Números inflados da Covid-19? Era o que faltava!
Após 90 dias desde que o primeiro caso oficial foi detectado surge o questionamento sobre os dados da pandemia no Brasil
Com mais de 30 anos de atividade médica, assisti a todo um processo evolutivo de aquisição de conhecimento. As tabelas simples dos meus primeiros anos como profissional foram substituídas pelo mundo Excel. Hoje ganham maior robustez nos amplos bancos de dados que sustentam sistemas de informação presentes em cada pequeno estabelecimento de nosso país.
Um dos maiores desafios na busca da medicina de excelência, pautada por ferramentas de qualidade, nasce com o surgimento dos prontuários eletrônicos. Tanto que o programa estabelecido pelo ex-presidente americano Barack Obama – apelidado de Obamacare – tinha como estímulo a adoção de melhores remunerações, de acordo com a sofisticação da tecnologia de informação empregada.
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Clique e AssineMas os dados sobre a Covid 19 não têm nada de tão excepcional e não exigem grandes sistemas. Eles apenas registram dados diários com informações sobre o diagnóstico principal da internação, se confirmado ou não, e dados de óbitos.
Mas até nisso, nós no Brasil conseguimos nos complicar. Imaginei que, a esta altura, nossas autoridades estivessem tratando de forma objetiva do estabelecimento dos leitos de UTI nas regiões de maior vulnerabilidade. Ou que nas regiões de diminuição de número de casos novos, com infraestrutura hospitalar suficiente, estivéssemos buscando projetos inteligentes de retomada da atividade econômica. Ou que o país tivesse uma política de um projeto de testagem em massa capaz de responder com decisões seguras para detecção de casos ativos.
E então, após 90 dias desde que o primeiro caso oficial foi detectado, surge um questionamento novo: os números estariam superinflados.
Era só isso que faltava!