associação Médica Americana) trouxe em dezembro a informação de que, na Califórnia, depois do período em que os habitantes do Estado tiveram de ficar em quarentena em casa, o excesso de óbitos (mortes acima do esperado) mais que dobrou.

Há um grande trabalho à frente para encontrarmos o ritmo em que a vacinação está seguindo em outros países. Também será preciso encarar o desafio de restringir o deslocamento de pessoas e o funcionamento das atividades econômicas para que se possa reduzir a pressão nos serviços de saúde. Tudo isso, além do claro benefício a ser entregue à população – que poderá assim se preparar para que a vida volte ao normal –, poderá recuperar para o Brasil seu papel ativo na comunidade global de países. O país tem excelência em programas de vacinação e condições de reassumir o protagonismo e o prestígio que lhe cabem. Para isso, precisa acelerar o combate à pandemia.

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