Empresas e pacientes travam batalha pela regulamentação da cannabis
Nos bastidores, há muita movimentação para garantir o direito de se tratar e também de lucrar com o mercado da erva no Brasil
A consulta é pública, os interesses são privados. Por trás do debate aberto à sociedade promovido pela agência, há intensa movimentação de grupos interessados em lucrar com a regulamentação da cannabis medicinal no Brasil. No meio das discussões estão os pacientes que têm autorizações para cultivar, seja individualmente, seja em cooperativas, todas amparadas por habeas corpus obtidos no Judiciário. Em vez de se unir em torno de uma causa comum, os diversos atores acusam uns aos outros de amadorismo, deslealdade e falta de ética. Já ouvi até conversas sobre suborno, obviamente sem comprovação. Os pacientes estão desconfiados e com medo de serem obrigados a comprar da indústria. Algumas empresas relutam em aceitar que indivíduos possam ser autorizados a produzir seus próprios derivados de cannabis. Na proposta da Anvisa, apenas pessoas jurídicas seriam autorizadas a plantar. Mas nem todas concordam com isso e preferem continuar importando os produtos. A consulta pública se encerra nos próximos dias. A briga promete ir além. Estou acompanhando e volto ao tema em breve.
Cannabis na ONU
A Indeov, empresa que conecta médicos a pacientes e presta consultoria para internacionalização e entrada no mercado brasileiro, ficou entre os finalistas do país no Accelerate 2030, programa das Nações Unidas para aceleração de startups. Foram selecionadas 33 empresas de 12 Estados e a Indeov é a única, e a primeira, do ramo de cannabis medicinal. O objetivo do programa é escalar globalmente empresas em fase de crescimento que contribuam com um ou mais dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A seleção de Indeov não é apenas o reconhecimento ao trabalho da empresa, mas também uma sinalização concreta da ONU de que a cannabis medicinal vai trazer mais saúde e bem-estar para a população mundial.