Clima de guerra avança nos bastidores das prévias do PSDB
João Doria e Eduardo Leite mantêm discurso mais ameno, mas aliados falam em "jogo baixo" e ameaçam levar a disputa aos tribunais
Abertamente, os pré-candidatos do PSDB à Presidência da República aliviam no tom das críticas. Sempre que apontam o dedo para o adversário, João Doria e Eduardo Leite o fazem depois de alguns elogios ou em declarações rodeadas de promessas de não levar a disputa para o lado pessoal. Mas quem acompanha nos bastidores a disputa pelas prévias do PSDB nota que o clima é cada vez mais agressivo entre os grupos que orbitam em torno dos dois governadores.
O embate mais recente se dá por conta da filiação de 92 prefeitos e vice-prefeitos. O objetivo, segundo a acusação, seria permitir que eles votem nas prévias, mesmo tendo sido incorporados à legenda fora do prazo estatutário, em 31 de maio.
Ontem, em entrevista ao Amarelas On Air, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, defendeu que a direção nacional apure as suspeitas. Ele disse que “certamente” haverá judicialização, caso a direção partidária permita que esses prefeitos participem da votação. Leite diz que são sólidos os indícios de que a filiação ocorreu fora do prazo. E aponta que a justificativa que ouviu – de que as filiações ocorreram em abril e maio, tendo sido apenas anunciadas em evento em julho – não o convenceu.
Mas Leite evitou atribuir as suspeitas de fraude ao governador João Doria, optando por destacar que o maior fator de disputa é o fato de terem estilos e propostas diferentes para o Brasil. O próprio Doria, também em entrevista ao Amarelas On Air, destacou as qualidades do rival e defendeu a unidade do partido uma vez concluídas as prévias.
O clima é bem mais tenso entre aliados de cada um dos governadores. Nesta terça-feira, um dia depois da entrevista de Leite ao Amarelas On Air, o presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, se queixou do que entende como “agressão” aos colegas de partido. Questionado pela coluna sobre a promessa de levar o assunto aos tribunais, o dirigente afirmou: “Agredir outros tucanos não é um bom caminho para a construção de uma candidatura no partido. Não consideramos correto ações de desagregam ou que desrespeitem o conjunto do partido.”
Em reservado, tucanos também trocam agressões, falam em “jogo baixo” e reforçam que a briga pode ir parar nos tribunais. O problema maior que acompanha esse cenário é que, independentemente de quem vencer as prévias, o partido terá que se unir se quiser demonstrar alguma competitividade na eleição presidencial. Geraldo Alckmin, que viu sua candidatura ruir em 2018 em meio a um embate interno com João Doria, que o diga.
Confira a íntegra da entrevista de Eduardo Leite ao Amarelas On Air: